quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Quais as conseqüências que o lixo pode trazer ao meio ambiente?


Muito mais que uma solução Reciclar é economizar energia, poupar recursos naturais e trazer de volta ao ciclo produtivo o que jogamos fora. A palavra reciclagem foi introduzida ao vocabulário internacional no final da década de 80, quando foi constatado que as fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis estão se esgotando. Mesmo assim, o assunto parece não interessar grande parte da população, o que é lamentável. Para compreendermos a reciclagem é importante "reciclarmos" o conceito que temos de lixo, deixando de enxergá-lo como uma coisa suja e inútil em sua totalidade. Grande parte dos materiais que vão para o lixo podem (e deveriam) ser reciclados. Tendo em vista o tempo de decomposição natural de alguns materiais como o plástico (450 anos), o vidro (5.000 anos), a lata (100 anos), o alumínio (de 200 a 500 anos), faz-se necessário o desenvolvimento de uma consciência ambientalista para uma melhoria da qualidade de vida atual e para que haja condições ambientais favoráveis à vida das futuras gerações.
 Atualmente a produção anual de lixo em todo o planeta é de aproximadamente 400 milhões de toneladas. O que fazer e onde colocar tanto lixo é um dos maiores desafios deste final de século. A Reciclagem é uma alternativa para amenizar o problema, porém, é necessário o engajamento da população para realizar esta ação. O primeiro passo é perceber que o lixo é fonte de riqueza e que para ser reciclado deve ser separado. Ele pode ser separado de diversas maneiras e a mais simples é separar o lixo orgânico do inorgânico (lixo molhado/ lixo seco). Esta é uma ação simples e de grande valor. 
Os catadores de lixo, o meio ambiente e as futuras gerações agradecem. Benefícios da reciclagem A produção de lixo vem aumentando assustadoramente em todo o planeta. O lixo é o maior causador da degradação do meio ambiente e pesquisas indicam que cada ser humano produz, em média, pouco mais que 1 quilo de lixo por dia. Desta forma, será inevitável o desenvolvimento de uma cultura de reciclagem, tendo em vista a escassez dos recursos naturais não renováveis e a falta de espaço para acondicionar tanto lixo. Todo lixo produzido, normalmente é recolhido pelos caminhões e levado até as centrais de reciclagem e lá é separado e classificado para o reaproveitamento. Muitas famílias sobrevivem da venda deste material. A separação do lixo, orgânico (molhado) do inorgânico (seco), é importantíssima para o processo da reciclagem, uma vez que, quando misturado dificulta no processo de "garimpagem" dos catadores de lixo. Nosso papel neste processo é muito simples: separar o lixo que produzimos. Não é possível reciclar em quantidades significativas se não houver, dentro de nossas casas, empresas e outros estabelecimentos, a separação do lixo por tipos de materiais. Algumas constatações merecem destaque por sua importância: as garrafas de refrigerantes (PET) são transformadas em tecido para fazer calça jeans; uma tonelada de plástico reciclada economiza 130 quilos de petróleo; depois de reciclado, o plástico ainda pode virar carpetes, mangueiras, cordas, sacos, pára-choques; reciclar uma tonelada de papel poupa 22 árvores, consome 71% menos energia elétrica e polui o ar 74% menos do que fabricá-la; diversos tipos de papéis podem ser reciclados sete vezes ou mais. Estes são apenas alguns dos inúmeros benefícios que a reciclagem proporciona à sociedade, à economia, e ao meio ambiente. 
