segunda-feira, 31 de dezembro de 2012



Nova Missão dos Espíritas

Nova Missão dos Espíritas

Alkíndar de Oliveira
[Cap. 8 do livro Aprimoramento Espírita - Editora Truffa - www.editoratruffa.com.br]

“Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar, em favor da sua divulgação, hábitos, trabalhos, ocupações fúteis. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão convosco.” — Erasto (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 20 – Os trabalhadores da última hora – Missão dos espíritas)
As palavras do Espírito protetor Erasto não só ressaltam a importância do espírita consciente em divulgar o Espiritismo como nos faz refletir sobre um outro ângulo da necessária divulgação. Leva-nos, as palavras de Erasto, a indagar:
“Será que esse ‘Ide e pregai’ significa pregar as palavras divinas nas Casas Espíritas, apenas?” “Será que Erasto não estava indicando-nos uma amplitude maior, imaginando a importância de pregarmos as palavras divinas não somente nas Casas Espíritas?”
É importante que conscientizemo-nos que é missão dos espíritas divulgar as palavras consoladoras não somente para os espíritas, mas para todas as pessoas. Não teremos dúvida quanto a essa dedução se atentarmos à seguinte frase contida no texto “Missão dos espíritas”: “Certamente falareis com pessoas que não quererão ouvir a palavra de Deus (…)”. Se o Espírito Erasto disse que falaríamos a quem não quer ouvir a palavra de Deus, então não estava referindo-se aos freqüentadores da Casa Espírita. A boa lógica leva-nos a concluir que nossa missão vai além do que hoje estamos fazendo. Precisamos começar uma verdadeira cruzada a favor da divulgação de nossa Doutrina. O culto ao bezerro de ouro precisa ser combatido com todas as forças.
Cruzada?
Combater o culto ao bezerro de ouro?
Ao leitor que se assustou com as palavras “cruzada” e “combater o culto ao bezerro de ouro”, atenção: essas palavras não são do autor deste texto. Elas estão em O Evangelho segundo o Espiritismo, nosso guia de vida. Essas palavras são de Erasto, que disse:
“(…) parti em cruzada contra a injustiça e a maldade. Ide e aniquilai esse culto ao bezerro de ouro, que se expande dia após dia. Ide, Deus voz conduz!”
Talvez o leitor pense: “Será que essas novas atitudes não implicariam em pisarmos em terreno perigoso?”
Caro leitor, Jesus e Kardec, não pisaram em terrenos perigosos? Se Jesus e Kardec foram audaciosos, pisando em terreno “minado”, sendo maltratados, criticados e ultrajados, por que nós espíritas devemos, tranqüilos, continuar sendo levados ao sabor do vento calmo?
Há um grande risco no ar!:
Somos humanos. Isso significa dizer, somos falhos.
E, de repente, ansiosos por seguirmos a sugestão de Erasto, ansiosos por sermos audaciosos, como foram Jesus e Kardec, podemos errar. Podemos colocar os pés pelas mãos. A nossa palavra, não obstante revestida da boa vontade, pode criar polêmicas inúteis. Pode desrespeitar as demais instituições, pode projetar uma imagem negativa do que é ser espírita, e do que é o Espiritismo. Por tudo isso, é importante que saibamos que, para fazer parte do grupo que divulgue o Espiritismo além das quatro paredes do Centro Espírita, é preciso que o espírita-divulgador tenha algumas especiais qualidades, dentre elas:
a. seja um profundo conhecedor da Doutrina Espírita;
b. seja espírita praticante;
c. não faça proselitismo;
d. respeite e valorize todas as instituições religiosas;
e. não entre em polêmicas inúteis;
f. faça prevalecer, nas eventuais discussões, o direito de escolha religiosa;
g. aja sempre com brandura e bom senso.
Sabemos que encontrar pessoas que reúnam todas as qualidades acima não é impossível, mas, também, não é fácil. A tendência natural é que acatem essa missão, os espíritas que mais abraçam as palavras do que os atos. E o ideal seria que estivessem à frente dessa cruzada, aqueles espíritas que mais valorizam os atos do que as palavras. E geralmente, obviamente com exceções, falta a esses por demais sensatos e grandiosos espíritas uma qualidade extremamente necessária no mundo de hoje: falta audácia.
Temos aí um dilema! Os que, por direito adquirido (por serem espíritas exemplares), podem cumprir essa missão, tendem a não cumpri-la. Os que ainda não adquiriram o direito de cumprir essa missão querem cumpri-la.
Uma observação: a afirmação de que os espíritas exemplares tendem a não cumprir essa missão, talvez leve a interpretações de que esses não trabalham a favor do Espiritismo. Não é isso. Todos sabemos que cada vez mais os espíritas estão atuando a favor do Espiritismo, que cada vez mais surgem compêndios e livros esclarecedores, que cada vez mais a união e a unificação têm sido metas de muitas Casas Espíritas. Fácil fica entender a afirmação que “os espíritas exemplares tendem a não cumprir essa missão”, se o leitor não esquecer que esse texto faz referência a um outro ângulo da divulgação, que é a missão de levar o Espiritismo para fora da Casa Espírita. Caro leitor, esse texto que você está lendo deixa de ter sentido caso você já tenha visto em sua cidade, por intermédio de cartazes, e também nos principais jornais, bem como no rádio e na televisão, a divulgação de uma palestra espírita, dirigida aos não-espíritas, cujo tema seja (por exemplo): “Conheça o Espiritismo e acabe com seu preconceito”. Aí vem a pergunta: é comum ocorrerem palestras espíritas dirigidas aos não-espíritas de sua cidade? A resposta, quase que geral, é “não”. Se assim é, estamos bem fazendo nossa parte em relação ao “Ide e Pregai”?
Não podemos postergar essa nossa missão de levar o Espiritismo além das quatro paredes do Centro Espírita.
O desafio aí está!
Joanna de Ângelis, de forma explícita, também reforça a necessidade de levarmos, a outros cantos, a essência da Doutrina Espírita. Nas páginas 175 e 176 do livro psicografado por Divaldo Franco, Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda (Leal), Joanna de Ângelis diz: “cabem neste momento graves compromissos que não podem nem devem ser postergados”. Essa tão querida educadora espiritual passa-nos os quatro procedimentos que cabem aos espíritas e que, repetindo, “não podem nem devem ser postergados”:
I.  proclamar a Era Nova;
II. demonstrar a existência do mundo causal (causa e efeito);
III. demonstrar a anterioridade do Espírito ao corpo; e
IV. demonstrar os incomparáveis recursos saudáveis defluentes da conduta correta, dos pensamentos edificantes, da ação do bem ininterrupto.
Joanna de Ângelis esclarece que os procedimentos acima devem ser demonstrados “pela lógica e pelo bom senso, assim como através da mediunidade dignificada”. Alerta-nos ainda que esses procedimentos devem ser executados pelos “espíritas conscientes das suas responsabilidades – aqueles mesmo que se equivocaram e agora recomeçam em condições melhores”. E ainda complementa: devemos agir “sem qualquer desconsideração pelos diferentes credos religiosos e filosofias existentes.”
Como espíritas, não nos esqueçamos: de nossa missão, segundo Erasto, e dos nossos graves compromissos, segundo Joanna de Ângelis.
Mãos à obra! Sejamos espíritas audaciosos: sem proselitismo e sem desrespeitar as demais instituições religiosas, levemos, além de nossas quatro paredes, as palavras consoladoras de nossa amada Doutrina. 


