quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Decomposição da Natureza - Jorge Hessen.

Publicado na revista O Consolador

JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, Distrito Federal (Brasil)

Ao se desmatar as florestas, modificar cursos de rios, aterrar áreas alagadas e desestabilizar o clima, estamos destroçando as bases de uma rede de segurança natural extremamente sensível. Precisamos ficar atentos aos alertas dos peritos, pois já está demasiado claro que é apenas uma questão de tempo para as consequências funestas das previsões começarem a afetar, brutalmente, as nossas vidas e, principalmente, as vidas de nossos filhos e netos.
A Terra assemelha-se a um organismo vivo, com mecanismos para autorregular suas funções. (1) Nesses últimos anos, os Estados Unidos passaram pela pior seca em mais de um século. Grandes extensões de terra da Rússia também não tiveram chuva suficiente. Até mesmo as temporadas de monções na Índia têm sido profundamente afetadas. Na América do Sul, o índice pluviométrico tem permanecido abaixo da média histórica. (2)
Por que tanta ingratidão para com a Natureza, que trabalha sem cessar em nosso favor, oferecendo-nos recursos ilimitados? Lembremos que ela sofre e “reage” à agressão. No Sul do Brasil têm surgido com mais frequência inundações e ciclones quase sempre com cortejos de tragédias. Nos Estados Unidos os “tornados” vão estremecendo as estruturas da sociedade americana. Na Europa e em outras partes da Terra observamos o verão cada vez mais incandescente, causando incêndios em várias florestas, sem antecedentes na História.
Estudos atuais atestam que a “mudança climática tem levado à morte cerca de 300 mil pessoas por ano, de fome (3), de doenças ou de desastres naturais, e o número deve subir para 500 mil dentro de 15 anos”. (4) Estima-se que o problema do clima afete 325 milhões de pessoas anualmente, e que, em duas décadas, esse número irá dobrar, atingindo o equivalente a 10% da população mundial da atualidade. Kardec, ao questionar a espiritualidade em “por que nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?”, recebe uma resposta que exemplifica bem o que vivemos hoje: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se”. (5)

DESPERDÍCIO DA ÁGUA
Os recursos "renováveis" que se consomem e sua influência sobre o equilíbrio ambiental não podem ser relegados a questões de pouca gravidade, mormente levando-se em consideração o desperdício na utilização da água potável e outros recursos naturais. Não é arriscado afirmar que nos dias vindouros esse manancial venha a ser o pretexto mais evidente de guerra no planeta.
Realmente há um gravíssimo problema a considerar: estamos usando mal a água potável. Sabe-se que no Brasil quase metade (isso mesmo, 50%) do volume recolhido nas fontes não chega até as torneiras das residências. Há, no meio do trajeto, vazamentos nos encanamentos, erros na medição do consumo e desvios provenientes de ligações clandestinas. O levantamento é do ISA (Instituto Socioambiental), organizador da campanha “De Olho nos Mananciais”, que tem por objetivo alertar a população para o uso racional da água. Essa realidade é verdadeiramente preocupante. Esse recurso está ficando cada vez mais escasso.
Segundo pesquisas atuais – é importante salientar – a perda de água nas capitais brasileiras é de 6,14 bilhões de litros por dia, ou seja, 2.457 piscinas olímpicas, a cada 24 horas. Isso equivale a 45% de toda a água retirada das fontes. A ONU recomenda o uso de 110 litros, por habitante, por dia.

RECOMENDAÇÕES PARA USO DA ÁGUA NO DIA A DIA
Aprendamos, pois, a economizar água nas diversas situações da vida cotidiana. A exemplo do banho diário, habituemo-nos a fechar a torneira enquanto nos ensaboarmos durante o banho. Quando escovarmos os dentes, molhemos a escova, fechemos a torneira e, ao enxaguarmos a boca, usemos um copo com água. Ao lavarmos as mãos, lavarmos o rosto, ou ao fazermos a barba, sejamos igualmente racionais. Mantenhamos a válvula da descarga bem regulada e reparemos quaisquer vazamentos, assim que forem identificados. Ao lavarmos a louça, primeiramente, limpemos os restos de comida contidos nos pratos e nas panelas, para em seguida usarmos a esponja com sabão, previamente molhada. Para finalizarmos a tarefa, abramos a torneira para enxaguá-los. Lavar roupa também exige disciplina. Deixemos acumular uma quantidade razoável de peças, lavando-as de uma só vez, pois assim estaremos usando racionalmente esse tão precioso líquido. Após colocarmos água no tanque, não há necessidade de mantermos a torneira aberta enquanto ensaboamos a roupa, e aproveitemos a água do enxágue para lavar o quintal. Dessa forma, estaremos economizando não somente água, mas energia elétrica (para quem usa máquina de lavar). Quanto aos jardins, molhemos as plantas, usando um regador, em vez de utilizarmos a mangueira. Ao limparmos a calçada, basta que usemos a vassoura.

