quinta-feira, 29 de março de 2012



Perante a adolescência

                                                                                                               Keila Lousada[1]
"É na adolescência que o espírito retoma a natureza que lhe é
própria e se mostra qual era." (Livros dos Espíritos - questão 385).
           Nos dias atuais, conviver com adolescentes nos lares ou nas instituições educacionais 
tem sido motivo de receio.
          Esses jovens, recém-saídos da infância, são vistos como seres de outro mundo,
 perdidos, sem salvação.
          Os pais os classificam como “aborrecentes” rebeldes, buscando nos
 consultórios especializados ou nas casas espíritas a explicação para esse
 jeito “jovem” de viver como se não existisse nada além deles mesmos,
 dos seus quartos, computadores, ou amigos...
         Acham, ainda, que o fato deles se vestirem com cores escuras ou 
usarem cabelos longos e coloridos, fazem deles seres deploráveis e estranhos.
         Muitos desrespeitam os filhos, com palavras duras e atitudes ásperas,
obrigando estes a serem como seus pais querem, como se fossem 
destituídos de direitos, gostos, vontades, identidade...
         Parece que esqueceram que suas funções são de educar, orientar, 
exemplificar e amar e, não apenas ordenar, ou ainda, massacrar e desorientar.
        Enquanto isso, os educadores falam sobre eles com indiferença, até 
desgosto mesmo, como se a tarefa de auxiliar na educação moral que lhes cabe, 
 não tivesse razão de ser.
       Infelizmente, no meio espírita nem sempre vemos pais e educadores
 comprometidos com o futuro dos nossos adolescentes.
       Ontem, foram crianças confiadas a nós, para que conduzíssemos 
ao caminho do bem, através das lições do Mestre Nazareno. 
Tivemos bastante tempo, talvez não utilizado a contento,
 para formar-lhes o caráter e minimizarmos as suas deficiências morais
 trazidas do passado.
       Hoje, eles chegam à adolescência, mostrando-se tal qual de fato são,
 conforme dizem os Espíritos Superiores a Allan Kardec.
       Observemos, porém: se fizemos um bom trabalho, dedicando-nos
em apresentar-lhes o caminho reto, sob as diretrizes de Jesus,
tenhamos a consciência tranquila, porque o que nos parece esconderijo
 nesta fase juvenil nada mais é do que momento de reencontro consigo mesmo,
 de descobertas, de autoconhecimento, de autoafirmação. Estejamos certos 
de que a semente do bem que plantamos no seu jovem coração, logo mais florescerá.
     Caso, como pais, tenhamos nos perdido em cobraças apenas, 
deixando a tarefa que nos cabia para os outros, para a vida e para o
 tempo, não percebendo que aquele era o momento ideal de educar,
 recomecemos agora. Olhemos nossas crianças como Espíritos imortais, nossos
 irmãos em Deus.
      Busquemos na prece a inspiração dos amigos espirituais para que
 nos situemos e nos orientemos ante os nossos compromissos como
 pais e como cidadãos do Universo, e iniciemos hoje a realizar a parte 
que nos cabe na Criação. 
      Ofertemos aos nossos jovens o coração amoroso, estendamos as 
mãos carinhosas e oportunizemo-nos diálogo fraterno e franco. 
Ouçamos as suas inquietações e questionamentos, que um dia já
foram os nossos e, esforcemo-nos para compreendê-los e orientá-los, sem jamais 
violentar seus desejos e aspirações. 
          Como educadores, se antes não conseguimos penetrar, por medo ou comodismo, 
o mundo de nossos educandos, revisemos a nossa posição e percebamos que, 
com boa vontade e carinho, será possível participar deste momento especial
 da vida deles, como foi um dia o nosso.
          Não esqueçamos, portanto, que já passamos por situações semelhantes
 às deles, e se tivéssemos tido a atenção devida e a colaboração necessária, 
muitas de nossas inquietações não precisariam tornar-se dores difíceis de acalmar.

[1] Registradora substituta, acadêmica de Pedagogia, expositora espírita, colaboradora 
da S. E. Kardecista/RG e do Setor de Exposição Doutrinária 
da FERGS. Contatos: keila.lousada@hotmail.com

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