Alkindar de Oliveira (São Paulo–SP)
Alkindar de Oliveira, Palestrante, Escritor e Consultor de Empresas radicado em São Paulo-SP, profere palestras e ministra treinamentos comportamentais em todo o Brasil. Autor de diversos livros pela editora Truffa

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


 
Fragilidade humana

O invólucro material, em razão da sua pesada estrutura, bloqueia muitas faculdades que são inerentes ao Espírito, quando esse reencarna no orbe terrestre. 
Valores éticos e condutas saudáveis adormecem nos painéis do inconsciente atual, tornando-se necessário especial treinamento para transformar os seus vestígios, em forma de tendências, em manifestações lúcidas que possam assomar à consciência. 
Nada obstante, em razão das heranças do primarismo, com mais amplitude expressam-se, predominando, de alguma forma, em sua natureza animal. 
Arraigadas, as paixões primevas fazem-se mais difíceis de serem eliminadas, por haverem criado automatismos que se tornam hábitos aceitos e de contínuo praticados. 
Denominem-se todos os indivíduos quantos assim se encontram como seres fisiológicos, pela característica dominante dos instintos básicos, não direcionados os sentimentos, ainda, para a razão que os pode transformar, facultando-lhes substituição pelas emoções, num estágio superior de reflexão e de comportamento com objetivos relevantes. 
O ego vigoroso libera a sombra que o segue e as heranças morais doentias dominam-no, permitindo o prolongamento do estágio primitivo. 
Costuma-se justificar a falência dos compromissos elevados com o velho chavão de que a carne é fraca, concedendo-lhe predomínio no direcionamento da conduta moral. 
O ser humano é a essência que comanda a máquina orgânica, que se lhe submete, na exceção compreensível dos fenômenos do automatismo biológico, devendo a mesma conceder-lhe direcionamento equilibrado. 
Se o Espírito ainda permanece adormecido no campo da sua consciência, sem empreender o esforço para o despertamento, repete as existências físicas em um círculo vicioso, sem maior proveito, até quando as Leis da Vida impõem-lhe as expiações retificadoras. 
A reencarnação tem, pois, por objetivo essencial proporcionar o desenvolvimento ético-moral do ser profundo, liberando-o das anfractuosidades primitivas que lhe impedem expressar em plenitude. 
O diamante bruto guarda a estrela refulgente na sua intimidade, e, para libertá-la, sofre a lapidação. 
Como decorrência dessa condição primária, o ser humano que se permite a condição, aceitando-a, sempre é frágil diante dos desafios, tombando na vala do erro, do crime e da perversidade em que mais se compromete. 
Aquele, porém, que se trabalha, elegendo a trilha saudável do bem proceder, faz-se indivíduo psicológico, porque nele destacam-se as manifestações do equilíbrio ético, dos valores dignificantes, da sábia manifestação mental, dos instrumentos conhecidos como virtudes. 
A busca das virtudes e a sua consequente incorporação no cerne do ser é a meta que deve ser vivenciada, facultando o estado numinoso, de conquista do reino dos céus.
*   *   *
Surpreendes-te com a degradação de companheiros que se apresentam com boa compostura exterior, sem a real vivência de tudo quanto aparentam no seu aspecto formal. 
Produzem-te desencanto as defecções morais dos amigos nos quais confias, não correspondendo às qualidades que tipificam o cidadão correto. 
Ralam-te os sentimentos os comportamentos inadequados, soezes, daqueles que sorriem e mentem, afagam-te e traem-te, expressam-te amizade e censuram-te pelas costas. 
A fragilidade humana é responsável por esses acidentes espirituais dos viajores desprovidos das riquezas interiores. 
Esses amigos ainda não conseguem conduzir-se em segurança no patamar da honradez. 
A paixão e a atração onzenária continuam seduzindo-os e arrastando-os aos desvãos da desonestidade. 
Em consequência, sintonizam com outros Espíritos infelizes que os assessoram, seus cômpares talvez de ontem, mas que os aguardarão amanhã após a sua desencarnação. 
Não te constituam motivo de desânimo, porque, em contrapartida, outros Espíritos nobres movimentam-se ao teu lado, sustentando-te os esforços e os ideais de beleza e de vida. 
O mau exemplo de alguns deve servir-te de lição para que porfies nos compromissos elevados que abraças. 
Apieda-te dos desonestos, dos desertores, dos que enganam, considerando as resistências morais frágeis que se permitem com a concordância da consciência anestesiada. 
Despertarão mais tarde açodados pela culpa, seguidos pelas suas vítimas clamando por justiça. 
Ninguém foge de si mesmo.
Aqueles que sempre transferem as responsabilidades dos seus deslizes aos outros, não se conhecem, e, na sua insânia, acreditam-se vítimas, apresentam-se como sendo perseguidos. 
No âmago do ser, porém, eles sabem, eles vivem despidos de aparências enganosas perante a sua razão. 
De tua parte, faze-te forte, embora a condição humana, porquanto cada qual torna-se o que cultiva, o que aspira, aquilo por que luta. 
Supera as tentações de qualquer natureza pelo bem proceder e jamais te arrependerás. 
A traição do infiel não pode produzir-te dano, porque ele é quem carrega a responsabilidade do ato infeliz. 
Nunca te facultes o ressentimento em relação aos que te enganam e te vilipendiam, porque estarias vitalizando-lhes a maldade, dando-lhes a atenção que eles desejam. 
Há temperamentos humanos ardentes e de efêmera duração. Assemelham-se ao fogo, que se nutre do combustível que consome, tudo reduzindo a cinzas, quando acaba a chama e o calor.
*   *   *
Há temperamentos humanos suaves como a água gentil em delicada corrente, que dá vida, sustenta-a e permanece fluindo. 
Comparando-os, na sua condição evolutiva, são seres fisiológicos e psicológicos, respectivamente. 
Cabe-te adotar a melhor conduta em tua existência, que te fará arder, aniquilando-te, ou nutrir, vitalizando-te e seguindo sempre contigo. 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em sessão mediúnica de
2 de maio de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
Salvador, Bahia.

