quinta-feira, 29 de março de 2012



Perante a adolescência

                                                                                                               Keila Lousada[1]
"É na adolescência que o espírito retoma a natureza que lhe é
própria e se mostra qual era." (Livros dos Espíritos - questão 385).
           Nos dias atuais, conviver com adolescentes nos lares ou nas instituições educacionais 
tem sido motivo de receio.
          Esses jovens, recém-saídos da infância, são vistos como seres de outro mundo,
 perdidos, sem salvação.
          Os pais os classificam como “aborrecentes” rebeldes, buscando nos
 consultórios especializados ou nas casas espíritas a explicação para esse
 jeito “jovem” de viver como se não existisse nada além deles mesmos,
 dos seus quartos, computadores, ou amigos...
         Acham, ainda, que o fato deles se vestirem com cores escuras ou 
usarem cabelos longos e coloridos, fazem deles seres deploráveis e estranhos.
         Muitos desrespeitam os filhos, com palavras duras e atitudes ásperas,
obrigando estes a serem como seus pais querem, como se fossem 
destituídos de direitos, gostos, vontades, identidade...
         Parece que esqueceram que suas funções são de educar, orientar, 
exemplificar e amar e, não apenas ordenar, ou ainda, massacrar e desorientar.
        Enquanto isso, os educadores falam sobre eles com indiferença, até 
desgosto mesmo, como se a tarefa de auxiliar na educação moral que lhes cabe, 
 não tivesse razão de ser.
       Infelizmente, no meio espírita nem sempre vemos pais e educadores
 comprometidos com o futuro dos nossos adolescentes.
       Ontem, foram crianças confiadas a nós, para que conduzíssemos 
ao caminho do bem, através das lições do Mestre Nazareno. 
Tivemos bastante tempo, talvez não utilizado a contento,
 para formar-lhes o caráter e minimizarmos as suas deficiências morais
 trazidas do passado.
       Hoje, eles chegam à adolescência, mostrando-se tal qual de fato são,
 conforme dizem os Espíritos Superiores a Allan Kardec.
       Observemos, porém: se fizemos um bom trabalho, dedicando-nos
em apresentar-lhes o caminho reto, sob as diretrizes de Jesus,
tenhamos a consciência tranquila, porque o que nos parece esconderijo
 nesta fase juvenil nada mais é do que momento de reencontro consigo mesmo,
 de descobertas, de autoconhecimento, de autoafirmação. Estejamos certos 
de que a semente do bem que plantamos no seu jovem coração, logo mais florescerá.
     Caso, como pais, tenhamos nos perdido em cobraças apenas, 
deixando a tarefa que nos cabia para os outros, para a vida e para o
 tempo, não percebendo que aquele era o momento ideal de educar,
 recomecemos agora. Olhemos nossas crianças como Espíritos imortais, nossos
 irmãos em Deus.
      Busquemos na prece a inspiração dos amigos espirituais para que
 nos situemos e nos orientemos ante os nossos compromissos como
 pais e como cidadãos do Universo, e iniciemos hoje a realizar a parte 
que nos cabe na Criação. 
      Ofertemos aos nossos jovens o coração amoroso, estendamos as 
mãos carinhosas e oportunizemo-nos diálogo fraterno e franco. 
Ouçamos as suas inquietações e questionamentos, que um dia já
foram os nossos e, esforcemo-nos para compreendê-los e orientá-los, sem jamais 
violentar seus desejos e aspirações. 
          Como educadores, se antes não conseguimos penetrar, por medo ou comodismo, 
o mundo de nossos educandos, revisemos a nossa posição e percebamos que, 
com boa vontade e carinho, será possível participar deste momento especial
 da vida deles, como foi um dia o nosso.
          Não esqueçamos, portanto, que já passamos por situações semelhantes
 às deles, e se tivéssemos tido a atenção devida e a colaboração necessária, 
muitas de nossas inquietações não precisariam tornar-se dores difíceis de acalmar.