UM TERÇO DOS ALIMENTOS VAI PARAR NO LIXO
É urgente que se crie uma mentalidade crítica que permita estabelecer novos comportamentos, de olho na sustentabilidade da vida terrena. A sociedade deve fundar novos modelos de convivência, lastreados na fraternidade e no amor à natureza. Existem variados tipos de desperdício de difícil quantificação, mas identificáveis pelas lupas dos estudiosos, seja na construção civil, no saneamento básico, no funcionalismo público etc.
Muitos de nós já presenciamos nas estradas brasileiras o desperdício de grãos transportados nas carrocerias dos caminhões que, numa rápida passada de olho, parece-nos “insignificante.” No entanto, esse desperdício representa uma significativa perda para os cofres públicos, que poderia ser evitado não fosse o descaso das autoridades competentes, em nossas rodovias, quanto a fiscalizar com maior rigor o transporte de tais produtos. Como se não bastasse, há ainda o sério problema da estocagem de grãos, feita de maneira imprópria em vários armazéns do país, de que temos notícia, redundando em vultosos prejuízos para a Nação. Até quando?
Cerca de um terço dos alimentos produzidos no Brasil vão parar no lixo, sem qualquer chance de aproveitamento. O processo de perda de produtos tem início logo após a colheita, na zona rural. Muitos alimentos são encaixotados sem cuidado e em recipientes inapropriados. Nas situações inusitadas, igualmente, presenciamos desperdícios. Quantas vezes observamos nos banheiros públicos alguns usuários que, para enxugar as mãos, utilizam em excesso papel-toalha, quando duas folhas são o suficiente? É um gesto “insignificante”, que revela falta de educação e respeito ao próximo, o desperdício de material coletivo. A cidadania plena deve ser exercida nos pequenos gestos que, no conjunto da população, fazem uma grande diferença. São inúmeras as pequenas ações que poderiam ser educadas, por exemplo: torneira aberta, luz acesa, lixo nas ruas, poluentes no ar e nos rios etc. Tudo isso pode ser evitado se paralelamente à educação familiar fosse incluída a cidadania familiar.

CATÁSTROFES COLETIVAS
A natureza tem reagido à nossa indiferença. Muitas coletividades são alcançadas pelos terremotos, enchentes, furacões, desabamentos de encostas, tsunamis etc. Se nos estatutos de Deus não há espaços para o acaso, logo as catástrofes coletivas têm sua razão de ser, considerando que a vida nos oferta aquilo que a ela damos. A rigor, antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados na espiritualidade dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém, o fato por si só não é determinístico, até porque dependem de circunstâncias várias em nossas vidas para sua consumação, uma vez que a lei de causa e efeito admite flexibilidade, quando o amor rege a vida.
Aquele que se compraz na caminhada pelos atalhos do mal e da indiferença à vida será trazido de volta às vias do bem pela própria lei. O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro. Dizendo "quem com ferro fere, com ferro será ferido", Jesus corroborou a lei de Ação e Reação, ou de Causa e Efeito, amplamente ensinada pelo Espiritismo. Porém, cabe a ressalva de que nem todo sofrimento é expiação. No item 9, cap. V de O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento por que se passa neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma determinada falta: trata-se, frequentemente, de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento". (6)
Naturalmente a Lei é para todos nós. Emmanuel nota que “quando retornamos da Terra para o Mundo Espiritual, conscientizados nas responsabilidades próprias, operamos o levantamento dos nossos débitos passados e rogamos os meios precisos a fim de resgatá-los devidamente. E antes de reencarnarmos, sob o peso de débitos coletivos, somos informados, no além-túmulo, dos riscos a que estamos sujeitos, das formas pelas quais podemos quitar a dívida, porém o fato, por si só, não é determinístico, até porque dependem de circunstâncias várias em nossas vidas a sua consumação, uma vez que, como disse acima, a Lei de causa e efeito admite flexibilidade, até porque o amor rege a vida e “o amor cobre uma multidão de pecados” (7); portanto, podemos resgatar dívidas do antanho, através da prática do Bem.
Dessa forma, os que são vitimados pelos fenômenos naturais, aqueles que são considerados uma perturbação dos elementos, não o são por causas imprevistas, pois "tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus". (8) É verdade! Os terremotos, os furações, as inundações, as erupções vulcânicas e outras catástrofes naturais são e serão parte inevitável da dinâmica da natureza, mas isso não significa dizer que não possamos fazer alguma coisa para nos tornarmos menos vulneráveis. Por mais complexos que sejam os desafios a encarar, por conta do próprio desmazelo humano, potencializemos a vontade de nos harmonizar com a natureza e ajustemo-nos com as Leis de Deus, inscritas na consciência de cada um.

INFLUÊNCIA AMBIENTAL
Sem dúvida, o clima e o meio ambiente exercem grande influência sobre todos nós. A realidade climática é constituída de vários elementos, a saber: temperatura, chuva, umidade, ventos, massas de ar e pressão atmosférica. Esses elementos sofrem a influência de vários outros fatores, como por exemplo: a posição astronômica e geográfica da região ou país, a configuração do território, as altitudes e as linhas mestras do relevo, fenômeno meteorológico etc.. Em face disso, Emmanuel admoesta: "O meio ambiente em que a alma renasceu, muitas vezes constitui a prova expiatória, com poderosas influências sobre a personalidade. Faz-se indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que vivem na sua zona de influência". (9)
Atualmente a ciência está transformando radicalmente o nosso modo de vida junto à Natureza. A invasão tecnológica é tão evidente especialmente no uso de smartphones, por exemplo, em que podemos acessar a Internet, enviar e receber e-mails, mensagens de texto, ver TV, ouvir músicas, baixar filmes, tirar fotos, usar GPS e, obviamente, fazer uma ligação telefônica. Não há dúvida de que os computadores nos poupam de tarefas rotineiras, permitem que façamos compras e operações bancárias sem sair de casa, ajudam-nos também a manter contatos com pessoas ou corporações através de e-mails, correio de voz ou vídeos e até mesmo fazer amizades. Sim, e daí?
Em que pese todo esse recurso tecnológico, lamentavelmente ainda amargamos os contrastes dessa soberana ciência no palco da informática, da telecomunicação, ao tempo em que ainda temos que conviver com muita insensibilidade ao meio ambiente. Por outro lado, e menos mal nos parece, considerando a Lei de Evolução, a necessidade de destruição da natureza “se enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a matéria”. (10) Realmente, a consciência de proteção ambiental cresce com o nosso desenvolvimento intelectual e moral.