Em 3.12.2012

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

“O MAIOR PRESENTE DE NATAL”

Conta-nos Leon Tolstói, que existia na Rússia, um Sacerdote, muito velho, que era Líder de uma comunidade. Tudo que às pessoas precisavam, corriam pedir-lhe e ele, como sempre o fazia, socorria a todos, como um verdadeiro Missionário.
Desde uma simples briga familiar, até doenças contagiosas, todos eram tratados com muito Amor e Carinho. Todos iam desabafar seus problemas e às suas frustrações. O velhinho muito prestativo, sempre tinha uma palavra de Fé e de Esperança, confortando a todos que o procuravam. Tantas curas fez, que começaram a chamá-lo de Santo e santo em russo, quer dizer “Startzy”.
O problema, é que durante o atendimento, o “Startzy” recebia toda vibração inferior, vinda do sofrimento das pessoas, mesmo assim doava energia boa, numa troca maravilhosa de fluídos. Aquilo foi abatendo-o e como estava cumprindo seus últimos momentos no plano físico, cada vez mais, ficava enfraquecido, levando-o a procurar ajuda. Não sabendo como tratar com aquela situação, recebendo toda aquela vibração contrária, desconhecendo outros meios, começou a fazer penitência, duas vezes por semana sem comer e duas vezes sem dormir.
Se ele já estava mal. Sem comer e sem dormir, ficou ainda muito pior, quase chegando ao desencarne... E sentindo que estava partindo, pensou, “Se eu partir, quem vai socorrer meus Irmãos?” Num gesto extremo, ajoelhou-se e gritou: “SE TEM ALGUÉM AÍ EM CIMA, ME SOCORRA QUE ESTOU INDO EMBORA”. Aquilo foi a maior Prece que podia ter feito e depois de longas noites sem dormir, o “Startzy” conseguiu fechar os olhos por uns momentos... E dormiu, assim que desdobrou, recebeu a visita de uma Entidade do Espaço, um Irmão da mais alta hierarquia, que lhe deu às mãos e disse-lhe: “Startzy”, deixe o seu corpo dormindo e vamos dar uma volta, para você sair desta inferioridade e conhecer um pouco do Universo. Mesmo não enxergando, ofuscado pela intensidade da Luz que a Entidade irradiava, em função da Confiança depositada no Excelso visitante, começou a chamá-lo de “Paizinho”.
Durante a volitação (viagem astral), o “Startzy” olhava para baixo e via... sofrimentos, miséria, trevas exteriores, tudo branco, 30 graus abaixo de zero; mas olhava para cima e via... águas cristalinas, pássaros multicolores, muita Paz, muita beleza, muita Alegria, que era enriquecida por um perfume delicioso, inebriante, que lhe penetrava os escaninhos da alma.
O “Startzy” tentava saber onde estava, mas era tanta emoção, que a sua voz estava embargada e nada conseguia falar. Depois de viajar por muito tempo, vendo coisas deslumbrantes, chegaram a um lugar, que era o máximo da beleza, da perfeição e da justiça. O Padre, num esforço adicional, superando às próprias forças gritou: “Mas Paizinho, aqui parece o Céu...”. 
“MAS AQUI É O “CÉU...”confidenciou o Mentor.
O Padre não se conformando com aquela rogativa, disse: “Mas Paizinho, se aqui é o Céu, cadê o trono de DEUS, e o trono de Jesus e os Anjos, os Arcanjos, os Querubins e os Serafins?”. 
A Entidade, usando toda a sua elevação e Sabedoria, afirmou... “O trono de DEUS é o Universo e os Anjos, os Arcanjos, os Querubins e os Serafins... somos nós mesmos, depois de dominar às más paixões, as inferioridades, os atrasos e às ignorâncias”.
O “Startzy”, não entendendo nada, replicou: “Mas Paizinho estão os Santos não são criaturas à parte da Natureza, como a Religião explica?” “Não, não e mais uma vez não...” contrargumentou a Entidade. “Os Santos, somo nós mesmos... toda vez que falamos uma palavra de Conforto, de Carinho, de Incentivo e de Coragem, somos Santos, toda vez que damos às mãos a um Irmão e o levantamos, somos Santos” Mais uma vez sem entender o que via, o Padre, completamente emocionado, perguntou: “Mas Paizinho, então o Universo funciona com tanta simplicidade e tanta singeleza assim?” “É assim” posicionou a Entidade.
Aí o Padre voltou ao corpo, acordou no dia seguinte... e continuou a sua nobre tarefa, rezando a missa todos os dias, sem muitas alterações. Mas uma coisa ele mudou, quando vinham confessar, ele não atendia como antes, em pé, cheio de arrogância, com o dedo em riste, deixando o Irmão sofredor, ajoelhado, fazendo penitência.
Depois dessa maravilhosa viagem astral, o “Startzy” convidava o Irmão necessitado, a aguardar o término das missa e convidava-o a sentar embaixo de uma árvore, ao lado de um riacho... no verdadeiro Templo da Natureza e falava de Irmão para Irmão, num grande elo de Fraternidade e Amor, pois descobriu, depois dessa linda passagem, que era ele o endividado para com a comunidade e que aquela, era uma grande oportunidade, que o Supremo Arquiteto do Universo, em sua Infinita Misericórdia, lhe dera, para restabelecer-se perante a Lei Eterna de Amor, ou seja... O MAIOR PRESENTE DE NATAL, que já recebera.

E NÓS?... FELIZ NATAL...NÃO ESQUEÇA DO ANIVERSARIANTE!

domingo, 23 de dezembro de 2012


Elementos Gerais do Universo

No post de hoje, trataremos de um tema pouco discutido no meio espírita - apesar de ser um tema extremamente importante: os Elementos Gerais do Universo.

Deus, espírito (com 'e' minúsculo) e matéria constituem o princípio de tudo o que existe: a trindade universal.
E como já abordamos a ideia de DEUS em posts anteriores, vamos, hoje, falar um pouco sobre ESPÍRITO e MATÉRIA.

ESPÍRITO
Princípio inteligente do Universo.
O espírito independe da matéria, embora a união de ambos seja necessária para que se dê vida à matéria orgânica.

MATÉRIA
Agente, intermediário através do qual e sobre o qual atual o espírito.
A matéria existe em diversos estados, inclusive tão etérea e tão sutil que escapa inteiramente ao alcance de nossos sentidos.

E pq a diferença entre Espírito (com 'e' maiúsculo) e espírito (com 'e' minúsculo)?
Espírito faz referência à individualidade humana, dotada de razão. Por sua vez, espírito é a designação do princípio inteligente do Universo.

Em O Livro dos Espíritos, o tema é abordado a partir da questão de número 21. Algumas delas trazemos para o post de hoje:


22. Define-se geralmente a matéria como sendo o que tem extensão, o que é capaz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
“Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.”

a) — Que definição podeis dar da matéria?
“A matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.”
Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxílio do qual e sobre o qual atua o espírito.

