Brigadas indígenas combatem o fogo no Parque Indígena do Xingu
Katia Yukari Ono (*)
Teve início, em 10 de agosto, no Parque Indígena do Xingu (MT), a formação de cinco brigadas de prevenção e combate aos incêndios florestais, resultado de uma parceria entre as comunidades indígenas, o Instituto Socioambiental (ISA) e a Empresa Guarany – responsável pelo treinamento e doação dos equipamentos.
Foram realizados treinamentos, durante 20 dias, nas aldeias Ngojhwêrê (povo Kisêdjê), Tuba tuba (povo Yudja), Capivara e Tuiararé (povo Kawaiwete), e Moygu/Pavuru (povo Ikpeng). Essa iniciativa atraiu ainda participantes do Posto Indígena Diauarum e das aldeias Samaúma, Pequizal e Paksamba, totalizando 112 pessoas. Grande parte deste grupo é constituído por jovens, em sua maioria homens, mas conta também com a participação de jovens mulheres, adolescentes e homens mais velhos.
Os trabalhos focaram três linhas de ação: uso, manutenção e funcionamento dos equipamentos; prática de queimadas controladas ou planejadas – levando em conta a construção de aceiros, linhas de segurança e abordando questões como hora mais propícia para a queima – e combate de incêndios florestais.
Nas aldeias Ngojhwêrê, Tuiararé e Moygu, os participantes se depararam com a realidade dos incêndios que já estavam ameaçando as florestas mais próximas. Apesar do pouco tempo que tiveram nas ações de combate ao fogo nessas florestas, foi possível testar o que foi aprendido no treinamento, ainda que fosse necessário mais tempo para controlar efetivamente essas queimadas. Os índios estão mobilizados para procurar soluções que segurem o fogo até o período das chuvas que se inicia geralmente em outubro.
As práticas de queimada sempre fizeram parte das atividades cotidianas dos povos do Xingu. Fogueiras na beira do rio, dentro de casa, fogo para a colheita do mel, para espantar marimbondos e para preparação das roças são alguns exemplos de seu uso. No entanto, fatores como o aumento do desmatamento no entorno do Parque e a degradação ambiental contribuem para que essas queimadas rotineiras hoje se propaguem com uma rapidez inesperada devido à diminuição da umidade do ambiente.
Diante desta recente condição, as comunidades indígenas se dão conta cada vez mais da necessidade constante de medidas para o controle das queimadas. É nesse sentido que novos treinamentos ainda estão para acontecer no Parque Indígena do Xingu, replicando esta experiência positiva para mais pessoas.
(*) Ecóloga, assessora técnica do Projeto Desenvolvimento de Alternativas Econômicas Sustentáveis e Formação de Agentes Indígenas de Manejo de Recursos Naturais
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