CONSCIÊNCIA CRÍTICA
Urge que se crie uma mentalidade crítica, que permita estabelecer novos paradigmas comportamentais tendo como escopo a sustentabilidade da vida humana. A sociedade deve formatar novos modelos de convivência, lastreados na fraternidade e no amor. A falta de percepção da interdependência e complementaridade entre os indivíduos gera, cada vez mais intensamente, o desequilíbrio do meio ambiente. O cientista Stephen Hawking, em seu livro "O Universo numa Casca de Noz", expõe de forma curiosa que "Uma borboleta batendo as asas em Tóquio pode causar chuva no Central Park de Nova Iorque”. (11) Explica que "não é o bater das asas, pura e simplesmente, que gerará a chuva, mas a influência deste pequeno movimento sobre outros eventos em outros lugares é que pode levar, por fim, a influenciar o clima”. (12)
A Federação Espírita Brasileira, juntamente com os centros espíritas, podem e devem contribuir para maior conscientização dos espíritas sobre a necessidade de preservação dos recursos naturais, “estudando e debatendo sobre o tema à luz do Espiritismo; desenvolvendo campanhas e eventos que visam melhorar as condições socioambientais; utilizando para as publicações impressas, como livros, revistas, mensagens avulsas etc., papel reciclado e tintas que reduzem o impacto ambiental; usando mais o correio eletrônico para reduzir o uso de papel, tinta etc.; publicando obras que analisem estes temas sob a ótica espírita; estimulando a pesquisa nas obras fundamentais da Doutrina Espírita para melhor compreendermos a necessidade de cuidar do planeta e fundamentarmos as ações e as campanhas de sensibilidade ecológica; proporcionando, mediante treinamento, a inserção da temática ambiental à luz do Espiritismo no das atividades educativas de evangelizadores espíritas da infância e da juventude, bem como, de facilitadores do ESDE no âmbito do Ser promovendo uma ética ambiental alicerçada na fraternidade preconizada pelo Cristo e no sentido mais amplo de família universal que se pode apreender do Espiritismo”. (13)
Enquanto as doridas transformações desses momentos de ruína moral se anunciam, ao tilintar sinistro das moedas, ecoando nas bolsas de valores, as forças espirituais se reúnem para a grande reconstrução da Nova Era. Aproxima-se o instante em que todos os valores morais humanos serão revistos, para que, com novas energias criadoras, um novo modelo de mundo triunfe sobre a carga destrutiva das consciências insanas que hoje habitam o educandário da vida. Nesse fenômeno, o ensinamento de Jesus não passou e não passará jamais.

O EVANGELHO EM FAVOR DA NATUREZA
Ante os impactos ambientais, recordemos sempre que a mensagem do Cristo é o grande edifício da redenção humana em favor da natureza e da sociedade, que haverá de penetrar em todas as consciências humanas, como um dia penetrou nas consciências de Vicente de Paulo, da irmã Dulce, de Francisco de Assis, da Madre Teresa de Calcutá, de Chico Xavier. Na luta sofrida das civilizações, Jesus é o archote do princípio, e nas Suas sacrossantas mãos repousam os destinos da Terra. Não podemos olvidar que Ele é o Caminho que nos induz aos iluminados conceitos da Verdade, onde recebemos as gloriosas sementes da sabedoria, que dominarão os séculos vindouros, preparando nossa vida terrena para as culminâncias do amor universal no mais profundo respeito à natureza.
Do exposto, saibamos compreender que a Natureza “é sempre o livro divino, onde a mão de Deus escreveu a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do homem evoluindo constantemente com o esforço e a dedicação de seus discípulos. Nos reinos da Natureza palpita a vibração de Deus, como o Verbo Divino da Criação Infinita; e, no quadro sem-fim do trabalho de experiência, todos os princípios, como todos os indivíduos, catalogam os seus valores e aquisições sagradas para a vida imortal”. (14)
Referências bibliográficas:
1 Teoria que afirma ser o planeta Terra um ser vivo. Apresentada em 1969 pelo investigador britânico James E. Lovelock, a Teoria de Gaia, também conhecida como Hipótese Gaia, diz ser a biosfera terráquea capaz de gerar, manter e regular suas próprias condições de meio ambiente.
2 Disponível no site
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/10/121016_alimentos_c...
3 Pelo menos 56 países estão em uma situação "grave" ou "muito grave" por suas insuficiências alimentícias, como Eritreia, Burundi e Comores, segundo o Índice Global da Fome de 2013 apresentado em Berlim. O Índice Mundial da Fome, que chega a sua oitava edição neste ano (2013), é resultado de um trabalho elaborado em conjunto pelo Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos e as ONGs Concern Worldwide e Welthungerhilfe, da Irlanda e da Alemanha, respectivamente. Disponível no site "http://www.efeservicios.com"www.efeservicios.com acesso 13/10/2013
4 Conforme Relatório Fórum Humanitário Global (FHG), instituição com sede em Genebra
5 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, perg. 705
6 Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, item 9, cap. V
7 I Pedro, 4:8
8 Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, perg. 536
9 Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, perg. 121
10 Kardec Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 2001, perg. 733.
11 Hawking, Stephen. O Universo Numa Casca de Noz, São Paulo: Ed. Mandarim, 2a Edição, (2002).
12 Idem
13 Bertoldo Helena da Silva. Entrevista para Revista O Consolador “É urgente desenvolver ações educativas que preservem o meio ambiente”, disponível no site http://www.oconsolador.com.br/ano4/194/entrevista.htmlacesso 16/10/2013
14 Xavier, Francisco Cândido. O Consolador, ditado pelo Espírito Emmanuel, pergs. 27, 28 e 121, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 200.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ANOMALIAS MORAIS E POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA SÃO CANCERÍGENAS? (Jorge Hessen)

