sábado, 14 de setembro de 2013


Clamores


Antonio Cesar Perri de Carvalho

No ambiente das searas espírita e religiosa em geral, há uma ação continuada em defesa da vida, pois nos últimos anos se amiúdam as tentativas de liberação do aborto e até da eutanásia no Brasil. Infelizmente, muitos não se dão contam que tais propostas estão definidas em alguns ideários partidários. As atividades assistenciais executadas com dedicação pelos espíritas há mais de século, hoje sofrem o influxo de legislações complementares, de normas e de pressões que tendem a inviabilizar a opção da entidade se caracterizar como filantrópica. As organizações religiosas como um todo se sentem estranguladas por tentativas de ingerências do Estado e de governos.
Há uma certa confusão entre o fato do Brasil ser um Estado laico, cabendo toda ação de repeito à diversidade religiosa, com as propostas claramente ateístas que têm embasado algumas ações políticas.
A FEB tem participado ativamente de movimentos da sociedade civil e de foros adequados que visam o respeito à vida em todas suas etapas e de eventos que defendam a diversidade religiosa e a ação social por parte de organizações religiosas.
Numa visão espírita, naturalmente somos levados a refletir no conteúdo e vaticínio de Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho, psicografado por Chico Xavier nos idos de 1938. O espírito Humberto de Campos comenta momentos que nos induzem a entender enganos cometidos ao longo do processo civilizatório de nosso país e, inclusive, destaca colocações e alertas dos orientadores espirituais do país. Todavia, deixa clara a destinação e a missão espiritual do país. Já no prefácio previa-se, há mais de 70 anos atrás: “[…] o Brasil terá também o seu grande momento no relógio que marca os dias da evolução da Humanidade”.
Além dessa monumental obra da lavra mediúnica de Chico Xavier, no marco inaugural do Espiritismo O livro dos espíritos, há significativas questões sobre a vida em sociedade. Especificamente da questão 783, transcrevemos: “Segue sempre marcha progressiva e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade?” Trecho da resposta “Há o progresso regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo não progride tão depressa quanto devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um abalo físico ou moral que o transforma.”; e, assinalamos um trecho comentado pelo próprio Allan Kardec: “O homem não pode conservar-se indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco; germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações.”
O Codificador desenvolve importante raciocínio em Obras Póstumas (1ª parte): “Liberdade, igualdade, fraternidade. Estas três palavras representam, por si só, o programa de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da Humanidade, se o princípio que elas traduzem pudesse receber integral aplicação”.
Parece-nos lícito concluir que temos compromissos com a cidadania. O Espiritismo – como “obra de educação”- se assenta na moral do Cristo, e esta se fundamenta no respeito à vida e ao próximo, na ética e na moral. Tais valores devem ser a grande bandeira para as decisões de foro íntimo e de comprometimento coletivo. A reflexão dos textos do Novo Testamento à luz do Espiritismo são sempre necessárias para compreendermos e buscarmos as novas aspirações para uma Humanidade melhor.


Antonio Cesar Perri de Carvalho é presidente da Federação Espírita Brasileira.

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