23. Que é o espírito?
“O princípio inteligente do Universo.”

a) — Qual a natureza íntima do espírito?
“Não é fácil analisar o espírito com a vossa linguagem. Para vós, ele nada é, por não ser palpável. Para nós, entretanto, é alguma coisa. Ficai sabendo: coisa nenhuma é o nada e o nada não existe.”

24. É o espírito sinônimo de inteligência?
“A inteligência é um atributo essencial do espírito. Uma e outro, porém, se confundem num princípio comum, de sorte que, para vós, são a mesma coisa.”

25. O espírito independe da matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som o é do ar?
“São distintos uma do outro; mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a matéria.”

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o espírito?
“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas, ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o espírito possa exercer ação sobre ela. (...)”

28. Pois que o espírito é, em si, alguma coisa, não seria mais exato e menos sujeito a confusão dar aos dois elementos gerais as designações de matéria inerte e matéria inteligente?
“As palavras pouco nos importam. Compete-vos a vós formular a vossa linguagem de maneira a vos entenderdes. As vossas controvérsias provêm, quase sempre, de não vos entenderdes acerca dos termos que empregais, por ser incompleta a vossa linguagem para exprimir o que não vos fere os sentidos.”


E aqui terminamos o post de hoje.
O abraço fraterno de sempre e até a próxima!!

sábado, 22 de dezembro de 2012

Os avanços da ciência da alma


Uma pesquisa inédita usa equipamentos de última geração para investigar o
 cérebro dos médiuns durante o transe. As conclusões surpreendem: ele
 funciona de modo diferente.

DENISE PARANÁ, DA FILADÉLFIA, ESTADOS UNIDOS 

Estávamos no mês de julho de 2008. Na Rua 34 da cidade da Filadélfia, nos Estados 
Unidos, num quarto do Hotel Penn Tower, um grupo seleto de pesquisadores
 e médiuns preparava-se para algo inédito. Durante dez dias, dez médiuns 
brasileiros se colocariam à disposição de uma equipe de cientistas do Brasil e dos
 EUA, que usaria as mais modernas técnicas científicas para investigar a controversa
 experiência de comunicação com os mortos. Eram médiuns psicógrafos, 
pessoas que se identificavam como capazes de receber mensagens escritas ditadas
 por espíritos, seres situados além da palpável matéria que a ciência tão bem 
reconhece. O cérebro dos médiuns seria vasculhado por equipamentos de alta 
tecnologia durante o transe mediúnico e fora dele. Os resultados seriam
 comparados. Como jornalista, fui convidada a acompanhar o experimento. Estava
 ali, cercada de um grupo de pessoas que acreditam ser capazes de construir pontes
 com o mundo invisível. Seriam eles, de fato, capazes de tal engenharia?


MEDIUNIDADE SOB INVESTIGAÇÃO
Uma médium brasileira psicografa no laboratório do
Hospital da Universidade da Pensilvânia

(Foto: Denise Paraná/ÉPOCA)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


 
Será que Deus sabe o número do meu CPF?
Décio Iandoli Júnior (Santos/SP)