Jorge Hessen











Pesquisadores mais pessimistas preveem o plausível aniquilamento da vida vegetal, animal e humana como decorrência dos descomunais estragos causados pelas indústrias, comércios e escambos modernos. Será possível tal aniquilamento em face das atuais agressões à natureza? Sem dúvida, pois estamos dilacerando, não a natureza, mas a nós mesmos e arcaremos as consequências pelos nossos crimes contra o meio ambiente. Chico comentou certa vez que “aqueles que acreditarem na preservação da natureza acima de seus próprios interesses auxiliarão na defesa do mundo natural, da vida simples na Terra, que poderia ser uma vida de muito mais saúde e de muito mais tranquilidade se respeitássemos coletivamente todos os dons da natureza. Mas, se continuarmos agredindo-a demasiadamente, pagaremos o preço, porque depois voltaremos em novas gerações, plantando árvores, acalentando sementes, modificando o curso dos rios, despoluindo as águas, drenando os pântanos e criando filtros que nos libertem da poluição. O problema será sempre do homem. Teremos que refazer tudo, porque estamos agindo contra nós mesmos.” (1)
Uma sociedade que destrói o meio ambiente é uma sociedade insana. Não é possível esperar a chegada de uma “Nova Era” algemados na inércia da indiferença à natureza. Sem os devidos valores morais, muitos retornaremos a esse mundo pelas vias da reencarnação difícil. Se ainda almejarmos encontrar aqui estoques razoáveis de água potável, atmosfera límpida, campos produtivos, lixos reciclados e um clima estável – sem os açoites oriundos da combustão crescente de petróleo, gás e carvão que ultrajam o efeito estufa – é urgente atuar já, sem demora.
Como se não bastasse, a Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC), vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou recentemente a classificação da poluição do ar exterior como cancerígena. Não precisamos ser especialistas para sabermos que poluição causa câncer. Dizem o que já sabíamos de sobejo, ou seja, a exposição à poluição do ar provoca câncer de pulmão. Mas sabemos que não somente o ar está contaminado, mas a água “potável” da mesma forma está infectada, os alimentos estão intoxicados.
É gravíssima a atual poluição atmosférica, em face das substancias insalubres lançadas pelas chaminés das fábricas, quais bocas de dragões, expelindo substâncias danosas em forma de detritos, pelos motores de veículos automotivos a se multiplicarem delirantemente e imobilizando as cidades , pelos agrotóxicos empregados nos campos, pela queima de combustíveis fósseis, pelas usinas atômicas. Em verdade, por onde o homem passa fica os sinais maléficos da sua marcha, em forma de poluição, esterilidade, desmoronamento e extinção.
Sobre a poluição atmosférica seria interessante pressionar os governantes pela adoção de leis severas para preservação ambiental, a fim de que os transgressores sejam penitenciados exemplarmente. É preciso conscientizar os consumidores a lutar pela sustentabilidade ambiental, isto é, mudar seus hábitos e necessidades de compra pensando na sobrevivência ambiental das futuras gerações. É importante modificar o sistema de consumo tornando-nos compradores mais cônscios que elegem de forma consciente o que consumir, coagindo o comércio a vender produtos ecologicamente adequados. Dia virá em que todos os produtos serão ecologicamente corretos e a economia despoluída, porque será exercida sob os princípios do respeito ao habitat ambiental.
A Natureza é sempre o livro divino, “onde as mãos de Deus escrevem a história de sua sabedoria, livro da vida que constitui a escola de progresso espiritual do homem, evolvendo constantemente com o esforço e a dedicação de seus discípulos.” (2) As manifestações de vida nos vários reinos da Natureza, abrangendo o homem, significam a expressão do Verbo Divino, em escala gradativa nos processos de aperfeiçoamento da Terra “em todos os reinos da Natureza palpita a vibração de Deus, como o Verbo Divino da Criação Infinita, e, no quadro sem-fim do trabalho da experiência, todos os princípios, como todos os indivíduos, catalogam os seus valores e aquisições sagradas para a vida imortal.”(3) O meio ambiente influi no espírito e “muitas vezes constitui a prova expiatória; com poderosas influências sobre a personalidade, faz-se indispensável que o coração esclarecido coopere na sua transformação para o bem, melhorando e elevando as condições materiais e morais de todos os que vivem na sua zona de influenciação.” (4)
Há muitos tipos de poluentes que intoxicam a psicosfera terrena que efetivamente causa todos os tipos de cânceres. Um delas é a poluição mental onde o homem produz terrível poluição psíquica, deletéria quão incontrolável em face do cultivo de deploráveis modos em que insiste e se regozija, obviamente isso interfere na ecologia psicosférica da terra, empeçonhando de dentro para fora e desconjuntando de fora para dentro.
Hoje, à luz da ciência médica, pode-se afirmar que o fator predominante da origem do câncer é, sem dúvida, o comportamento humano: tabagismo, abuso de álcool, maus hábitos alimentares e de higiene, obesidade e sedentarismo, poluição de todas as espécies os quais são responsáveis por quatro, em cada cinco casos de câncer e por 70% do total de mortes. Os cânceres por herança genética pura, ou seja, que não dependem de fatores comportamentais e ambientais, são menos de 5% do total. A experiência corrobora que o câncer é uma enfermidade do indivíduo, potencialmente, “cármica”. Estamos submetidos a um mecanismo de causa e efeito que nos premia com a saúde ou corrige com a doença, de acordo com nossas ações. “O corpo físico reflete o corpo espiritual que, por sua vez, reflete o corpo mental, detentor da forma”. (5)
Obviamente, não precisamos insistir na busca de vidas passadas para justificar o câncer: É óbvio que grande incidência de câncer no pulmão, ocorrem em pessoas que fumam na atual encarnação. Muitas formas de cânceres têm sua gênese no comportamento moral insano atual, nas atitudes mentais agressivas, nas postulações emocionais enfermiças. “O mau-humor é fator cancerígeno que ora ataca uma larga faixa da sociedade estúrdia.” (6) O ódio, o rancor, a mágoa, a ira são tóxicos fulminantes no oxigênio da saúde mental e física, consomem a energia vital e abrem espaços intercelulares para a distonia e a instalação de doenças. São “agentes poluidores e responsáveis por distúrbios emocionais de grande porte, são eles os geradores de perturbações dos aparelhos respiratório, digestivo, circulatório. Responsáveis por cânceres físicos, são as matrizes das desordens mentais e sociais que abalam a vida” (7)
Referências bibliográficas:
(1) Xavier, Francico Cândido. Mandato de Amor, Belo Horizonte: Editado pela União Espírita Mineira
(2) Xavier, Francico Cândido. O Consolador, ditado pelo Espirito Emmanuel, perg. 27, RJ: Ed FEB, 1990.
(3) Idem , perg. 28.
(4) Idem , perg. 121
(5) Xavier, Francisco Cândido. Evolução em Dois Mundos , ditado pelo espírito André Luiz 15ª edição, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997
(6) Franco, Divaldo. Receita de Paz, ditado pelo espírito Joanna de Angelis, Salvador: Ed. Leal, 1999
(7) Franco, Divaldo Pereira. O Ser Consciente, Bahia, Livraria Espírita Alvorada Editora, 1993