Os perigos da comodidade a praticidade da vida moderna provoca a insensatez do uso indiscriminado dos recursos naturais. Materiais que a natureza leva centenas ou milhares de anos para produzir são transformados em produtos que são utilizados por muito pouco tempo e depois são desprezados, indo parar em praias, parques, ruas ou aterros sanitários. Lá permanecerão por décadas ou mesmo séculos até se decomporem. Exemplos disto são os pratos, copos, garrafas, talheres e fraldas descartáveis. Em 1989, numa limpeza das praias (EUA) foram recolhidos 170.805 talheres de plástico. 100 mil mamíferos marinhos morrem por ano ao comer ou se emaranhar em detritos de plástico. Uma simples fralda descartável leva no mínimo 3 anos para se decompor naturalmente. Segundo pesquisa desenvolvida em 1988, nos Estados Unidos, 414 toneladas de fraldas descartáveis sujas foram jogadas fora por hora. Cerca de 60% de uma fralda descartável são feitos de polpa de madeira. Estes dados são, no mínimo, alarmantes. Muitas pessoas vêem com maus olhos os movimentos de ecologistas e ambientalistas e dizem-se cansadas de ouvirem os discursos por eles proferidos, considerando-os baderneiros, críticos repetitivos ou escandalosos, porém, frente a tantos desastres ambientais ocorridos nas últimas décadas, e à falta de conscientização, é chegada a hora de refletir e valorizar o árduo trabalho destes "guerreiros ambientais". Eles estão aí, em toda parte, para alertarem a população de que se não houver uma mudança de postura frente aos costumes desenvolvidos pela vida moderna, em pouco tempo ocorrerá um colapso ambiental. Uma nova consciência Estamos vivendo uma época de grandes transformações: sociais, econômicas, políticas, ambientais, etc. Estas mudanças que estão acontecendo nem sempre são positivas, como quando o pobre fica cada vez mais pobre, o político fica cada vez mais corrupto, a economia mais decadente com o desemprego e com a falta de recursos para atender as necessidades da população, e o meio ambiente cada vez mais poluído e devastado. 
Desta forma, cai a qualidade de vida urbana e ocorre um descaso muito grande com o meio ambiente, tornando-o cada vez mais danificado. Encarar os problemas ambientais é essencial, pois é dele, do meio ambiente que depende a qualidade de vida da população. É preciso que as pessoas conscientizem-se de preservar o meio ambiente, pois isto sim trará inúmeras melhorias em nossa qualidade de vida. A sociedade pode unir-se e exigir dos órgãos governamentais uma fiscalização das empresas que geram poluição, lixo tóxico, que ocasionam a falta de saúde da população em geral. A economia pode voltar-se para o incentivo à reciclagem, ao reflorestamento, dando oportunidade às empresas que estão inseridas no contexto do meio ambiente, gerando mais empregos. Os políticos deveriam apresentar projetos de preservação do meio ambiente visando a melhoria da qualidade de vida. Se hoje não tivermos uma postura e uma consciência ambiental, reparando os danos causados ao meio ambiente e evitando novos desastres ecológicos, a continuidade e a qualidade de vida estará comprometida. Este sim seria o maior erro que a humanidade poderia cometer contra ela própria.
Fonte(s):