Como é o seu Deus?
Não que exista mais de um, mas, devido nossa profunda ignorância e incapacidade de entendê-lo, de saber o que Ele significa, cada um de nós constrói um deus próprio, e ai é que começamos nossa discussão.
Vou contar-lhes quem é o meu deus, como eu o construí. Parto das seguintes premissas:
Deus é a origem e causa primária de todas as coisas, eterno e perfeito. Ele é infinitamente bom e justo.
Acredito que este é o máximo que podemos compreender Dele, pois como já disse Huberto Hodem: Que deus seria esse que em tua inteligência coubesse?
Da causa primária e da inteligência suprema surgiu e surge todo o resto, incluindo nossas inteligências, entretanto, este deus sabe onde você mora? Sabe o número do seu telefone? O número do seu CPF? Um deus onipresente e onisciente saberia isso?
No meu ponto de vista não, pois Ele é a causa primária e não a causa imediata de todas as coisas, do contrário não existiriam injustiças, violências, tristezas, apenas amor e perfeição. Assim, nós somos a causa imediata de nossos corpos, de nossas alegrias e também de nossas tristezas, não Deus.
Nossa ignorância e primitividade nos distanciam Dele, nossa incompetência ou inabilidade para entendê-lo é flagrante, mas ainda assim, somos capazes de senti-lo e é este o grande canal para nos conectarmos a Ele, que sempre está próximo de nós.
O deus que eu concebi em minha mente e em meu coração, criou todas as leis naturais do(s) universo(s) e ordenou todas as suas possibilidades de maneira a uma geração infinita destinada (e aqui podemos realmente usar a palavra destino), à felicidade e ao bem estar. Desta forma, não pode haver nada sobrenatural, já que Ele não faria nada que não fosse perfeito. Portanto, as leis naturais são perfeitas, sendo assim, não pode existir nada acima disso, sobre o natural.
Seguindo este pensamento descarto os milagres e o sobrenatural, ficando apenas com o “místico” que denota o misterioso, o não entendido, não compreendido, o ignorado; este sim, um campo quase infinito, ou talvez infinito, a ser explorado por nossas consciências.
Este meu deus não estruturou suas leis de forma a permitir nenhuma possibilidade de involução, ou de se perder, por qualquer motivo, uma inteligência, energia ou sabedoria, simplesmente porque tudo é perfeito e infinito na sua criação.
O meu deus não criou a Terra, mas quem a criou já têm conhecimento suficiente de suas leis e possibilidades para fazê-lo, assim como o meu deus não criou meu corpo, fui eu, plasmando-o a partir do conhecimento que amealhei em experiências anteriores, nas quais fui conduzido e auxiliado por outras inteligências maiores que a minha.
Sendo assim, apesar da onisciência que Ele tem, não sabe o número do meu CPF (isso não importa), não sabe o meu nome (que nome seria o meu?), Não sabe o que se passa na minha vida, quais são os pequenos e ingênuos motivos das minhas dores e das minhas angústias, mas sabe que existo, sabe em que ponto estou da evolução, e que evoluo.
Creio que Deus está em tudo e que tudo esta em Deus.
Nós somos compostos de trilhões de células, mas você sabe se elas estão metabolizando glicose ou proteínas neste momento? Você sabe se aquela sua hemácia foi destruída pelo baço hoje ou ontem, ou se será amanhã? Sabe se sua última refeição trouxe aquela vitamina que seus neurônios estavam querendo tanto? Pois é assim que eu consigo entender a relação de Deus conosco, como se nós fossemos uma célula do tecido divino.
Esta visão parece produzir um deus distante, indiferente, será?
A física quântica observa que a causa da ordem vai ficando mais oculta conforme esta ordem ganha magnitude em seus níveis de complexidade, e que a média dos eventos a nível subatômico podem sim, trazer manifestações a nível celular, apesar de que o comportamento independente das partículas se anula conforme vence estes níveis de complexidade. Mas podemos usar, também, o conceito de que a matéria tende ao caos, e que a anulação da entropia depende de uma força organizativa, uma inteligência, uma vida.
Usando um ou outro conceito, ou mesmo os dois, pois não são excludentes, outrossim complementares, vamos chegar à conclusão que Deus, sendo a causa primária e origem de todas as coisas, estando no início e na base do progresso das individualidades, não pode ser identificado à não ser que retornemos, ponto a ponto, magnitude a magnitude até o encontrarmos como fonte única e inesgotável de tudo.
Isto nos obriga a admitir co-criadores, ou seja, as inteligências criadas pelas leis naturais, e que também evoluem segundo tais leis, criam, ou melhor dizendo, co-criam os universos em que existem e interagem, portanto, participam da sua criação. André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier já nos trouxe este conceito, e nos coloca como co-criadores menores enquanto que espíritos como o de Jesus, por exemplo, são co-criadores maiores.
Por isso, quando me perguntam se Deus criou a terra, a resposta é sim, porque ele criou tudo o que existe, e não, porque quem a organiza e desenvolve, desde o início, são as inteligências co-criadoras do universo, no caso do nosso planeta, acreditamos tenha sido Jesus com uma vasta equipe de arquitetos e especialistas que, como ele, ascenderam a altos níveis de consciência e sabedoria das leis naturais criadas por Deus.
Se me perguntam se foi Deus que me criou, a resposta é sim, porque ele criou tudo o que existe, mas não, se for me reportar ao fato de que sou produto da evolução e conseqüência das leis naturais que Ele determinou. Se a pergunta for referente ao meu corpo, ai então que a resposta é não mesmo, pois eu mesmo estruturei-o segundo minhas condições atuais de desenvolvimento e as leis naturais às quais estou submetido.
Num primeiro momento este meu deus me deixou desamparado, ou seja, eu costumava acreditar que Ele estava ao meu lado (literalmente), e eu cheguei à conclusão de que Ele está, mas não está. Está porque Ele está em tudo e tudo está Nele, mas não está, porque me parece agora, uma visão pueril Dele, segundo nossa necessidade de acreditarmos existir um “pai” que garante nosso amparo e nossa felicidade, façamos as coisas de um jeito ou de outro.
Gostamos de acreditar no deus que sabe o número do nosso CPF, que sabe onde trabalhamos e como vivemos nossas vidas, e me refiro a Ele como Pai, que ele é, já que nos criou como criou tudo o que existe, mas pelo motivo errado, pois uso o deus paternalista, para justificar meus erros e as suas conseqüências. Não gostamos de assumir nossos erros e preferimos atribuir a outros, as conseqüências menos felizes de nossos atos e pensamentos, usando um deus antropomórfico e paternalista para justificar nossa falta de compromisso com a vida e com o nosso processo de aprendizado e evolução.
Este Deus, que parece distante, mas não está, é Aquele ao qual eu devo me ligar para me sentir bem, e posso fazer isso pela prece, onde tenho a oportunidade de fazer uma conexão com o fluxo universal de idéias e acompanhá-lo na direção Dele, esclarecendo sobre mim mesmo e comungando com outras inteligências que estão ao meu lado ou à minha frente na escala evolutiva. É a estes “irmãos”, co-criadores maiores, a quem devo me reportar para pedir ajuda e orientação, eles sim sabem o meu CPF, eles estão fazendo parte de uma rede infinita de inteligências, em um patamar mais alto do que aquele no qual nos encontramos agora, e é com eles que nos relacionamos em nível espiritual.
Esta idéia de Deus que eu construí na minha cabeça e no meu coração, não diminuiu o respeito ou a fé que eu tenho, mas pelo contrário, tornou-o mais real e menos antropomórfico, colocando mais responsabilidade sobre mim mesmo acerca da minha vida e de tudo o que me cerca, pois Ele não escreveu o roteiro da minha vida, eu mesmo faço isso, ele não vai salvar o planeta de nossa irresponsabilidade, ele não me pune nem me agrada, mas permite que eu exista, que eu aprenda, que eu crie, que eu evolua, segundo os caminhos que escolho e percorro, posto que se eu tiver a infelicidade de tomar o caminho errado, as leis naturais tratarão de me empurrar de volta.
 Por isso, pare de pedir para Deus fazer você passar na prova do concurso, estude; pare de pedir a Ele para encontrar um amor na sua vida, procure-o; pare de pedir para ter um emprego bom com um salário melhor ainda, qualifique-se; pare de reclamar que a vida não tem sido justa com você, pois ela é muito mais do que justa, ela te empurra para o caminho certo, mesmo que você relute.
Não coloca na mão de Deus a sua responsabilidade, não espera que Ele conduza sua vida, assume a direção, esta tarefa e sua, ele não sabe o número do seu CPF.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Os Mitos e as Verdades sobre as Células-Tronco

