sábado, 19 de agosto de 2023

UMA TRISTE REALIDADE No final da tarde fria, recebo a visita inesperada dos meus dois filhos. Um é médico, o outro engenheiro. Ambos bem sucedidos em suas profissões. Há menos de uma semana, sofri a morte da minha amada esposa. Ainda me sinto abalado pela perda que mudou o rumo e o sentido da vida para mim. Sentados na mesa da sala de uma casa simples e simples, onde moro agora sozinho, começamos a conversar. O tema é sobre o meu futuro. Um frio está me correndo pelas costas. Logo eles tentando me convencer de que o melhor pra mim é viver em um lar de idosos. Eu reajo... Argumento que a sombra da solidão não me assusta e a velhice, muito menos. Mas meus filhos insistem "preocupados"? Lamentam, entretanto, que as dependências dos seus amplos apartamentos à beira-mar estejam ocupadas e, portanto, eu não possa estar nem com um, nem com outro... assim dizem eles. Além disso, meus filhos e noras vivem ocupados. Então eles não teriam como me ver. Isso sem contar com meus netos, eles estudam quase o dia todo, impossível. Em meu favor, argumento já sem muita convicção que, nesse caso, eles bem poderiam me ajudar a pagar uma cuidadora. Na minha frente, o médico e o engenheiro dizem que seria necessário, na verdade, "três cuidadoras em três turnos e todas com carteira assinada". O que seria, em tempos de crise, uma pequena fortuna no final de cada mês. Me recuso aceitar a proposta de morar em um abrigo. E aqui vem outra sugestão: eles me pedem que eu devo vender a casa. O dinheiro servirá para pagar as despesas da casa para onde eu vou por um bom tempo, para que ninguém se preocupe. Nem eles, nem eu. Eu me rendo aos argumentos por não ter mais forças para enfrentar tanta ingratidão e frieza. Fechei meus lábios e não falo do sacrifício que fiz a vida inteira para financiar os estudos de ambos. Não digo que deixei de viajar com a família para algum passeio, frequentar bons restaurantes, ir a um teatro ou trocar de carro para que nada lhes faltasse. Não valeria a pena alegar tais fatos nessa altura da conversa. Daí, sem dizer uma palavra, eu resolvo juntar meus pertences. Em pouco tempo, vejo uma vida inteira resumida em duas malas. Com elas, embarco para outra realidade, muito mais difícil. Um lar para idosos, longe dos filhos e netos. Hoje nos braços da solidão reconheço que pude ensinar valores morais aos meus filhos. Mas não consegui transmitir a nenhum dos dois uma virtude chamada GRATIDÃO. A culpa é nossa pelo quanto sempre lhe estamos dando o que eles querem ou pedem, quando devemos ensinar-lhe que eles devem "ganhar". O quê? Trabalhando com esforço, ajudando a limpar a casa, cozinhar, lavar louça etc. , para quando chegarem a adultos saibam que as coisas se conseguem com esforço e sejam responsáveis e gratos, amem seus pais por terem ensinado a serem bons filhos. A juventude atual te procura quando quer algo, quando precisa de você, mas como é lógico existem suas exceções. A gratidão tem que ser forjada, não vem incluída no coração dos humanos, a não ser que tenha sido incutido amor e temor a Deus em primeiro lugar. Peço desculpas por manifestar o que penso, mas devem saber que quando se tornarem "velhos" vão querer ser bem tratados pelos seus filhos e/ou netos e isso não se consegue com dinheiro mas sim com a bondade plantada nos seus corações. Haverá pais que estão a tempo de forjar sentimentos. Deus tenha misericórdia das novas gerações. "Para os últimos tempos haverá filhos amadores de si mesmos, indiferentes, egoístas, vangloriosos, desleais que gozam da injustiça e se afastam da verdade"» (anônimo)

quarta-feira, 27 de maio de 2020

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO.