domingo, 17 de novembro de 2013

O Aborto Legalizado - Magali Bischoff

O Aborto Legalizado

Magali Bischoff (São Paulo/SP)
A sociedade está começando a refletir sobre a necessidade de intensificar as ações protetoras da vida, dos seres humanos, dos animais e de todo ser vivo, em todos os espaços onde a VIDA se faz presente.

O homem desenvolveu ao longo do tempo a força, a inteligência e as habilidades que o tornam o único ser na face da Terra, capaz de transformar a sua realidade, na busca de recursos que possibilitam o seu progresso material. Mas nem sempre o progresso material e moral,caminham juntos no mesmo sentido e na mesma velocidade.

E o que faz uma sociedade progredir é o bem estar do seu povo e para alcançar o progresso, é necessário ações que transformem nosso Planeta em um lugar seguro e feliz.

E o local mais seguro para se conquistar isso, é o coração das pessoas.

Hoje a sociedade paga um alto preço pela exagerada sensação de poder sobre o outro, sobre as coisas ou sobre a própria vida. A violência crescente, a injustiça social, a educação de péssima qualidade e a falta de saúde, de cultura, em meio a tanta corrupção, geram uma série de problemas, entre eles, a banalização da Vida.

A vida deve ser preservada sempre, inclusive aquela que está no ventre materno, e que deveria ter o seu direito assegurado pelo Estado, desde o momento em que foi comprovada a formação de uma vida dentro do útero. Na Constituição Brasileira esse direito está garantido, mas na prática isso não ocorre. O bebê desde a sua concepção, está nas mãos de outros seres humanos e quem pode decidir se ele vem ao mundo ou não, são os seus Pais. A pergunta é: Quem somos nós para decidir sobre o direito à vida de outro ser humano que foi concebido, sem importar como, onde, porquê e para quê foi gerado, mas que passou a existir como pessoa?

A Doutrina espírita e os estudos recentes da ciência revelam que a Vida começa no instante da concepção. O Espírito designado para habitar certo corpo, é ligado por um laço fluídico, que vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz. O grito, que o recém-nascido solta, anuncia que ela conta entre o número dos nascidos com vida, e dos filhos de Deus em busca da sua felicidade e da sua evolução.

No que diz respeito à ligação do Espírito ao corpo, em nova encarnação, quando se inicia de fato uma nova existência física na Terra, segue a resposta dos espíritos na questão 344, de O Livro dos Espíritos: P:"Em que momento a alma se une ao corpo? R: "A união começa na concepção, mas só é completa por ocasião do nascimento. Desde o instante da concepção, o Espírito designado a habitar certo corpo a este se liga por um laço fluídico, que cada vez mais se vai apertando até ao instante em que a criança vê a luz."

Esse direito é defensável cientificamente, tanto no campo do Direito quanto no âmbito da Medicina, e a posição da Ciência, coincide com a dos Espíritos que revelaram a Codificação, como vemos no Livro dos Espíritos, a pergunta 358. P:"Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação? R:"Há crime sempre que transgredis a lei de Deus Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando."

Se o direito à vida é inviolável, no caso de uma vida que já existe e uma que está por nascer, qual a que deve ser preservada? E Kardec pergunta aos espíritos: P: “Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?” R: “Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe.

Em outra ocasião, questionado se constitui um crime a provocação do aborto em qualquer período de gestação, encarnando o espírito de Emmanuel, assim ele se pronunciou: “Há crime sempre que transgredi a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando. Item n° 358, de ´O Livro dos espíritos”.

Quando uma gestação decorre de uma violência, como o estupro, a posição espírita é absolutamente contrária à proposta do aborto, ainda que haja respaldo na legislação humana. No caso de estupro, quando a mulher não se sinta com estrutura psicológica para criar o filho, cabe à sociedade e aos órgãos governamentais facilitar e estimular a adoção da criança nascida, ao invés de promover a sua morte legal. Toda forma de violência deve ser combatida pelo Estado e não gerada por ele. O direito à vida está, naturalmente, acima das questões psicológicas da mulher, afinal a dor da violência permanece com a mãe e será potencializada pela culpa da morte do bebê.

Em um texto do Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita), ele afirma que nenhum Espírito chegará ao processo reencarnatório sem uma atração específica com sua futura mãe. O mergulho na reencarnação – diz ele – só se dará quando a sintonia entre mãe e futuro filho estiver praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a qualidade do reencarnante, haverá sempre com a mãe ou pai, correlação de causas, onde ambos lucrarão sempre, no sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem nas faixas do amor ou do ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo específico de energias, fará a seleção do espermatozoide pelas contingências de suas irradiações, adquirindo e construindo o futuro corpo de acordo com as suas necessidades.

A posição de Joanna de Ângelis no livro Após a Tempestade, não é diferente. Os filhos – diz ela - não são realizações fortuitas, procedem de compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros genitores, de modo a edificarem a família de que necessitam para a própria evolução. Se é lícito a uma pessoa adiar a recepção de Espíritos que lhes são vinculados, impossibilitando mesmo que se reencarnem por seu intermédio, as Soberanas Leis da Vida dispõem de meios para fazer com que aqueles rejeitados venham por outros processos à porta dos seus devedores ou credores, em circunstâncias talvez mui dolorosa.