Os Mitos e as Verdades sobre as Células-Tronco

Dr. Décio Iandoli Júnior *


A questão 353 do Livro dos Espíritos trata do seguinte:
- A união do espírito e do corpo não estando completa e definitivamente consumada senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo alma?
R – O espírito que o deve animar existe de alguma forma, fora dele. Ele não tem, propriamente falando, uma alma, pois a encarnação está somente em vias de se operar; mas está ligado à alma que o deve possuir.
André Luiz nos conta, pela orientação de Alexandre em “Missionários da Luz”, que a encarnação só se completa por volta dos sete anos de idade, porém, ela se inicia na concepção, ou seja, no momento da fecundação do ovócito materno pelo espermatozóide paterno; a partir daí, inicia-se o “continuum” (1), com a construção do corpo físico pelo perispírito, ou como colocou o Dr. Hernani Guimarães Andrade, pelo Modelo Organizador Biológico (MOB).
Sendo assim, não poderíamos ter outra atitude a não ser a de respeitar o indivíduo como ser encarnado desde a fecundação e geração da célula original (o zigoto), evitando interpretações outras que poderiam abrir questão quanto ao momento em que temos ou não temos um ser encarnado, e que tem levado muitos companheiros de doutrina a discutir, equivocadamente, os direitos do embrião.
Sabemos ainda, pela própria descrição da reencarnação de Segismundo, feita no mesmo livro (Missionários da luz) psicografado por nosso querido Chico Xavier, que a ligação fluídica, entre a mãe e o reencarnante, se dá antes mesmo da fecundação, e que o processo de ligação ao zigoto completa este processo de instalação da interface físico-etérica, dando início à reencarnação.
Se unirmos, em laboratório um ovócito e um espermatozóide, pelas técnicas já disponíveis, conseguiremos o desenvolvimento de um embrião, mas não teremos a certeza de que este é viável ou não até o momento de seu implante no útero.
Acreditamos que tal dificuldade se dê, entre outros motivos, pela ausência de um espírito reencarnante ligado a estes embriões, com conseqüente ausência de um MOB, o que inviabiliza a diferenciação celular e a organização espacial do novo corpo em desenvolvimento, interrompendo o projeto biológico.
A “maquinaria” celular, o alto grau de fluido vital das células embrionárias e o automatismo celular conseqüente a estes dois primeiros fatores podem garantir o desenvolvimento inicial deste embrião, antes que se torne necessário o início da diferenciação celular, mesmo na ausência de um espírito reencarnante.
Sendo assim, é teoricamente viável aceitar que, muitos dos embriões concebidos “ in vitro ” não estão dotados de espíritos reencarnantes, entretanto, este raciocínio não da nenhuma margem para acreditarmos que, neste tipo de fertilização, nunca haverá ligação com espíritos, o que só ocorreria no momento do implante no útero, coisa que nem sabemos se é possível ou não.
Classificar todos os embriões concebidos “ in vitro ” como sendo montículos de células desprovidas de espírito não é apenas uma suposição, mas é também, na minha opinião, bastante improvável.
Como vimos, ainda não temos como saber ou afirmar, se determinado embrião tem ou não um espírito reencarnante, contudo, acredito que não estão muito longe os recursos para fazê-lo; seja através da verificação da reprogramação epigênica, que foi relatada no trabalho do Dr. Kevin Eggan (2) e que pode significar a instalação de um novo espírito (3), ou seja pela identificação de campos biomagnéticos utilizando-se um Tensionador Espacial Magnético (TEM) como o que foi idealizado pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade (4) . Até lá, não havendo como provar se há ou não um reencarnante ligado àquele embrião, devemos tratá-los todos da mesma forma, ou seja, o benefício da dúvida deve estar, sempre, em favor da vida. Diante desta constatação, ou seja, da impossibilidade de afirmarmos, utilizando-se dos conhecimentos doutrinários, se há ou não um espírito em determinado embrião, e por não ser este, via de regra, o parâmetro utilizado pela sociedade para tomar suas resoluções éticas, creio que nos resta consultar a ciência e os seus conceitos clássicos para o caso em questão. Devemos buscar na embriologia a resposta à nossa pergunta: O embrião é um ser vivo?
Antes de continuarmos esta argumentação, deve ficar claro que: pela visão da biologia e pela visão legal, até o presente momento, não há, nenhuma diferenciação entre o embrião “ in vivo ” e “ in vitro ”, sendo assim, o que considerarmos para um, devemos considerar para o outro.
Buscando nos livros de embriologia encontramos no primeiro capítulo do “Embriologia Clínica” de Keith L. Moore , a definição de Zigoto como "u ma célula resultante da fertilização de um ovócito por um espermatozóide, e é o início de um ser humano ".
Diante desta afirmação, compartilhada pela grande maioria dos embriologistas, à partir da fecundação, já temos um ser humano vivo que, conseqüentemente, deve ser respeitado e preservado como tal, não cabendo nenhuma “flexibilização” deste conceito, como se tem feito por ai, em prol de interesses outros que não o da ética e da dignidade humana.
Posto isso, colocamos na mesa de discussões um argumento poderoso trazido à tona pelos utilitaristas e materialistas, defendendo o sacrifício dos embriões em nome das vidas que serão resgatadas com o avanço da promissora terapêutica com células tronco.
Um primeiro ponto deve ser considerado antes de adrentarmos aos fatos relacionados com as atuais pesquisas neste campo, ponto este que nos remete a outra questão ética:
Existe uma classificação de vidas, ou seja, existem vidas que valem mais que outras por qualquer motivo? É lícito eliminar uma vida para salvar ou ajudar outras tantas?
Os utilitaristas podem achar que sim, ou seja, um embrião que nem se parece com um ser humano, assemelhando-se a uma ameba ou coisa que o valha, poderia ser destruído sem problemas, para que pudéssemos ver paraplégicos andando, vítimas de acidentes cardiovasculares reabilitados, doentes saindo das filas de transplantes, num grande e poderoso apelo que comove e convence, pois “somente os religiosos radicais poderiam ser contra o avanço da ciência que trará tantos benefícios para a humanidade, simplesmente por imporem seus dogmas irracionais”. Será que a questão se resume a isso?
Convido-os a ver a questão por um outro ângulo, pois se há uma classificação para as vidas, se determinada pessoa vale mais que outra, então seria lícito sacrificar os detentos e assassinos para que doassem seus órgãos, beneficiando cerca de cerca de 6 pessoas cada um, além de diminuir os gastos do estado com o sistema penitenciário. O argumento utilitarista justifica, também, os avanços realizados na neurologia pelo Dr. Mengele, que se utilizava de pessoas que iriam “morrer de qualquer maneira”, para fazer seus experimentos em seres humanos, sem nos esquecermos que os nazistas acreditavam que os judeus tinham menos valor que os arianos.
É possível que o leitor ache minhas colocações muito dramáticas, mas é extremamente importante, em favor da coerência e da verdade, que nós possamos estabelecer conceitos básicos sobre o que é vida, sobre sua valorização, e a partir de então sermos sempre coerentes com estes conceitos, inflexíveis quanto às bases que eles geram, evitando argumentações oportunistas que superficializam a questão para gerar a permissividade que muitos procuram.