terça-feira, 11 de setembro de 2012

FALTA DE ÁGUA SERÁ PROBLEMA MUNDIAL PARA O SÉCULO XXI.


DESPERDÍCIO, DESCASO E CONTAMINAÇÃO PODEM LEVAR À ESCASSEZ DA ÁGUA. REAVALIAR NOSSAS PRÓPRIAS AÇÕES PODEM AJUDAR EM MUITO!
Desde o surgimento da vida na Terra, a água é o elemento mais importante para a sobrevivência de todos os seres vivos. Sem ela, o planeta seria desabitado. Mesmo assim, a humanidade tem desperdiçado este recurso. Dados da ONU de 2006 revelam que até 2050 mais de 45% da população mundial não terá acesso à água potável.
Uma das teorias para o surgimento da água no planeta foi quando a Terra, até então uma bola incandescente, liberou gases de seu interior. Alguns desses gases eram compostos de amônia, hidrogênio, metano e o vapor d’água. “A água foi liberada através do vulcanismo há bilhões de anos atrás quando o planeta se resfriou”, explicou Waverli Neuberger, doutora em Ciências Biológicas e coordenadora da Agência Ambiental da Universidade.
Metodista de São Paulo. A Terra é composta de 70% de água. A partir deste número, apenas 2,493% são de água doce. “Temos pouca água para o nosso consumo nos rios e lagos, sendo que a maior parte está nas geleiras e aqüíferos (água subterrânea)”, disse Waverli. Segundo ela, países árabes têm levado icebergs içados de navio para suprir a escassez de água em seus territórios, causando um grave impacto ambiental.
O mau uso da água tem causado preocupação em alguns países (em sua maioria europeus) e vários estudos tem sido realizados para tentar sanar o problema. “A revolução industrial não aconteceria sem a água. O ser humano não consegue ver que todos os itens industrializados precisam de água para serem produzidos, inclusive dinheiro”, afirmou o jornalista Roberto Haushahn, que teve a água como tema de seu trabalho de conclusão de curso.
Para fabricar cada quilo de aço são necessários 600 litros de água. Um litro de cerveja precisa de três a quatro litros. “A maior produtora de cerveja do Brasil gasta por ano 30 bilhões de água. Para se fazer uma folha de papel sulfite se gasta 380 litros”, disse Haushahn. “Se todas as pessoas do mundo consumissem como os americanos, seriam necessários cinco planetas Terra”, afirmou.
Previsões afirmam que nos próximos anos a guerra não será mais pelo petróleo e sim devido à escassez dos recursos hídricos. O Brasil é o país mais rico em água disponível para o consumo. Possuí 13,7 % de toda a água potável no mundo. “Se hoje nós temos guerra por causa de petróleo, como será quando a água se tornar escassa? Seremos, no mínimo, alvo”, disse Roberto Haushahn.
Águas subterrâneas poderiam ser uma alternativa para suprir as necessidades futuras. Mas não significa que os problemas acabarão. Um dos maiores aqüíferos do Brasil está no Sul e já abastece cidades próximas. “O Aqüífero Guarani que está no Sul do Brasil é imenso, mas há dados de que já esteja contaminado”, apontou Waverli. Além da contaminação, cidades que estão sob estas águas subterrâneas podem afundar com o uso indiscriminado. Um exemplo é a Cidade do México (MÉXICO), que enfrenta muitos problemas com a drenagem de água.

ÁGUA E SAÚDE!
Da mesma forma que a Terra, o corpo humano é composto em média de 70% de água. A quantidade recomendada para o consumo diário varia de pessoa para pessoa. “A ingestão de água deve ser de 30 milímetros por quilo. Uma pessoa de 70 quilos deve ingerir 2,1 litros de água, por exemplo”, explicou o doutor João Marcos Rezende Mendes, médico cirurgião atuante da rede pública de saúde de São Paulo (SP). Além de consumida ao beber, a água está misturada aos alimentos como frutas, carnes, verduras, sopas, etc.
Atitudes simples do dia-a-dia ajudam a evitar o desperdício de água. Ao escovar os dentes ou lavar a louça evite deixar a torneira aberta o tempo todo, utilizando-a apenas quando necessário. Não se deve tomar banhos muito longos e recomenda- se fechar o chuveiro ao se ensaboar. Segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) 15 minutos de banho com o registro aberto consomem 135 litros de água. A empresa também aconselha a limpar a calçada com a vassoura e não com mangueiras, que consomem 279 litros em 15 minutos de uso. Para os motoristas, lavar seus carros uma vez por mês utilizando um balde e um pano são medidas que podem minimizar o desperdício.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

OS PERÍODOS DO ESPIRITISMO



O imperativo da vida coloca o sujeito como ser co-criador-criativo. Na prática, o ser se constrói e autoafirma através de processo que envolve, desde a experiência (individual e social), o conhecimento intelectual e os sentimentos. Na medida em que o sujeito perde suas certezas metafísicas, como advertiu Jung, ele termina por mergulhar – e por extensão a própria humanidade – numa crise de identidade consigo mesmo. [1]
Nesse sentido, o processo de transformação social da humanidade, não pode ser desvinculado do processo de evolução espiritual do próprio homem. Quanto mais o sujeito se cerca de elementos sobre sua condição profunda, menos “vazio” vive. Na falta desses elementos, o ser humano (que tenta superar esse vazio) termina preenchendo seu “espaço mental” com conquistas externas, importantes, mas sempre vulneráveis.
Na segunda metade do século XIX, Allan Kardec analisou as três fases do Espiritismo e mencionou, em discurso durante a Viagem Espírita de 1862, que a terceira fase seria a da “transformação social.” Um ano depois, ao publicar na Revista Espírita de 1863[2], escreveria a respeito da influência do pensamento espírita na sociedade humana, identificando, agora, seis períodos pelos quais a Doutrina dos Espíritos passaria:

1.Período da Curiosidade
2.Período Filosófico
3.Período da Luta
4.Período Religioso
5.Período Intermediário
6.Período da Renovação Social

O último período mencionado pelo codificador é o que, nesse momento, nos interessa. Kardec volta a insistir numa “renovação social.” Tema que, obviamente, ele já havia tratadoem O Livro dos Espíritos[3] e retomaria numa análise mais detalhada em A Gênese, onde afirmou:  


A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar: o de fazerem que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. Não poderiam consegui-lo nem com as suas crenças, nem com as suas instituições antiquadas, restos de outra idade, boas para certa época, suficientes para um estado transitório, mas que, havendo dado tudo o que comportavam, seriam hoje um entrave. Já não é somente de desenvolver a inteligência o de que os homens necessitam, mas deelevar o sentimento e, para isso, faz-se preciso destruir tudo o que superexcite neles o egoísmo e o orgulho. [4] [Grifos meus]

Allan Kardec reconhece o valor da inteligência, ou da técnica, mas enfatiza a necessidade de “elevar o sentimento”. A noção de sentimento, nesse caso, não implica numa negação do sujeito enquanto ser desejante, mas numa necessária afirmação da sensibilidade, de alguém que consegue perceber o outro, sem ser arrogante. Essa afirmação de Kardec, também, nos leva a pensar sobre a relação entre sentimento-progresso-pensamento, na medida em que o processo de transformação social envolve, de forma determinante, a condição espiritual. Quando os sentimentos nobres iluminam o pensamento, o progresso global supera seus vazios e paradoxos.
Mas também, Kardec ofereceu mais informações sobre o caráter dessa transformação: “Nestes tempos, porém, não se trata de uma mudança parcial, de uma renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma raça. Trata-se de um movimento universal, a operar-se no sentido do progresso moral.”.[5]  A moral é uma questão central dentro dessa ordem de transformações sociais, pois está, também, associada aos sentimentos.
Sabemos que o Espiritismo, no sentido filosófico, compreende a moral enquanto regra de bem proceder. Mas a idéia de moral aqui definida, abarca também o sentido ético, ou seja, essas “regras” devem vir de “dentro” do sujeito. Nesse caso, estamos dizendo que essas regras são “princípios de valores”, conquistados pelo próprio sujeito/espírito.  Portanto, a moral está associada àquilo que podemos chamar de “sentimentos de valor universal”.
Nesse sentido lembremos Léon Denis quando escreveu que: “o estado social não sendo em seu conjunto senão o resultado dos valores individuais, importa antes de tudo de obstinar-nos nessa luta contra nossos defeitos, nossas paixões, nossos interesses egoístas. Enquanto não tivermos vencido o ódio, a inveja, a ignorância, não se poderá estabelecer a paz, a fraternidade, a justiça entre os homens; e a solução dos problemas sociais permanecerá incerta e precária.”[6]
Somos sujeitos da história. Vivemos, é bem verdade, uma crise civilizacional que nos fornecerá novos elementos para retomarmos valores atemporais, esquecidos nas entranhas da pós-modernidade.


[1] BOECHAT, Walter. A Mitopoese da Psique: mito e individuação.Petrópolis-RJ: Vozes, 2008. P. 158-159.
[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita – Dezembro/1863 -  Período de Lutas.
[3] Especialmente nas Leis de Progresso, Sociedade e Destruição. Destacamos, entre outras, as questões: 784, 785, 793, 799 e 800.
[4] KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XVIII – São chegados os tempos. Item 5.
[5] KARDEC, Allan. A Gênese. Cap. XVIII – São chegados os tempos. Item 6.
[6] DENIS, Léon. Socialismo e Espiritismo. 2ed. Matão-SP: Casa Editora O Clarim, 1987. P. 66-67.. 

