sábado, 11 de maio de 2013


Mãe: Salvando minha alma da vida (por Rossandro Klinjey)

Mãe: Salvando minha alma da vida
Na escola da vida existem muitos professores e professoras. São os mestres da lida diária que nos ensinam, aqui e acolá, como agirmos no mundo. Alguns deles recebem de Deus o status superior e de forma muito especial nos ensinam, não algumas coisas, mas quase tudo que aprendemos na vida. Com estes aprendemos a sorrir, a falar, a andar, a cair e levantar: -“Pronto! Mamãe tá aqui, foi só um arranhão”; a perder e não desistir: “isso vai passar, tudo passa”. A errar violentamente, se achar com a razão e ficar irritado quando corrigido, mas ouvir: “eu não quero o seu mal, eu lhe amo, digo isso para o seu bem”. Que não perde a fé depois de insistirmos no mesmo erro: “um dia, meu filho, você vai entender”. Que quando maltratada chora, e numa prece silenciosa pede a Deus: “perdoa meu filho pai, ele não sabe o que faz”.

Mãe é ao mesmo tempo médica e psicóloga, sem diploma, mas com doutorado na escola da vida, pois com um simples toque de mão elas conseguem checar a temperatura de nosso corpo, colocando o termômetro só para confirmar o que já sabe, porém com um rápido olhar, um simples e singelo olhar, percebe a temperatura da nossa alma, e mesmo que a gente insista em dizer que está tudo bem: - “Já sou um homem eu sei me virar”, ouvimos: “eu te conheço, não adianta me esconder nada, confie em mim eu sou sua mãe, pra mim você sempre será meu filhinho”. Depois disso só resta deitar no colo dela e deixar que as lágrimas incontidas revelem que no hoje, homem, ainda existe uma criança que tem muito a aprender. Aprender a ser humilde e perceber que só somos o que somos pela conjunção dos muitos amores que Deus colocou em nossas vidas. Aprender a não mais olhar para o céu em busca de anjos, pois eles estão do nosso lado compartilhando a vida conosco, estando nossas mães num estado superior de angelitude, como arcanjos sublimes da criação Divina.

Nada do que façamos poderá quitar a mínima parte da dívida imensa que temos com elas, e ainda assim ouvimos a cada pequeno gesto de retribuição a esse incalculável amor, um emocionado: “muito obrigada meu filho, muito obrigada”. Obrigada por que? Somos nós que temos que agradecer todos os dias a Deus à oportunidade que ele nos dá de retribuir um pouco desse muito que recebemos.

Não vamos esperar que as propagandas do dia das mães venham nos lembrar de nossas compromissos com a vida, pois ela não se desvelou por nós apenas no dia das crianças. Não vamos comprar um presente, por mais caro que seja, apenas para apaziguar nossas consciências, pois o amor precisa de gestos cotidianos de cuidado e zelo, mesmo à distância, já que não foram os carrinhos ou bonecas que recebemos em nossa infância que fizeram a diferença em nossas vidas.

Eu sei que muitos não estão com suas mães presentes para agradecer, pois elas já foram chamadas pelo comandante celeste para se reapresentar no templo do universo. Sei também que essa separação, ainda que momentânea, deixa uma falta irreparável, então faça como uma menina muçulmana que, tendo perdido a mãe na guerra, e com cerca de 5 nos de idade, desenhou-a no chão do pátio do orfanato, deitou-se em posição fetal onde seria o lugar do útero da mãe e deixou as alpercatas de fora, pois é assim que os muçulmanos entrem nos lugares sagrados...

Então faça um desenho, acaricie uma foto, faça uma prece, lembre-se do sorriso, do toque de mão, do cheiro dela, mesmo que isso doa, pois a saudade é amor que permanece no tempo, mesmo na ausência das horas…

À minha mãe gostaria apenas de dizer, tomando por empréstimos a poesia de Maria Gadú:

“De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh'alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu”
Autor:
Rossandro Klinjey  é orador espírita desde 1989, é Psicólogo Clínico, tem Mestrado Saúde Coletiva, é Professor da Facisa FCM e Faculdade Boa Viagem.e participa da ONG Campina Espírita.


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