Nas ruas, de novo
por Andre Trigueiro
O imponderável, novamente, dita os rumos da História. Ninguém previu. Ninguém sabe o que será. Mas há um movimento em curso. Isso é História.
O que leva uma tsunami de gente para as ruas desse jeito?
A pauta de reivindicações é difusa. Começou com a elevação da tarifa dos ônibus, alcançou o elevado custo assumido pelo país para sediar a Copa – e o superfaturamento de boa parte dos novos estádios – e se espraiou pelas múltiplas agendas (todas urgentes e oportunas) em favor da qualidade da saúde e da educação, do combate à corrupção etc.
As lideranças são pouco conhecidas, e não se pode atribuir a elas tamanho poder de arregimentar tanta gente.
Por que então tantos resolveram protestar agora?
O emprego da força máxima contra os manifestantes ajudou a fermentar a massa.
Balas de borracha disparadas a esmo, pimenta em forma de gás e bombas lacrimogêneas que perturbam os sentidos por longos minutos revelaram o despreparo de certos policiais para lidar com situações do gênero.
Mas a verdadeira arma não letal foram os celulares que fotografam, filmam e disparam mensagens nas redes sociais.
Flagrantes de ataques gratuitos contra manifestantes se transformaram rapidamente em novos virais.
E o Batalhão de Choque entrou em curto. Em algumas cidades, saiu de cena.
Alguns manifestantes – a minoria – cometeram atos de violência e depredação.
É gente que não entendeu ainda como as manifestações pacíficas são arrebatadoras.
Nesta segunda-feira, 17 de junho, multidões há muito tempo ausentes das ruas voltaram à ativa.
Ativo. Não mais passivo. Não nesta segunda-feira.
Um dia em que, provavelmente (poucos) políticos experimentaram um estado de graça. Em que (muitos) políticos ficaram sem graça. Em que todos os políticos aprenderam uma lição, de graça.
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