Sobre o aborto, Chico Xavier expõe sua opinião no livro “Mandato de Amor”, de sua autoria: “O aborto é sempre lamentável porque se já estamos na Terra com elementos anticoncepcionais de aplicação suave, compreensível e humanitária, porque é que havemos de criar a matança de crianças indefesas, com absoluta impunidade, entre as paredes de nossas casas?”, escreveu ele. E continua: “Isto é um delito muito grave perante a Providência Divina, porque a vida não nos pertence e, sim, ao poder divino. Se as criaturas têm necessidade sexual para revitalização de suas próprias forças, o que achamos muito justo, seria melhor se fizessem sem alarme ou sem lesão espiritual ou psicológica para ninguém. Se o anticoncepcional veio favorecer esta movimentação das criaturas, por que vamos legalizar ou estimular o aborto? Por outro lado, se nossas mães tivessem esse propósito de criar uma lei do aborto no século passado, ou no princípio e meados deste século, talvez hoje não estaríamos aqui”.

Se acreditamos que o “acaso” não existe, na Misericórdia e no Amor Divino e nas Leis que regem o Universo, a resposta aos laços de afeto, de simpatia e de também dos laços de ódio e de antipatia, são encontradas diretamente na compreensão da Reencarnação e na Lei de Causa e efeito.

E se compreendermos que o espírito tem o direito inalienável à vida assegurado por Deus e Suas Leis, precisamos estender esse direito às crianças que nascem da violência, da mal formação, com imperfeições e risco de vida, mas que estão sob o amparo desse mesmo Deus, que rege todo o Universo.

Na questão 372 de O Livro dos Espíritos é elucidativa: P “Que objetivo visa a providência criando seres desgraçados, como os cretinos e os idiotas?” R: “Os que habitam corpos de “idiotas” são Espíritos sujeitos a uma punição. Sofrem por efeito do constrangimento que experimentam e da impossibilidade em que estão de se manifestarem mediante órgãos não desenvolvidos ou desmantelados.”

Fica claro, que na possibilidade de o feto ser portador de lesões graves e irreversíveis, físicas ou mentais, o corpo é o instrumento de que o Espírito necessita para sua evolução, pois , somente na experiência reencarnatória, terá condições de reorganizar a sua estrutura desequilibrada por ações que praticou em desacordo com a Lei Divina. Dá-se, também, que ele renasça em um lar cujos pais, na grande maioria das vezes, estão comprometidos com o problema e precisam igualmente passar por essa experiência reeducativa. Devemos pensar não somente na reeducação do espírito, mas lembrar da consequência do Aborto para os pais, filhos, família e todos os envolvidos direta ou indiretamente.

Após a prática do aborto, mesmo quando os pais e médicos são acobertados pela legislação humana, o Espírito rejeitado pode voltar-se contra a mãe e todos aqueles que se envolveram na interrupção da gravidez. Daí dizer Emmanuel no livro Vida e Sexo, psicografado por Francisco C. Xavier : “ Mulher e homem cúmplices nas ocorrências do aborto criminoso desajustam as energias psicossomáticas com intenso desequilíbrio, sobretudo, do centro genésico, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que surgirão a tempo certo, o que ocorre não só porque o remorso se lhes estranha no ser mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero, de revolta e vingança dos Espíritos que a lei lhes reservava para filhos.”

A Humanidade tem lembranças tristes, da sordidez do ser humano, em diversas tentativas de instalar no Mundo a prática da “eugenia”, para manter no controle de tudo. Seja no período de guerras, como foi na Idade Média com a força do poder religioso sobre os que pensavam diferente, na época do Nazismo, com o controle social e racial das futuras gerações, com a instalação da soberania de alguns grupos e povos sobre outras raças, com o descaso com a fome e a miséria, a falta de cultura e de educação, formando as aristocracias, as castas e classes com o poder dominante, e finalmente, o pior deles, a tentativa de instalar uma indústria capaz de matar crianças que estão por nascer. Essa indústria da morte, movimenta o crime contra seres humanos há mais de 40 anos nos Estados Unidos e em outros países e que está gerando um debate importante na Sociedade que em sua maioria, perdida perante as questões morais e espirituais, vem cumprindo um papel que o equipara somente aos seres irracionais, tamanha a ganância e ambição que não permitem perceber o valor da vida, que dependem muitas vezes, de um coração para mantê-lo vivo.

Como sabemos que o Amor cobre a multidão de pecados, e a Lei Divina manda a cobrança no tempo certo, ficamos com o pedido de Jesus para nós: “"Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem"(Lc 23,34).

Muita Paz! .

Magali Bischoff

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
[1] ABRAME. O Direito à Vida no Ordenamento Jurídico Brasileiro 
[2] AME Brasil A Vida contra o Aborto 
[3] XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. 
Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. "Evolução e corpo espiritual", item Evolução no tempo, p. 42. 
[4] XAVIER, Francisco C. Vida e sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. 
[5] FRANCO, Divaldo Pereira. Após a Tempestade. Pelo Espírito Joana de Angelis, cap. 10, Rio de Janeiro: Editora FEB, 1995. 
[6] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos - questões 344, 358,372. 
[7] ANDREA, Jorge. Encontro com a Cultura Espírita, págs. 91 a 95 
[8] XAVIER, Francisco C. “Mandato de Amor- Editora Vinha de Luz -5 ed. 