sábado, 1 de setembro de 2012


O princípio da reencarnação revisitado – Vinícius Lousada

“Pela lei da pluralidade das existências, [o Espiritismo] abre um novo campo à Filosofia; o homem sabe de onde vem, para onde vai, com que objetivo está na Terra. Explica a causa de todas as misérias humanas, de todas as desigualdades sociais; dá as próprias leis da Natureza como base dos princípios de solidariedade universal, de fraternidade, de igualdade e de liberdade, que se assentavam apenas na teoria. Enfim, lança luz sobre as questões mais árduas da Metafísica, da Psicologia e da Moral.” [1]
Um saber espírita
Termo cunhado por Allan Kardec[2] e ensinamento ministrado pelos Espíritos, como informadores da investigação científica levada a cabo pelo mestre lionês, a reencarnação se refere à volta do Espírito à vida corporal.
No Vocabulário Espírita o mestre esclarece que esse retorno do Espírito à vida corpórea pode dar-se em curto ou longo tempo depois da morte, na Terra ou noutras moradas planetárias, sempre em corpo humano pelo fato do Espírito não retroagir em sua escalada evolutiva e tampouco retrogradar a fases infra-humanas. Nada obstante, a cada reencarnação o Espírito pode evoluir de modo mais célere ou lento, conforme o ritmo do seu esforço pessoal no campo do desenvolvimento de seu intelecto e no da sua moralidade, podendo até mesmo estacionar temporariamente em certo sentido.
De uma experiência corporal à outra, o Espírito pode alternar a sua condição social, étnica e cultural, tendo em vista o seu adiantamento através dos diferentes aprendizados que podem ser obtidos na diversidade das circunstâncias materiais que se lhe apresentam, conforme as suas escolhas na erraticidade que, por sua vez, geram provas pertinentes ao crescimento que lhe cabe realizar, ou ainda, expiações que consistem em mecanismos educativos de colheita da semeadura equivocada empreendida outrora.
Um psiquiatra e a sua descoberta da reencarnação
O M.d. Brian Weiss, americano, lidava com seus pacientes mediante os métodos convencionais da psicoterapia, sendo surpreendido pela intervenção dos Espíritos na vida corporal e a pluralidade das existências quando Catherine, uma de suas pacientes, espontaneamente, começou a recordar traumas de vidas passadas que estariam conectados com os transtornos emocionais que enfrentava na vida presente. Contudo, o ceticismo de Weiss foi desafiado pela mediunidade de sua paciente que, em transe, fez narrativas do além da vida a respeito de fatos particulares de seu terapeuta, em especial, sobre o seu pai e filho, ambos desencarnados. Essa experiência singular ele detalha com propriedade em seu Best-seller “Muitas vidas, muitos mestres”.
Desde então a vida de Brian Weiss nunca mais foi igual ao que era. O médico, pós-graduado na Universidade de Columbia e Yale Medical School e presidente emérito do Mount Sinai Medical Center, em Miami, tem-se dedicado à cura de seus pacientes através da terapia de vidas passadas, além de se ocupar em contribuir com a formação de outros profissionais e realizar seminários de âmbito nacional e internacional.
Constatações na terapia de vidas passadas
A seguir, procurarei sintetizar ao leitor alguns aprendizados indicados por Brian Weiss mediante a aplicação da terapia de vidas passadas em busca da cura de seus pacientes[3]. Contudo, é de bom alvitre destacar que a técnica utilizada por Weiss para levar seus pacientes à memória de suas vidas anteriores é a hipnose, aliás, filha do magnetismo de Mesmer e aceita academicamente desde o século XIX, quando difundida pelo Sr. Broca[4].
Do mesmo modo, a meditação é um recurso utilizado pelo médico para ajudar seus pacientes no acesso às lembranças de vidas passadas, trata-se de um meio para fazer a mente ter foco e ativar informações do subconsciente, tendo em vista a superação de conflitos que flagelam os que procuram essa terapia. Jamais fins pueris orientam o quefazer de Brian Weiss. Nesse processo, o paciente não é adormecido e estando consciente faz uso da sua capacidade de discernir, sem perder o autocontrole. As lembranças emergem sob a condução do terapeuta e se manifestam aos pacientes como um filme ou fragmentos mnemônicos.
Em qualquer momento o paciente pode ser desperto. E, assim, Brian Weiss (2009, p. ) sintetiza a regressão:
A terapia de regressão é o ato mental de voltar a um tempo anterior, qualquer que seja esse tempo, a fim de resgatar lembranças que podem influir negativamente na vida atual do paciente e que são provavelmente a fonte de seus sintomas. (…)
Em quarenta por cento de seus pacientes, Weiss identificou a regressão como a chave da conquista da cura completa. Noutros casos, não identificou essa necessidade. Em trezentos de seus pacientes verificou que, com a regressão associada à hipnose, é possível explorar de forma mais profunda o inconsciente. Igualmente, alerta que a carga emocional que surge na regressão demanda que a terapia seja realizada por profissionais com a devida formação na área da saúde mental para ajudar devidamente o paciente a elaborar o aproveitamento da vivência experimentada.
Weiss descobriu que as vivências acessadas pelos seus pacientes apresentam-se em dois padrões: o clássico, com riqueza de detalhes sobre aquela vida e os acontecimentos; e em fluxo de momentos-chave, onde o subconsciente entrelaça lembranças de momentos mais importantes e relevantes das experiências passadas que são capazes de elucidar o trauma oculto, favorecendo a cura.
A hipótese central dele consiste na constatação de que o simples ato de rememorar ou revivenciar um trauma do passado longínquo resulta em cura emocional, tal como ocorre na terapia convencional. Entende que há uma notória possibilidade de que o agente da cura esteja na consciência de que a alma nunca morre e na compreensão das causas profundas dos conflitos psicológicos ou de enfermidades.
Entre os saberes encontrados por Weiss, pela memória que transborda do inconsciente profundo de seus pacientes ou pelo diálogo com os Espíritos orientadores (que ele nomeia por mestres em sua obra), encontramos a imortalidade da alma, a reencarnação, a comunicabilidade entre os que partiram para o além com os que vivem aquém, aliás, muito presentes em experiências espirituais vividas por pacientes terminais, aqueles que transitaram no estado de quase-morte, outros durante as sessões com o terapeuta ou, ainda, de forma particular em momentos de visualização terapêutica ou meditação.
A terapia de vidas passadas demonstrou eficácia em casos de dores crônicas, alergias, asma, estresse, ansiedade, depressão, deficiências imunológicas, úlceras, gastrites, podendo melhorar lesões ou tumores cancerígenos, além de promover a tranquilidade, alegria e vontade de viver. Para o terapeuta, o elemento espiritual da terapia de vidas passadas – a certeza da imortalidade – tem um grande poder curativo ao afastar o paciente do medo e do sofrimento.
Os laços de família são tecidos em razão dos encontros que as vidas sucessivas fomentam, pois, segundo suas constatações, renascemos várias vezes nos mesmos grupos e as simpatias ou antipatias são originadas nessas convivências sadias ou não que se perdem na esteira do tempo. O reconhecimento subconsciente dos encontros familiares do passado dá-se na repulsa ou atração pelo afeto de hoje, de forma espontânea.
O condicionamento do carma é relativo, pois somos sujeitos de nossas escolhas mediante o livre-arbítrio. Não somos determinados por fatores genéticos e ou cármicos, muito embora as nossas ações condicionem de certo modo nossa evolução espiritual e, nesse caso, a terapia de vidas passadas parece fortalecer a vontade do paciente evitando que seja joguete de suas próprias tendências.
As dificuldades e obstáculos superados a cada reencarnação fazem o indivíduo progredir espiritualmente e as circunstâncias mais afligentes devem ser encaradas como “chances de progresso, não de atraso”. (Weiss, 2009, p. 82)
Vale destacar que a terapia de vidas passadas abre um caminho para a espiritualidade, no sentido mais profundo, no cuidado com o paciente e estabelece a possibilidade de um diálogo natural sobre a morte e as doenças, psíquicas ou físicas entre o médico, seus pacientes e familiares.
Outro saber pertinente aos achados de Weiss está na presença dos guias espirituais, os Bons Espíritos responsáveis por bem orientar os sujeitos na presente reencarnação, cujos laços de afinidade podem ser estruturados já em vidas anteriores.  Igualmente, o guia pode se manifestar através de médiuns experientes ou a ele mesmo, mediante o exercício da meditação ou visualização, práticas espirituais que ajudam o paciente na concentração mental.