[1] Registradora substituta, acadêmica de Pedagogia, expositora espírita, colaboradora 
da S. E. Kardecista/RG e do Setor de Exposição Doutrinária 
da FERGS. Contatos: keila.lousada@hotmail.com

sexta-feira, 23 de março de 2012


A poluição do meio Ambiente*

É caracterizada pela presença de gases tóxicos e partículas líquidas ou sólidas 
no ar.

Os escapamentos dos veículos, as chaminés das fábricas, as queimadas 
estão constantemente lançando no ar grandes quantidades de substâncias
 prejudiciais à saúde.

As causas da Poluição Atmosférica

Nos grandes centros urbanos e industriais tornam-se freqüentes os dias em 
que a poluição atinge níveis críticos.
Os escapamentos dos veículos automotores emitem gases como o monóxido 
(CO) e o dióxido de carbono (CO2 ), o óxido de nitrogênio (NO), o dióxido de
 enxofre (SO2 ) e os hidrocarbonetos. As fábricas de papel e cimento, 
indústrias químicas, refinarias e as siderúrgicas emitem óxidos sulfúricos, 
óxidos de nitrogênio, enxofre, partículas metálicas (chumbo, níquel e
 zinco) e substâncias usadas na fabricação de inseticidas.
Produtos como os aerossóis, espumas plásticas, alguns tipos de extintores 
de incêndio, materiais de isolamento de construção, buzinas de barcos, 
espumas para embalagem de alimentos, entre vários outros liberam 
clorofluorcarbonos (CFCs).
Todos esses poluentes são resultantes das atividades humanas e são
 lançados na atmosfera.

Os efeitos

A emissão excessiva de poluentes tem provocado sérios danos à 
saúde como problemas respiratórios (Bronquite crônica e asma), 
alergias, lesões degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais 
e até câncer. Esses distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e no
 inverno com o fenômeno da inversão térmica (ocorre quando uma camada 
de ar frio forma uma parede na atmosfera que impede a passagem do 
ar quente e a dispersão dos poluentes). Morreram em decorrência desse 
fenômeno cerca de 4.000 pessoas em Londres no ano de 1952.
Os danos não se restringem à espécie humana. Toda a natureza é afetada. 
A toxidez do ar ocasiona a destruição de florestas, fortes chuvas que 
provocam a erosão do solo e o entupimento dos rios.
No Brasil, dois exemplos de cidades totalmente poluídas são Cubatão e 
São Paulo.
Os principais impactos ao meio ambiente são a redução da camada de
 ozônio, o efeito estufa e a precipitação de chuva ácida.

A redução da Camada de Ozônio

A camada de ozônio protege a terra dos raios ultravioleta do sol, que são 
extremamente prejudiciais à vida. Ela está situada na faixa de 15 e 50 Km de
 altitude.
Os CFCs (clorofluorcarbonos) são compostos altamente nocivos a este escudo
 natural da terra. O CFC é uma mistura de átomos de cloro e carbono. Presentes
 no ar poluído, o CFC é transportado até elevadas altitudes quando é bombardeado
 pelos raios solares ocasionando a separação do cloro e do carbono. O cloro, 
por sua vez, tem a capacidade de destruir as moléculas de ozônio. Basta um 
átomo de cloro para destruir milhares de moléculas de ozônio (O3 ) 
formando um buraco, pelo qual, os raios UV passam chegando a atingir a 
superfície terrestre.
Em 1985 os cientistas descobriram um buraco na camada de ozônio sobre a
 Antártida o qual continua se expandindo. A redução do ozônio contribui para 
o efeito estufa.

Efeito Estufa

É a elevação da temperatura da terra provocado pela introdução na 
atmosfera de excessivas quantidades de gases estranhos. O principal agente
 causador do efeito estufa é o gás carbônico (CO2 ) resultante da combustão do 
carvão, lenha e petróleo.
Esse efeito é semelhante à dos vidros fechados de um carro exposto ao sol. 
O vidro permite a passagem dos raios solares, acumulando calor no interior do 
veículo, que fica cada vez mais quente.
As conseqüências desse fenômeno são catastróficas como o aquecimento
 e a alteração do clima favorecendo a ocorrência de furacões, tempestades 
e até terremotos; ou o degelo das calotas polares, aumentando o nível do
 mar e inundando regiões litorâneas; ou afetando o equilíbrio ambiental com o 
surgimento de epidemias.