Matéria da Rede Mundo Maior de Televisão: 

  

Pré- estréia do filme em São Paulo: 

  

Fórum pela vida - evento na Câmara Municipal de São Paulo: 

  
Magali Bischoff (São Paulo/SP)
é membro da Rede Amigo Espírita
Magali Bischoff, nascida na cidade de Guarulhos e residente em São Paulo, colabora no Movimento Espírita desde 1992 . Atuou como voluntária na Biblioteca Espírita Humberto de Campos, na Área de Divulgação e no setor administrativo da Área Federativa, trabalho realizado junto as Casas Espíritas coligadas à Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP). Participou dos projetos de divulgação da FEAL, levando ao movimento espírita, todos os trabalhos realizados pela Fundação Espírita André Luiz. A Rede Boa Nova de Rádio, TV Mundo Maior, Editora e Distribuidora Mundo Maior, o site da Fundação e o Clube Amigos da Boa Nova, dessa forma, divulgando a mensagem espírita. Atualmente realiza palestras em Casas Espíritas, colabora no Curso de Aprendizes do Evangelho da Federação Espírita do Estado de São Paulo, escreve artigos para jornais, revistas e sites espíritas, participa também, de diversas listas espíritas do Brasil como divulgadora. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

"BLOOD MONEY, ABORTO LEGALIZADO"

BLOOD MONEY, O FILME, PRECISA DE VOCÊ

No dia 15 de novembro de 2013 estréia, em 9 cidades do Brasil, o filme "Blood Money, aborto legalizado", um documentário que é uma contundente denúncia sobre as consequências do aborto para a mulher e o que há por trás da gigantesca indústria que há por trás. Convocamos todas as pessoas que lutam PELA VIDA, a prestigiarem este filme, indo para o cinema logo nos primeiro três dias de estréia e que pressionem os cinemas para exibição aquelas outras moradoras nas cidades onde o filme não será exibido. PELA VIDA!!!

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Uma história emocionante!



Quando o senhor Brown chegou ao hospital, em uma pequena cidade da Irlanda, recebeu a notícia de que sua esposa havia dado à luz a um menino. Corria o ano de 1932. O casal Brown, como seria de se esperar, havia idealizado um filho dentro dos padrões “normais”. Criaram, certamente, expectativas de estarem gerando uma criança sadia, que seguiria um desenvolvimento natural, repleto de situações alegres. Ele iria mamar, engatinhar, aprender os primeiros passos, balbuciar pequenas sílabas, falar “mamãe” e “papai”, entrar para a escola, se formar, etc.
Mas, naquele dia em que chegou ao hospital, o senhor Brown foi tomado de um enorme choque ao ouvir dos médicos que seu filho nascera com uma paralisia cerebral que lhe tiraria todos os movimentos do corpo e que, portanto, com sorte, seu filho iria ser um pouco mais que um vegetal. Nesse momento inesperado, diante da negativa de um filho idealizado, o pai, confuso, deixa-se tomar por um sentimento de fracasso por gerar um filho deficiente.
O menino, que receberia o nome de Christy Brown, possuía movimentos somente em seu pé esquerdo. Durante sua infância e juventude, Christy viveu em uma casa simples com sua família. Sua mãe cuidava, também, de seus outros filhos e se dedicava às atividades domésticas, além de passar para os filhos uma educação religiosa com base em valores éticos. O pai, de temperamento autoritário, vivia trabalhando para sustentar o lar, conforme os padrões familiares da época.
Christy observava tudo em sua volta, buscando, apesar de suas dificuldades, interagir com a família. Mas a dificuldade de comunicação era enorme devido ao comprometimento motor e a desarmonia dos músculos da face, que obstaculizavam a articulação da fala. Sua postura e sua mobilidade enfrentavam igual complicação, Dessa forma, após algum tempo, Christy ganhou um carrinho de mão para ser transportado, já que sua família não possuía recursos para comprar uma cadeira de rodas.
Movido por um grande amor pela vida, Christy Brown, ao longo do tempo, passou a demonstrar sua inteligência e sensibilidade, quer jogando futebol com seus amigos na rua, onde ficava deitado na calçada buscando com seu pé atingir a bola, ou em casa, através de olhares afetuosos para sua família. Dessa forma, vivia com um semblante de quem não desanimava diante da existência de desafios.
Talvez um dos momentos mais marcantes da vida de Christy, foi quando ele, ainda criança, segurou, com grande esforço, um giz entre os dedos do pé esquerdo e conseguiu escrever a palavra “mamãe”, diante do espanto e surpresa de toda a família. Naquela emoção que envolveu o ambiente familiar, o senhor Brown, seu pai, pega o menino nos ombros e o leva até o bar, apresentando-o a seus amigos, não como um inválido, mas como um “gênio”.
Movimentando somente seu “pé esquerdo”, Christy descobriu que podia pintar e passou a produzir quadros. Descobriu, também, a leitura e a escrita, e tornou-se escritor. Sua primeira obra foi a história de sua própria vida. Em 1959, conheceu Mary Carr, com quem terminou se casando tempos depois. O marcante em sua história não é, como alguns poderiam pensar, suas deficiências, mas a sua determinação em superá-las, não se permitindo desanimar ou deprimir.
A história de Christy Brown foi para o cinema através do filme “Meu pé esquerdo”, do diretor Daniel Day Lewis. Sua vida é uma lição de sabedoria, vivenciada em face aos desafios das limitações impostas por um corpo frágil. Christy era, no entanto, um espírito determinado, com grande potencial interior e forca de vida para ser feliz.