Certamente o leitor, se for espírita, está pensando que Brian Weiss não nos traz novidade alguma, pois recolhemos esses saberes nos textos de Allan Kardec. Todavia, encontramos na produção escrita de Weiss uma expressiva convergência com o pensamento kardequiano, o que acaba por reforçar não só a atualidade da filosofia espírita, como também, a abertura – ainda que tímida – de outros campos de saber à dimensão espiritual do ser humano. As profícuas descobertas de Weiss pedem ao pesquisador sensato e sem preconceito um contato mais atento com fenômenos dessa ordem e uma curiosidade epistemológica que transcenda as suas verdades pré-concebidas.
E o esquecimento do passado?
Em seu diálogo com o cético, em O que é o Espiritismo?, Allan Kardec aborda o problema do esquecimento do passado que é matéria de objeção pelo inquiridor ao princípio da reencarnação. E, nesse sentido, esclarece o pensador da Doutrina Espírita: “Se em cada uma de suas existências um véu esconde o passado do Espírito, com isso nada perde ele das suas aquisições, apenas esquece o modo por que as conquistou”. [5]
Há um olvido do passado, para a consciência atual do Espírito, cuja finalidade é permitir-lhe novas aprendizagens, a partir dos saberes e vivências adquiridos grafados em seu psiquismo sem estar preso a essas experiências, abrindo-lhe os horizontes do intelecto e da moralidade orientado pelas imensas possibilidades latentes em seu vir-a-ser.
Reencarnado, o ser humano traz de forma intuitiva e em suas ideias inatas o que adquiriu em ciência e em moralidade, mas detalhes das vivências passadas ficam ocultos no inconsciente profundo para que o indivíduo não se prenda a eles, com o risco de caminhar em um círculo vicioso, desviando-se do campo do aprendizado que deve empreender. Caso toda gente se lembrasse de tudo, viveríamos um caos porque com a nossa limitada cosmovisão perpetuaríamos preconceitos, disputas inúteis, ódios e, por certo, exigiríamos na vida presente respeito às prerrogativas que nos foram concedidas no passado, como classe social, valores étnicos e religiosos, enraizando ainda mais em nosso ser as ilusões que nos prendem ao sofrimento nas vidas sucessivas.
Entretanto, ao identificar o esquecimento do passado como uma ferramenta da solicitude de Deus em prol de seus filhos, o Espiritismo jamais fez dele um dogma. Como doutrina progressista, nele não há qualquer prescrição proibitiva nesse sentido, muito pelo contrário, porque tendendo a absorver os progressos científicos de campos distintos do conhecimento, como pretendia Kardec, o Espiritismo é dialógico em relação às contribuições que são confirmadas pelo mais rigoroso e atual método científico.
Aliás, a lembrança de vidas passadas é uma possibilidade do ser humano porque acessadas essas memórias extracerebrais e trazidas para o consciente, se traduzem em experiência transpessoal que fala fundo à alma sobre a sua imortalidade e progressividade espiritual. Esse emergir de lembranças de vidas passadas tem sido alvo de registros de diversos pesquisadores como Albert Rochas (1837-1914), Hernani G. Andrade (1913-2003), Prof. Hamendra Nath Banerjee (1929-1985) e Dr. Ian Stevenson (1917-2007).
Esse fenômeno merece estudo, seja daqueles que se interessam pelo tema, que desejam fazer dele objeto de suas pesquisas ou para os que percebem a fertilidade do diálogo da Ciência Espírita com as pesquisas contemporâneas sobre reencarnação. A lembrança das vidas passadas, enfim, é um fato que colabora com a difusão do princípio da reencarnação e corrobora a terapêutica psicológica que dela se serve e que tem sido útil para o alívio do sofrimento humano. Contrapô-las com as armas da proibição ou discursos em prol de uma cultura do medo, que nada têm a ver com o Espiritismo, é tão ingênuo quanto negá-las por desconhecê-las. Aqui, como noutras questões, o bom senso é sempre bem-vindo.
Vinícius Lousada

[1] Revista Espírita, agosto de 1865. O que ensina o Espiritismo.
[2] Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas. Vocabulário Espírita. REENCARNAÇÃO
[3] WEISS, Brian. A cura através da terapia de vidas passadas. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.
[4] Vide Revista Espírita Revista Espírita de Janeiro de 1860 – O Magnetismo perante a Academia.
[5] KARDEC, Allan. O que é o Espiritismo. 55. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007, p. 127.