No século 19, um fenômeno agitou a Europa: as mesas girantes. Nos salões elegantes, após os saraus, as mesas eram alvo de curiosidade e de extensas reportagens, pois moviam-se, erguiam-se no ar e respondiam a questões mediante batidas no chão (tiptologia). O fenômeno chamou a atenção de um pesquisador sério, discípulo do célebre Johann Pestalozzi: Hippolyte Léon Denizard Rivail. Rivail, pedagogo francês, fluente em diversos idiomas, autor de livros didáticos e adepto de rigoroso método de investigação científica, não aceitou de imediato os fenômenos das mesas girantes, mas estudou-os atentamente, observou que uma força inteligente as movia e investigou a natureza dessa força, que se identificou como os “Espíritos dos homens” que haviam morrido. Rivail fez centenas de perguntas aos Espíritos, analisou as respostas, comparou-as e codificou-as, tudo submetendo ao crivo da razão, não aceitando e não divulgando nada que não passasse por esse crivo. Assim nasceu O livro dos espíritos. O professor Rivail imortalizou-se adotando o pseudônimo de Allan Kardec. A Doutrina codificada por ele tem caráter científico, religioso e filosófico. Essa proposta de aliança da Ciência com a Religião está expressa em uma das máximas de Kardec, no livro A gênese: “O espiritismo, marchando com o progresso, jamais será ultrapassado porque, se novas descobertas demonstrassem estar em erro sobre um certo ponto, ele se modificaria sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceitará”.

quarta-feira, 11 de março de 2020

AMOR DESCARTÁVEL.

Quando chegam as festas de final de ano, multiplicam-se os planos para comemorações.
São dias acelerados, atropelados pelas tantas ações a serem empreendidas.
É comum, se observar, nesse período, um acréscimo do abandono de animais domésticos. São os considerados de estimação, mas que parecem ser de nenhuma estima.
Dezembro e janeiro se constituem em período de muitas viagens. Por isso, reacende a preocupação de autoridades e de defensores dos animais para essa estratégia utilizada por alguns.
O abandono se enquadra no crime de maus-tratos, segundo a Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente.
Para identificar os promotores de tal maldade, câmeras de seguranças de casas e estabelecimentos comerciais têm sido utilizadas.
No entanto, o que precisamos é nos indagar como podemos ter um animal em nossa casa, oferecer-lhe comida, abrigo, carinho durante dez meses e simplesmente descartá-lo.
É o cão que nos aguarda no portão nos oferecendo afagos e latidos.
É o mesmo animal que dorme, muitas vezes, na nossa cama ou dos nossos filhos.
Que mensagem estamos ensinando aos nossos pequenos? De que afeição é descartável? De que afeto não tem importância alguma? É simplesmente algo passageiro, para dias em que não temos algo mais importante a fazer?
Pensamos, acaso, o que acontecerá com o animal? Acostumado ao lar, a tudo receber em horas certas, de forma adequada, onde arranjará comida? Abrigo?
Alguns nem sabem andar em meio ao trânsito e acabam sendo atropelados.
Em nosso país, foi criado o Dezembro Verde, uma campanha que objetiva coibir esse mau procedimento.
E se descartamos animais domésticos, algo mais surpreendente ainda ocorre em alguns lares. O descarte temporário dos idosos.
Não é alarmante que queiramos afastar do lar, das nossas comemorações, o idoso que vive conosco?
Não imaginamos que ele apreciaria gozar das luzes do Natal, das alegrias da ceia em família, da troca dos presentes?
Por que retirá-lo das nossas presenças exatamente em momentos tão significativos?
Se sua fragilidade física ou comprometimento de saúde o exigem, perfeitamente aceitável.
Contudo, importante ponderarmos as razões que nos movem. Lembramos que a História registra as grandes atrocidades que foram realizadas quando a palavra descarte foi utilizada na Humanidade.
Os genocídios nos demonstram que quando a vida humana passa a ser desconsiderada, tudo pode ocorrer.
Começa-se por acreditar na inutilidade de uma pessoa, na sua incapacidade de se autogerir, em sua deficiência física ou mental.
Qualquer item é suficiente para se estabelecer o descarte.
Com certeza não desejamos reprises dessas situações trágicas que, em pleno Século XX, tiveram lugar na Europa e na Ásia.
A vida nos merece respeito. E se iniciamos por sermos cruéis com os animais, não valorizando o que nos oferecem, logo mais estaremos mirando as pessoas.
Pensemos a respeito. Exercitemos o amor.
Amor aos animais. Amor aos seres humanos. Amor à vida.
 Redação do Momento Espirita.