Como diz o Professor Alberto Oliva (5): "A crescente transformação do conhecimento científico aponta para o risco de as biotecnologias virem a tratar o homem não como um fim em si mesmo, mas como meio" . O utilitarismo traz de volta o mote romano: " A tua morte é minha vida ". Estamos diante de uma questão de princípios fundamentais, ou seja, devemos respeitar a vida humana em qualquer circunstância, todos os seres humanos devem ter os mesmos direitos e, finalmente, a vida humana começa no momento da fecundação. Somente estes preceitos primordiais, que já estão estabelecidos há muito, podem nortear nossas decisões sobre as questões bioéticas, do contrário, perderemos todos os limites morais.
O segundo ponto que gostaria de explorar, diz respeito ao atual estágio em que se encontram as pesquisas com as células tronco:
As células tronco são células indiferenciadas, ou seja, células com potencialidade de se transformar em qualquer outro tipo de tecido especializado do organismo, como por exemplo, uma célula de músculo cardíaco, um neurônio, uma célula hepática, etc.
Podemos obter este tipo de células de embriões, as células tronco embrionárias (CTE), ou de nosso próprio organismo, as células tronco adultas (CTA), presentes em todos os nossos tecidos, mas principalmente, na medula óssea.
Inicialmente se pensava que as CTA não teriam a mesma versatilidade que as CTE, e que sua vitalidade seria menor, por isso, teoricamente, as CTE foram apontadas como a melhor opção para o desenvolvimento de técnicas terapêuticas, entretanto, já se caminhou muito com as pesquisas utilizando-se CTA e o que se tem visto é que elas têm a mesma versatilidade das CTE, pois já se pode produzir até células embrionárias a partir de CTA (6), além do que são mais “dóceis” que as CTE, prestando-se facilmente a culturas em laboratório, o que é extremamente importante. Até o momento, todos os resultados positivos alcançados com células tronco, foram obtidos com as CTA, um dos motivos mais óbvios para tais resultados é que estas células são retiradas do próprio paciente, sendo assim, não são, na maioria das vezes, rejeitadas pelo organismo. As pesquisas com células embrionárias, apesar de terem, teoricamente, maior potencial de diferenciação, não tem trazido bons resultados nos estudos já realizados em animais; a revista Lancet de 10 de julho, traz um artigo de Allegrucci e col , que afirmam que as células tronco de embriões congelados, estão muito longe de serem a mais perfeita fonte de CT para terapia, além do que, foram observados casos de teratomas, um tipo de câncer extremamente invasivo e grave.
Apenas recentemente, um grupo coreano (chefiado pelo Dr. Woo Hwang ) obteve sucesso com a cultura de CTE. Trata-se de uma linhagem celular que, o próprio autor admite, foi conseguida “por acaso”, ou seja, não se sabe como ou porque deu certo, fato que tem trazido como conseqüência, muitas dificuldades para manter e fazer crescer estas culturas. É oportuno que se diga que, as linhagens do Dr. Hwang foram obtidas utilizando-se a clonagem humana(7), para em seguida, utilizar-se estes embriões como doadores de células, o que é mais um aspecto ético a ser considerado, além do que, este ainda é o único caso de sucesso de cultura destas células em laboratório, registrado na literatura. Parece consenso entre os pesquisadores da área, que a utilização de embriões congelados, devido a um processo chamado de metilação do DNA ao qual são submetidos, dificulta sobremaneira qualquer tipo de tentativa de gerar culturas, passo fundamental para o início dos trabalhos que tentarão chegar à utilização terapêutica destas células, já que, para se ter uma idéia, no auto-transplante de CTA obtidas da medula óssea, utiliza-se em torno de um bilhão de CTs por mililitro, injetando-se 40 mililitros de um concentrado destas células na região lesada através de um cateter introduzido na artéria femoral, seja no caso de infarto do miocárdio ou de doença de Chagas (trabalhos já publicados pelo Dr. Dohmman, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro, e do Dr. Ricardo Ribeiro dos Santos, na Bahia). Podemos concluir, portanto, que o número de CTE obtidas pelos coreanos ainda é irrisório e inútil para as tentativas terapêuticas pretendidas.
Em entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, a professora Alice Teixeira Ferreira alerta para as dificuldades que tem sido relatadas com as pesquisas com CTE:
“(...)o grupo do Dr. Murdoch, da Universidade de Newcastle, Reino Unido, que é uma das 5 equipes de pesquisa a receberem aprovação para pesquisar em as CTEHs, em seu trabalho publicado agora em setembro na revista Reproduction, 2004Sep:128(3),259-67) afirmam:
-a cultura contínua das CTEHs num estado indiferenciado requer a presença de uma camada de células de roedores e de hormônios de crescimento liberados pelas mesmas, havendo o risco de transferência de patógenos (vírus ou bactérias causadores de doenças). Caso contrário elas começam a se diferenciar descontroladamente, gerando uma mistura de diferentes tecidos, perdendo a sua propalada característica de pluripotência.
-as CTEHs demonstram grande instabilidade genômica e durante o crescimento a longo tempo apresentam modificações funcionais inesperadas;
-as CTHEs quando injetadas nas patas posteriores de roedores imunossuprimidos geram tumores embrionários (teratomas) em 50% dos animais. Estas " descobertas" mostram que esses pesquisadores não entendem nada de Biologia Celular, pois nós, que pesquisamos na área há 15 anos com cultura de células, já evidenciamos todos estes problemas com as chamadas células de linhagem, obtidas de tumores ou desdiferenciadas e eternalizadas.”
A pergunta que se faz neste momento é: Porque dividir a atenção e os recursos entre dois tipos de terapia, ou seja, com CTA e CTE, se apenas o primeiro tem trazido resultados alentadores, além de não ferir nenhum preceito ético?
A Doutora Líliam Piñero Eça(8), pesquisadora da UNIFESP afirma: “O futuro da ciência está nas células-tronco adultas desde 2001, e no estudo dos fatores epigenéticos, pois as células embrionárias até o momento causam câncer e rejeição”
Assistimos recentemente a votação da lei de biosegurança cercada de uma “pressão social” que, na minha opinião, foi criada sinteticamente por uma exposição assimétrica do tema pela mídia. Acredito que a opinião pública não foi devidamente esclarecida quanto a esta questão, pôde-se ver na televisão, portadores de deficiência física chorando, emocionados, com a aprovação da lei, o que mostra como eles foram iludidos, pois possibilidades teóricas foram colocadas como verdades, alguns pesquisadores chegaram a colocar prazos de 2 a 5 anos para a obtenção de resultados práticos, sendo que não se sabe nem se estes objetivos poderão ser alcançados, quanto mais estabelecer um tempo para que isso ocorra.
Na ciência, não ha como prever resultados, pois ela trata, justamente, de explorar o desconhecido, hipóteses consideradas como verdadeiras por muitos anos, já se mostraram falsas, assim como, objetivos que pareciam inatingíveis, foram alcançados. Trabalhar pelo desenvolvimento da ciência é uma obrigação de todos, estudar todas as possibilidades de progresso também, mas não se podem garantir resultados, principalmente quando estas promessas geram falsas expectativas em pessoas tão sofridas, manipulando suas esperanças.
Criou-se uma ilusão perigosa a respeito do assunto e, conseqüentemente, uma opinião equivocada. O argumento de salvar vidas com porções de células que iriam "para o lixo" é imoral, minimizando e "coisificando" o embrião.
