quarta-feira, 11 de março de 2020

AMOR DESCARTÁVEL.

Quando chegam as festas de final de ano, multiplicam-se os planos para comemorações.
São dias acelerados, atropelados pelas tantas ações a serem empreendidas.
É comum, se observar, nesse período, um acréscimo do abandono de animais domésticos. São os considerados de estimação, mas que parecem ser de nenhuma estima.
Dezembro e janeiro se constituem em período de muitas viagens. Por isso, reacende a preocupação de autoridades e de defensores dos animais para essa estratégia utilizada por alguns.
O abandono se enquadra no crime de maus-tratos, segundo a Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente.
Para identificar os promotores de tal maldade, câmeras de seguranças de casas e estabelecimentos comerciais têm sido utilizadas.
No entanto, o que precisamos é nos indagar como podemos ter um animal em nossa casa, oferecer-lhe comida, abrigo, carinho durante dez meses e simplesmente descartá-lo.
É o cão que nos aguarda no portão nos oferecendo afagos e latidos.
É o mesmo animal que dorme, muitas vezes, na nossa cama ou dos nossos filhos.
Que mensagem estamos ensinando aos nossos pequenos? De que afeição é descartável? De que afeto não tem importância alguma? É simplesmente algo passageiro, para dias em que não temos algo mais importante a fazer?
Pensamos, acaso, o que acontecerá com o animal? Acostumado ao lar, a tudo receber em horas certas, de forma adequada, onde arranjará comida? Abrigo?
Alguns nem sabem andar em meio ao trânsito e acabam sendo atropelados.
Em nosso país, foi criado o Dezembro Verde, uma campanha que objetiva coibir esse mau procedimento.
E se descartamos animais domésticos, algo mais surpreendente ainda ocorre em alguns lares. O descarte temporário dos idosos.
Não é alarmante que queiramos afastar do lar, das nossas comemorações, o idoso que vive conosco?
Não imaginamos que ele apreciaria gozar das luzes do Natal, das alegrias da ceia em família, da troca dos presentes?
Por que retirá-lo das nossas presenças exatamente em momentos tão significativos?
Se sua fragilidade física ou comprometimento de saúde o exigem, perfeitamente aceitável.
Contudo, importante ponderarmos as razões que nos movem. Lembramos que a História registra as grandes atrocidades que foram realizadas quando a palavra descarte foi utilizada na Humanidade.
Os genocídios nos demonstram que quando a vida humana passa a ser desconsiderada, tudo pode ocorrer.
Começa-se por acreditar na inutilidade de uma pessoa, na sua incapacidade de se autogerir, em sua deficiência física ou mental.
Qualquer item é suficiente para se estabelecer o descarte.
Com certeza não desejamos reprises dessas situações trágicas que, em pleno Século XX, tiveram lugar na Europa e na Ásia.
A vida nos merece respeito. E se iniciamos por sermos cruéis com os animais, não valorizando o que nos oferecem, logo mais estaremos mirando as pessoas.
Pensemos a respeito. Exercitemos o amor.
Amor aos animais. Amor aos seres humanos. Amor à vida.
 Redação do Momento Espirita.

sexta-feira, 6 de março de 2020

FELIZ APOSENTADORIA (do burro).

Nos primeiros anos do Século XX, era comum verdureiros percorrerem as ruas das cidades ofertando os seus produtos, diariamente.
Na cidade de Matão, no interior do Estado de São Paulo, havia um desses que, todas as manhãs, transitava com sua carroça cheia de legumes, verduras e frutas.
Certo dia, ele parou em frente à uma farmácia. Estacionou sua carroça e entrou para comprar um medicamento.
Enquanto era atendido, o dono da farmácia, homem bom, foi até a porta e ficou olhando para o animal atrelado à carroça.
Era um burro velho, maltratado, magro que, muito ofegante, suportava parado o peso enorme do veículo de madeira e das mercadorias. Tinha um aspecto feio.
Notava-se, de longe, que tudo aquilo era demais para ele. Não tinha mais condições de continuar naquele trabalho.
Quando o verdureiro saiu da farmácia, viu o proprietário parado à porta e o cumprimentou:
Olá, senhor Cairbar, tudo bem?
E recebeu, de retorno, uma proposta: O senhor quer me vender o seu burro?
Claro que não, foi a resposta pronta. Preciso dele para me levar, com toda a mercadoria, de um lado a outro da cidade.
Cairbar voltou a insistir: Diga o preço. Quem sabe, faremos um bom negócio.
O verdureiro continuou argumentando que não venderia o animal. Mas Cairbar insistiu e insistiu, até que ele resolveu dar um preço: uma quantia muitas vezes acima do valor real. Era para não vender.
No entanto, Cairbar olhou para o burro, que continuava ofegante, foi para o interior da farmácia, pegou o dinheiro na gaveta e entregou ao dono do animal.
Agora, ele é meu, falou. Pode levar a carroça para casa e depois me traga o burro.
O homem ficou assustado. Olhou para a soma que recebera. Era o suficiente para comprar cinco animais e melhores do que aquele.
Agradeceu e se foi rapidamente. Voltou mais tarde, puxando o burrinho por um pedaço de corda e o entregou ao novo dono.
Cairbar afagou o animal, levou-o devagar para um pasto próximo e o soltou.
A notícia se espalhou pela cidade. Quando os amigos souberam, foram perguntar para que ele queria um animal velho, maltratado, quase morrendo.
E ele respondeu, de forma natural:
Não preciso do animal para nada. Está aposentado. Vai viver seus últimos dias usufruindo desse direito. Merece porque está velho e já trabalhou muito.
E o velho burro viveu sua aposentadoria no pasto, solto. Tudo graças a quem teve olhos de ver e tinha um nobre coração.
* * *
Os animais nos merecem cuidados. Eles nos servem de muitas maneiras e é nossa responsabilidade atendê-los em suas necessidades.
Nas suas enfermidades, necessário que lhes providenciemos os cuidados adequados: a medicação, a cirurgia, os curativos.
E, quando velhos, cansados, aguardam que lhes respeitemos os anos de dedicação que nos ofereceram, seja como animais de estimação ou de outra forma.
Pensemos neles como queridos amigos ou velhos servidores e lhes retribuamos o que nos ofertaram por dias, meses ou anos com carinho, atenção, medicação, cuidados.
Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 4 de março de 2020