Chuva Ácida

A queima incompleta dos combustíveis fósseis pelas indústrias e pelos
 veículos produzem o gás carbônico junto com outras formas oxidadas do 
nitrogênio e do enxofre que são liberados para a atmosfera.
Juntando o dióxido de enxofre e o vapor d'água forma-se o ácido sulfúrico que
 cai sobre a superfície terrestre em forma de chuva.
As conseqüências disto são a acidez dos lagos ocasionando o desaparecimento 
das espécies que vivem neles, o desgaste do 
 
solo, da vegetação e dos 
monumentos.
Algumas medidas para solucionar os problemas da Poluição do Ar
A existência de uma rigorosa legislação antipoluição, que obrigue as 
fábricas a instalarem filtros nas suas chaminés, a tratar os seus resíduos 
e a usar processos menos poluentes. Penalizações para as indústrias 
que não estiverem de acordo com as Leis;

domingo, 18 de março de 2012

CARAVANA DA FRATERNIDADE REGIONAL PRIMEIRA FASE

Começamos neste sábado dia 17/03/12, às 09h00min, em São Gabriel, numa reunião histórica, tendo em vista que, esta é a primeira reunião que convencionamos chamar de Caravana da Fraternidade Regional, que tem como objetivo, visitar todas as cidades que fazem parte da 6ª Região Federativa da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, onde foram reunidos dirigentes e trabalhadores, tratando de assuntos doutrinários e de unificação. Veja a foto da reunião de São Gabriel.

Logo a seguir às 15h00min a Caravana dirigiu-se a cidade de Cacequi, reunindo também, dirigentes e trabalhadores numa reunião onde foram abordados vários assuntos de interesse daquela comunidade. (veja foto)
Concluindo os trabalhos desta primeira jornada, reunimo-nos em Rosário do Sul com os dirigentes e trabalhadores, também, em uma reunião memorável, nos dando entusiasmo para continuarmos a caminho na busca de: trabalhar, amar e servir, em nome da venerável Doutrina dos Espíritos. (foto da reunião em Rosário do Sul)

Nesta primeira visitação estiveram realizando as referidas visitações o Presidente, Vice-Presidente do CRE6 e representando a FERGS a irmã Rosi Possebom, a quem nós agradecemos sinceramente pela contribuição eficiente e acima de tudo comprometida com o Movimento de Unificação, nosso agradecimento a irmã Rosi e a Federação Espírita do Rio Grande do Sul.
No dia 24/03/12, sábado, estaremos em Aceguá, Candiota e Pinheiro Machado, esperamos fazermos uma excelente jornada.

quinta-feira, 8 de março de 2012


ESTEJAMOS ATENTOS!


