sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A QUARTA FORÇA


Os estudiosos da criatura humana, embora os rígidos controles exercidos pelas conquistas freudianas, anelavam por ampliar os horizontes da compreensão em torno de fenômenos complexos e abrangentes, transumanos, capazes de elucidar problemas profundos da personalidade.

As explicações junguianas amplas, procurando enfeixar nos arquétipos todas as ocorrências da paranormalidade, deixaram espaços para reformulações de conceitos e especulações que se libertam dos modelos e paradigmas acadêmicos, atendendo com mais cuidado, e observações menos ortodoxas, os acontecimentos desprezados, por considerados patológicos ou fraudulentos.
Vez que outra, surgiram ensaios e tentativas de ampliação de conteúdos, como efeito das experiências de Rhine, Wilber, Grof, Kübler Ross, Moody Jr., Maslow, Walsh, Vaughan, Assagioli, Capra e outros corajosos pioneiros, que se preocuparam em ir além dos padrões estabelecidos, penetrando a sonda da investigação no inconsciente e concluindo por novas realidades, antes execradas, lentamente acumulando dados capazes de suportar refutação, critica e desprezo.
Era necessário revisar o potencial humano em toda a sua complexidade, sem preconceitos nem receios.
As teorias apressadas, que pretendiam reduzir a alma a um epifenômeno de vida efêmera, vinham sendo superadas pelas pesquisas de laboratório na área da Parapsicologia, da Psicobiofisica, da Psicotrônica e da Ciência Espírita, cujos dados valiosos avolumaram-se de tal forma, com a contribuição da Transcomunicação Instrumental, que não havia outra alternativa senão ampliar o esquema de interpretação do psiquismo, criando-se o que se convencionou denominar como a Quarta Força — além do Comportamentalismo (Behaviorismo), da Psicanálise e da Psicologia Humanista — que é a Psicologia Transpessoal ou profunda.
Indispensável coragem para enfrentar o cepticismo e a arrogância dos acadêmicos, dos reducionistas que, mesmo diante do numinoso, de Jung, permaneciam aferrados ao organicismo e à hereditariedade, aos fatores derivados das pressões de toda ordem, às seqüelas das enfermidades infecciosas, aos traumatismos físicos e psicológicos…
Os avanços da Física Qüântica, a Relatividade do Tempo e do Espaço, a Teoria da Incerteza, abriram perspectivas psicológicas dantes sequer sonhadas, tendo-se em vista o conceito do vir-a-ser.
A abrangência da consciência como estágio mais elevado do processo antropológico-sociológico-psicológico do ser, passou a exigir mais acurada penetração, ampliando o quadro de entendimento dos dementes (autist savant ou sábio idiota), portadores de capacidades e aptidões luminosas, perturbadoras… Revelando-se matemáticos, músicos, artistas plásticos, lingüistas que, de repente, romperam o véu do silêncio e passaram a comunicar-se com lucidez, apresentando dotes de excepcional capacidade realizadora, puseram-se a exigir elucidações que destruam as tradições negativas, atualizando a predominância do Espírito sobre a matéria, da mente sobre o cérebro gravemente danificado, assim demonstrando que preexistem aos órgãos e os sobrevivem, ao invés de serem suas elaborações ou efeitos dos seus mecanismos.
A grandiosa contribuição do pensamento oriental, de Buda a Vivekananda, a Ramakrishna e outros, dos taoístas tibetanos aos físicos nucleares, enseja a revisão dos parâmetros aceitos, bem como dos modelos estabelecidos, propondo a identificação de fórmulas com aparência diversa, no entanto, que se harmonizam, unindo as duas culturas — a do passado e a do presente — em uma síntese perfeita, em favor de um homem e de uma mulher holísticos, completos, ao revés de examinados em partes.
Esse concurso que se vinha insinuando multissecularmente, logrou imporse
através das terapias liberadoras de conflitos, tais a meditação, a respiração,
a oração, a magnetização da água, a bioenergia, os exercícios da tai-chichuan, o controle mental de inegáveis resultados nas mais variadas áreas do comportamento, do inter-relacionamento pessoal, da saúde…
Os diques erguidos pela intolerância romperam-se ante as novas conquistas, e as técnicas regressivas da memória, com exclusiva definição terapêutica, o uso de algumas drogas psicodélicas como o ácido lisérgico, a hipnose, demonstraram que muitos fatores psicopatogênicos são anteriores à concepção do ser, eliminando a predominância genética na condição de desencadeadora de psicoses, neuroses, conflitos e tormentos degeneradores da personalidade…
A telepatia, a clarividência, os fenômenos retro e precognitivos, as ectoplasmias, os deslocamentos de objetos sem contatos e outros facultaram mais acurados exames do indivíduo, que a análise transpessoal pode abordar com segurança ou neles apoiar-se, a fim de solucionar os enigmas predominantes em pacientes marginalizados pelas outras correntes da Psicologia ou facilmente rotulados de psicopatas.
O ser humano é constituído de elementos complexos, que escapam a uma observação superficial.
A conceituação materialista de forma alguma atende-lhe as necessidades éticas e sociológicas, não logrando elucidar o ser psicológico, exceto quando, ignorando-lhe a realidade transcendente, relega-a àindiferença, à desconsideração catalogada de patologia irreversível.
O ser dual — Espírito e matéria — do espiritualismo ortodoxo, permanece incompleto, deixando escapar incontáveis expressões de conteúdo, por falta do elemento intermediário, processador de inúmeros fenômenos que lhe completam a existência.
Somente quando estudado na sua plenitude —Espírito, perispírito e matéria — podem-se resolver todos os questionamentos e desafios que o compõem, alargando-lhe as possibilidades de desenvolvimento do deus interno, facultando completude, realização plenificadora, estado de Nirvana, de samadhi, ou de reino dos Céus que lhe cumpre alcançar.
Essa gigantesca tarefa cabe à moderna Psicologia Transpessoal ou Quarta Força, que inicia um período de real compreensão da criatura como ser indestrutível que é, fadado à felicidade.
O Ser Consciente”

Divaldo Pereira |Franco

  1. Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

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