O que mais preocupa, com relação a este tema, é que abrimos um grave precedente, pois agora, o embrião desrespeitado e desclassificado como ser humano, possibilitará tornar lícito também o aborto, tanto que, os grupos pró-aborto tem intensificado muito suas campanhas iniciando a abordagem pela legalização do aborto dos anencéfalos. Recentemente o ministério da saúde divulgou norma facilitando o aborto de vítimas de estupro, não exigindo qualquer tipo de comprovação do fato, e tentando eximir o médico de qualquer responsabilidade legal, abrindo uma brecha para a institucionalização do aborto generalizado.
Já que o embrião congelado não é vida, porque o embrião no útero é? A noção da população sobre o que é um zigoto, um embrião ou um feto é muito pobre, facilitando a campanha em favor do aborto.
Alguns médicos já defendem a interrupção da gestação de fetos portadores de qualquer anomalia, inclusive síndrome de Down. Onde vamos parar? Qual é o limite ético que se estabelecerá?
O que está em questão agora não é o benefício para a ciência e sim o benefício para a humanidade, o que pode não significar a mesma coisa, já que, em termos de ciência, toda e qualquer possibilidade de estudo ou pesquisa, é sempre “benéfica”, pois traz conhecimento, mesmo que este conhecimento seja a constatação de que não é possível atingir as metas inicialmente traçadas por aquela linha de pesquisa; entretanto, devemos levar em consideração as questões éticas, já que os fins não justificam os meios.
Deveríamos estar discutindo a regulamentação da produção de embriões com fins reprodutivos, e o fato de não os utilizar, ou de que eles serão descartados de qualquer maneira, não pode ser justificativa para a utilização dos mesmos com fins científicos.
O que deve ficar bem claro é que, um embrião é considerado, pela própria ciência materialista, como um ser humano vivo, devendo portanto, ser respeitado como tal.
O mundo vai evoluir sempre, pois é este nosso destino inexorável; vamos conquistar tecnologias cada vez mais importantes, entretanto, devemos escolher qual preço estamos dispostos a pagar por isso, quais os caminhos que devemos seguir.
O uso de CTE humanas não é necessário para o avanço da ciência neste momento, acredito que, pelos trabalhos já desenvolvidos com as CTA, chegaremos a grandes conquistas, e o estudo dos fatores epigenéticos, acabarão por nos conduzir ao conceito de "Modelo Organizador Biológico", ou perispírito, o que nos trará a possibilidade de, por exemplo, "construir" órgãos em laboratório à partir de células tronco do próprio paciente, para um "auto-transplante", fundando a “engenharia de órgãos e tecidos”.
A despeito de nosso otimismo e entusiasmo, não percamos a serenidade, nem dispensemos a segurança no avanço da ciência, pois não temos como fazer juízo ético daquilo que não conhecemos completamente.
Sigamos confiantes e dedicados nos estudos e no desenvolvimento das CTA, dominando cada vez mais e melhor suas possibilidades, e enquanto isso, muita prudência e responsabilidade.
Veja o que nos trouxe Emmanuel, pelas mãos de Francisco Cândido Xavier, muito antes de surgirem as possibilidades que atualmente discutimos:
"O homem desejou recursos para mais facilmente abrir estradas e a divina providência lhe suscitou a idéia de reunir areia e nitroglicerina, em cuja conjugação despontou a dinamite. A comunidade beneficiou-se da descoberta, no entanto, certa facção organizou com ela a bomba destruidora de existências humanas.
O homem pediu veículos que lhe fizessem vencer o espaço, ganhando tempo, e o amparo divino ofereceu-lhe os pensamentos necessários à construção das modernas máquinas de condução e transporte. Essas bênçãos carrearam progresso e renovação para todos os setores das aquisições planetárias, entretanto, apareceram aqueles que desrespeitaram as leis do transito, criando processos dolorosos de sofrimento e agravando débitos e resgates, nos princípios de causa e efeito.
O homem solicitou o apoio contra a solidão psicológica e a Eterna Bondade, através da ciência, lhe concedeu o telégrafo, o rádio, o televisor, aproximando as coletividades e integrando no mesmo clima de aperfeiçoamento e cultura. Apesar disso, junto desses nobres empreendimentos, surgiram aqueles que se valem de tão altos instrumentos de comunicação e solidariedade para a disseminação da discórdia e da guerra.
O homem rogou medidas contra a dor e a Compaixão Divina lhe enviou os anestésicos, favorecendo-lhe o tratamento e o reequilíbrio no campo orgânico. Ao lado dessas concessões, porém, não faltam aqueles que transformam os medicamentos da paz e da misericórdia em tóxicos de deserção e delinqüência.
O homem pediu a desintegração atômica, no intuito de assenhorear mais força, a fim de comandar o progresso, e a desintegração atômica está no mundo, ignorando-se que preço pagará o Orbe Terrestre, até que essa conquista seja respeitada fora de qualquer apelo à destruição. Como é fácil observar, Deus concede sempre ao homem as possibilidades e vantagens que a inteligência Humana resolve requisitar à Sabedoria Divina. Por isso mesmo, as calamidades que surjam nos caminhos da evolução no mundo, não ocorrem obviamente, sob a responsabilidade de Deus.(9)
NOTAS: 1) Para os embriologistas Moore e Persaud, na página 2 do livro “Embriologia Humana” : “O desenvolvimento humano é um processo contínuo que começa quando um oovócito de uma mulher é fertilizado por um espermatozóide de um homem. O desenvolvimento envolve muitas modificações que transformam uma única célula, o zigoto (ovo fertilizado), em um ser humano multicelular. ” (voltar)
2) EGGAN, K., RIDEOUT III, W.M., JAENISCH, R. Nuclear cloning and epigenetic reprogramming of the genome. Science , v. 293, p.1093-98, aug.2001 (voltar)
3) Ver argumentação no capítulo III do livro “A reencarnação como lei biológica” do mesmo autor deste artigo. (voltar)
4) No livro “Espírito, perispírito e alma” encontramos o embasamento teórico deste postulado do Dr. Hernani, e em seu livro “A mente move matéria” no adendo do escrito por Y. Shimizu, encontramos a descrição dos aparelhos TEM e TEEM. (voltar)
5) Retirado de entrevista à revista “Médico Repórter” de 13 outubro de 2004, dada pela professora Alice Teixeira Ferreira, livre doscente de biofísica da UNIFESP/EPM, área de Biologia Celular, estudiosa de CTAs da medula óssea há 6 anos. (voltar)
6) Trabalho realizado pelo Dr. Rudolf Jaenisch, do prestigiado Instituto Whitehead nos Estados Unidos, e pesquisador do mesmo grupo do Dr. Kevin Eggan, já citado anteriormente. Publicado na revista Cell de maio de 2005. (voltar)
7) Esta linhagem foi obtida de 30 embriões humanos pela transferência nuclear das células cúmulos do próprio ovário para os mais de 200 óvulos de suas respectivas doadoras. Obviamente estes 30 embriões humanos tiveram de ser mortos para se obter as suas células, sendo que cada um deles forneceu entorno de 150 células. (voltar)
8) Biomédica, doutora em biologia molecular pela UNIFESP, autora do livro “Biologia molecular, guia prático e didático”. (voltar)
9) Retirado do livro “Busca e acharás”, editora Ideal, 1995.

(*) Dr. Décio Iandoli Júnior é médico cirurgião, doutor em medicina pela UNIFESP-EPM, professor titular de Fisiologia dos cursos de Biologia, Fisioterapia e Farmácia da UNISANTA em Santos, S.P., professor responsável pela disciplina de Saúde e Espiritualidade do curso de Gerontologia desta mesma universidade, atual vice-presidente da Associação Médico-Espírita de Santos e colaborador do Centro Espírita Dr. Luiz Monteiro de Barros em Santos, S.P. Autor dos livros “Fisiologia Transdimensional”, “Ser Médico e Ser Humano” e “A Reencarnação como Lei Biológica” editados pela FE editora jornalística.