VAMOS FALAR DE COISAS BOAS.

De um modo geral, dizemos que o mundo está ruim, que a violência impera em todo lugar, que não se pode andar pelas ruas sem medo.
Também comentamos que as mídias veiculam mais notícias ruins do que boas. E, por isso, acreditamos que o mundo está pior, que existe maldade demais.
Que existem coisas ruins, fatos tristes, não há dúvida. Que existem pessoas que agridem, que furtam, é verdade.
Mas, o que não estamos nos dando conta é de que o número de pessoas boas é muito maior. Por isso, vamos falar de coisas boas?
Vamos falar daquela menina que visitou um dia, um lar de crianças com paralisia cerebral. Ela observou que faltavam cadeiras de rodas, que não havia para todas.
Dias depois, recebeu em sua casa um envelope de agradecimento. Eram quatorze bonequinhos de papel de mãos dadas.
Ela entendeu. Estava de mãos dadas com aquelas crianças. E resolveu provocar sorrisos naqueles rostinhos.
Então, soube que lacres de latinhas de refrigerantes podiam ser reciclados e trocados por cadeiras de rodas.
Com certeza, não seria uma tarefa fácil, considerando que ela precisaria juntar trezentos e cinquenta e dois mil lacres, ou seja, cem quilos de alumínio para conseguir uma cadeira de rodas.
Porém, quem tem luz no coração, não tem limites. Ela fez cartazes, espalhou na escola, escreveu bilhetes para amigos.
Em quatro meses, conseguiu uma cadeira de rodas. A alegria que sentiu pelo que fizera fez com que não parasse a campanha.
A sua mensagem se espalhou. Lacres continuaram a vir de todos os cantos. Empresas aderiram e ela chegou a doar quatrocentas e trinta cadeiras de rodas, pelo Brasil afora.
Em 2014, Júlia Macedo, a menina que desejou espalhar sorrisos, venceu o Prêmio Cidadania, conferido pela Globo Minas, Jornal O Tempo, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e Fundação Dom Cabral.
Quantas Júlias haverá pelo nosso Brasil? No mundo? As boas ações costumam ser discretas e até tímidas.
Foi nosso Mestre Jesus quem lecionou: Não saiba a vossa mão esquerda o que dá a vossa direita.
Ou seja, faz-se o bem pelo bem. Simplesmente assim.
No entanto, boas ações devem ser vistas e alardeadas para que outros sigam o exemplo, para que outros se associem no mesmo plano.
Já se soube de pessoas que saíram de estado depressivo depois de aderir a alguma campanha, se dispor a algum trabalho voluntário.
Como aquela senhora que, sozinha, só pensava em morrer. A vida era algo escuro e vazio.
Até descobrir uma vizinha que inaugurou, em sua casa, uma usina de costura de enxovais para bebês. Ela foi, porque alguém insistiu. Entusiasmou-se com o que viu. Nunca mais parou de colaborar.
E cada vez que nasce um bebê, ela alegra seu coração porque sabe que uma das peças de roupa oferecida foi ela mesma quem confeccionou.
Preencheu o vazio da sua vida. Encontrou uma razão para viver. Afugentou a depressão.
Tudo isso porque fazer o bem faz bem.
Então, continuemos a descobrir e a falar de coisas boas. São muitas. Vamos descobri-las?
Redação do Momento Espírita.