Publicado na Revista Espírita de dezembro de 1863
(Reunião particular. 25 de fevereiro de 1863)
(Médium, Sr. d’Ambel) 
Há no momento uma recrudescência de obsessão, resultado da luta que inevitavelmente devem sustentar as ideias novas contra seus adversários encarnados e desencarnados. Habilmente explorada pelos inimigos do Espiritismo, a obsessão é uma das provas mais perigosas que ele terá de sofrer, antes de se fixar de maneira estável no espírito das populações, por isto deve ser combatida por todos os meios possíveis, e sobretudo pela prudência e pela energia de vossos guias espirituais e terrestres.
De todos os lados surgem médiuns com supostas missões, chamados, ao que dizem, a tomar em mãos a bandeira do Espiritismo e plantá-la sobre as ruínas do velho mundo, como se nós viéssemos destruir, nós que viemos apenas para construir.
Não há individualidade, por medíocre que seja, que não tenha encontrado, como Macbeth, um Espírito para lhe dizer: “Tu também serás rei”, e que não se julgue designada a um apostolado muito especial.
Há poucas reuniões íntimas, e mesmo grupos familiares, que não tenham contado entre os seus médiuns ou seus simples crentes, uma alma bastante enfatuada para se julgar indispensável ao sucesso da grande causa; muito presunçosa para contentar-se com o modesto papel do obreiro que traz a sua pedra para o edifício. Ah! meus amigos! Quanto empenho por pouco resultado!
Quase todos os novos médiuns, em seu início, são submetidos a essa perigosa tentação. Alguns resistem a isso, mas muitos sucumbem, ao menos por algum tempo, até que sucessivos revezes venham desiludi-lo.
Por que permite Deus uma prova tão difícil, senão para provar que o bem e o progresso jamais se estabelecem em vosso íntimo sem trabalho e sem combate; senão para tornar o triunfo da verdade mais brilhante pelas dificuldades da luta? O que querem certos Espíritos da erraticidade, fomentando entre as mediocridades da encarnação essa exaltação do amor-próprio e do orgulho, senão entravar o progresso? Sem o querer, eles são os instrumentos da provação que porá em evidência os bons e os maus servos de Deus. A este, tal Espírito promete o segredo da transmutação dos metais, como a um médium de R...; àquele, como ao Sr..., um Espírito revela supostos acontecimentos que vão realizar-se, fixa as épocas, precisa as datas, nomeia os atores que devem concorrer ao drama anunciado; a tal outro, um Espírito mistificador ensina a incubação dos diamantes; a outros ainda indicam tesouros ocultos, prometem fortuna fácil, descobertas maravilhosas, a glória, as honrarias, etc. Numa palavra, todas as ambições e todas as cobiças dos homens são habilmente exploradas por Espíritos perversos. Eis por que de todos os lados vedes esses pobres obsedados preparando-se para subir ao Capitólio, com uma gravidade e uma arrogância que entristecem o observador imparcial.
Qual o resultado de todas essas promessas falaciosas? As decepções, os dissabores, o ridículo, por vezes a ruína, justa punição do orgulho presunçoso que se julga chamado a fazer melhor que todo mundo, desdenha os conselhos e desconhece os verdadeiros princípios do Espiritismo.
Tanto é a modéstia o apanágio dos médiuns escolhidos pelos bons Espíritos, quanto o orgulho, o amor-próprio e, digamo-lo, a mediocridade são os caracteres distintivos dos médiuns inspirados pelos Espíritos inferiores. Tanto os primeiros desprezam as comunicações que recebem, quando estas se afastam da verdade, quanto os últimos mantêm contra todos a superioridade do que lhes é ditado, mesmo que seja um absurdo.
Daí resulta que, conforme as palavras pronunciadas na Sociedade de Paris, por seu presidente espiritual, São Luís, uma verdadeira Torre de Babel está em vias de edificar-se entre vós. Aliás, fora preciso ser cego ou iludido para não reconhecer que à cruzada dirigida contra o Espiritismo pelos adversários natos de toda doutrina progressista e libertadora, se junta uma cruzada espiritual, dirigida por todos os Espíritos pseudossábios, falsos grandes homens, falsos religiosos e falsos irmãos da erraticidade, fazendo causa comum com os inimigos terrestres, em meio a essa multidão de médiuns por eles fanatizados, aos quais ditam tantas elucubrações mentirosas.