Do livro: O Desafio da Felicidade: em um mundo em transformação. Jerri Almeida. Ed. Francisco Spinelli, 2007.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

DOAÇÃO DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTES É LEGÍTIMO E DEVE SER LEVADO ADIANTE (Chico Xavier)


Um milionário do estado de São Paulo montou recentemente um cenário curioso e instigante. (1) Ele anunciou nas redes sociais que enterraria seu carro Bentley (de quase  1 milhão de reais) , no quintal da sua mansão. Para isso, convidou a imprensa e cavou a cova com uma escavadeira, deixando um espaço reservado para o “velório”. Todavia, durante a celebração revelou para os presentes o real propósito do “enterro” do carrão. Disse que as pessoas estão sepultando algo bem mais valioso que seu Bentley. Assinalou que enterrar um coração, um rim, um fígado e outros órgãos, isso sim é loucura. Órgãos humanos podem salvar a vida de várias pessoas. Proferiu que seu Bentley não é mais valioso que órgãos humanos.  Portanto, não era louco para enterrar o carro, apenas promoveu o “funeral” , a fim de chamar atenção para a causa “doação de órgãos”, afirmando-se doador.
Sobre o assunto doação de órgãos para transplante há poucas informações concernentes sobrevindas dos Espíritos, até porque é uma prática muito recente da ciência médica. Nos exercícios médicos de todas as especialidades, o transplante de órgãos é a que demonstra, com maior clareza, a estreita relação entre a morte e a nova vida. Sabemos haver espíritas que são avessos à doação de seus próprios órgãos após a desencarnação. Entretanto, a doação de órgãos para transplantes é doutrinariamente correta. “Se a misericórdia divina nos confere uma organização física sadia, é justo e válido, depois de nos havermos utilizado desse patrimônio, oferecê-lo, graças as conquistas valiosas da ciência e da tecnologia, aos que vieram em carência a fim de continuarem a jornada.”(2)
É importante fazermos a seguinte reflexão: se, hoje, somos doadores, amanhã, poderemos ser (ou nossos familiares e amigos) receptores de órgãos. “Para a maioria das pessoas, a questão da doação é tão remota e distante quanto à morte. Mas, para quem está na “fila” esperando um órgão para transplante, ele significa a única possibilidade de vida! “Verdadeira bênção, o transplante de órgãos concede oportunidade de prosseguimento da existência física, na condição de moratória, através da qual o Espírito continua o périplo orgânico. Afinal, a vida no corpo é meio para a plenitude – que é a vida em si mesma, estuante e real.” (3)
Em de entrevista, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38, Francisco Cândido Xavier comenta o seguinte: “transplante de órgãos, na opinião dos Espíritos sábios, é um problema da ciência muito legítimo, muito natural e deve ser levado adiante.” Os Espíritos, segundo Chico Xavier, “não acreditam que o transplante de órgãos seja contrário às leis naturais. Pois é muito natural que, ao nos desvencilharmos do corpo físico, venhamos a doar os órgãos prestantes a companheiros necessitados deles, que possam utilizá-los com proveito”. “(4)
Questão que também invariavelmente é levantada é a rejeição do organismo após a cirurgia. O Espírito André Luiz considera “a rejeição como um problema claramente compreensível, pois o órgão do corpo espiritual está presente no receptor. O órgão perispiritual provoca os elementos da defensiva do corpo, que os recursos imunológicos em futuro próximo, naturalmente, vão suster ou coibir.”(5) Especialistas, a partir 1967, “desenvolveram várias drogas imunossupressoras (ciclosporina, azatiaprina e corticóides), para reduzir a possibilidade de rejeição, passando então os receptores de órgãos a terem uma maior sobrevida.”(6) Estatisticamente, o que há é que “a taxa de prolongamento de vida dos transplantes é extremamente elevada. Isso graças não só às técnicas médicas, sempre se aperfeiçoando, mas também pelos esquemas imunossupressores que se desenvolveram e se ampliaram consideravelmente, existindo atualmente esquemas que levam a zero por cento (0%) a rejeição celular aguda na fase inicial do transplante, que é quando ocorrem.”(7)
André Luiz explica que “quando a célula é retirada da sua estrutura formadora, no corpo humano, indo laboratorialmente para outro ambiente energético, ela perde o comando mental que a orientava e passa, dessa forma, a individualizar-se; ao ser implantada em outro organismo [por transplante, por exemplo], tenderá a adaptar-se ao novo comando [espiritual] que a revitalizará e a seguir coordenará sua trajetória.”(8)
Outra coisa importante é que não há reflexos traumatizantes ou cerceadores no perispírito, em correspondência à mutilação do corpo carnal, ou seja, o doador de córneas, por exemplo, não regressará “cego” ao Mundo Espiritual. Se fosse regra geral haver impacto do corpo físico doador no corpo espiritual, o que seria daqueles que têm o corpo carbonizado pelo fogo ou pulverizado numa explosão? O que dizer da cremação, que reduz o cadáver a cinzas? A doação de órgãos para transplantes não afetará o corpo espiritual do doador, a menos que acreditemos ser injusta a Lei de Deus e estarmos no Planeta à deriva da Sua Suprema Vontade. Lembremos que nos Estatutos do Criador não há espaço para a injustiça e o transplante de órgãos (conquista da ciência) é valiosa oportunidade, dentre tantas outras, colocada à disposição do homem para o exercício do amor.

Referências bibliográficas:
(1)          Disponível em  http://ego.globo.com/famosos/noticia/2013/09/enterro-do-carro-de-ch... acesso em 30/10/2013
(2)          Franco, Divaldo Pereira. Seara de Luz, Salvador: Editora LEAL [o livro apresenta uma série de entrevistas ocorridas com Divaldo entre 1971 e 1990.]-
(3)          Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, ditado pelo Espírito Joanna de Angelis. Salvador/BA: Ed. LEAL, 1999, Cf. Cap. Transplantes de Órgãos
(4)          Entrevista de Francisco Cândido Xavier, à TV Tupi, em agosto de 1964, publicada na Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38,
(5)          Cf. Revista Espírita Allan Kardec, ano X, n°38
(6)          Folha de S.Paulo, A3, “Opinião”, 15.Maio.2001
(7)          Entrevista com o Prof. Dr. Flávio Jota de Paula Médico da Unidade de Transplante Renal do HC/FMUSP. 1º Secretário da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Diretor da I Mini Maratona de Transplantados de Órgãos do Brasil. Publicado em Prática Hospitalar ano IV n º 24 nov-dez/2002
(8)          Xavier, Francisco Cândido. Evolução em dois Mundos – Ditado pelo Espírito André Luiz. 5ª Ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed FEB, 1972, cap. “Células e Corpo Espiritual”