Mas vede o que resta de todos esses andaimes erigidos pela ambição, pelo amor-próprio e pela inveja. Quantos não vistes desabar e quantos ainda vereis desabar! Eu vos digo que todo edifício que não se assenta sobre a verdade, a única base sólida, cairá, porque só a verdade pode desafiar o tempo e triunfar de todas as utopias.
Espíritas sinceros, não vos amedronteis com o caos momentâneo. Não está longe o momento em que a verdade, desvencilhada dos véus com os quais querem cobri-la, sairá mais radiosa do que nunca, e em que a sua claridade, inundando o mundo, fará voltarem para a sombra seus obscuros detratores, por um instante postos em evidência para a sua própria confusão.
Assim, pois, meus amigos, tendes que vos defender, não só contra os ataques e calúnias de vossos adversários vivos, mas também contra as manobras ainda mais perigosas dos adversários da erraticidade. Fortalecei-vos, pois, em estudos sadios, e sobretudo pela prática do amor e da caridade, e retemperai-vos na prece. Deus sempre ilumina os que se consagram à propagação da verdade, quando agem de boa-fé e desprovidos de toda ambição pessoal.
Além disso, espíritas, que vos importam os médiuns que, afinal de contas, não passam de instrumentos! O que deveis considerar é o valor e o alcance dos ensinamentos que vos são dados; é a pureza da moral que vos é ensinada; é a clareza e a precisão das verdades que vos são reveladas; é, enfim, ver se as instruções que vos dão correspondem às legítimas aspirações das almas de escol, e se estão em conformidade com as leis gerais e imutáveis da lógica e da harmonia universal.
Os Espíritos imperfeitos, que representam um papel de apóstolo junto a seus obsedados, bem sabeis, não têm o menor escrúpulo em enfeitar-se com os mais venerados nomes; assim, seria um disparate se eu, que sou um dos últimos e mais obscuros discípulos do Espírito de Verdade, me lamentasse do abuso que alguns fizeram de meu modesto nome; assim, repetirei incessantemente o que dizia a meu médium, há dois anos: “Jamais julgueis uma comunicação mediúnica pelo nome que a assina, mas apenas por seu conteúdo intrínseco.”
É urgente que vos ponhais em guarda contra todas as publicações de origem suspeita que aparecem ou que vão aparecer, contra todas aquelas que não teriam uma atitude franca e clara, e tenhais como certo que muitas são elaboradas nos campos inimigos do mundo visível ou do mundo invisível, com o objetivo de lançar entre vós o facho da discórdia.
Cabe a vós não vos deixardes apanhar, pois tendes todos os elementos necessários para apreciá-las. Mas, tende igualmente como certo que todo Espírito que a si mesmo se anuncia como um ser superior, e sobretudo como de uma infalibilidade a toda prova, é, ao contrário, o oposto do que se anuncia tão pomposamente.
Desde que o piedoso Espírito de François-Nicolas Madeleine teve a bondade de me aliviar de uma parte de meu fardo espiritual, pude considerar o conjunto da obra espírita e fazer a estatística moral dos obreiros que trabalham na vinha do Senhor. Ah! Se tantos Espíritos imperfeitos se imiscuem na obra que perseguimos, tenho o pesar maior de constatar que entre os nossos melhores auxiliares da Terra, muitos vergaram ao peso de sua tarefa e pouco a pouco tomaram a trilha de suas antigas fraquezas, de tal sorte que as grandes almas etéreas que os aconselhavam foram, desde então, substituídas por Espíritos menos puros e menos perfeitos.
Ah! Eu sei que a virtude é difícil, mas nem queremos nem pedimos o impossível. Basta-nos a boa vontade, quando acompanhada do desejo de fazer o melhor.
Meus amigos, em tudo o relaxamento é pernicioso, porque muito será pedido aos que, depois de se terem elevado por uma renúncia generosa à sua própria individualidade, caírem no culto da matéria, e ainda se deixarem invadir pelo egoísmo e pelo amor a si mesmos. Não obstante, oramos por eles e a ninguém condenamos, porque sempre devemos ter presente na memória este ensino magnífico do Cristo: “O que estiver sem pecado atire a primeira pedra.”
Hoje vossas falanges engrossam a olhos vistos e vossos partidários se contam aos milhões. Ora, em razão do número de adeptos, deslizam sob falsas máscaras os falsos irmãos dos quais ultimamente vos falou vosso presidente temporal. Não que eu venha recomendar-vos que não sejam abertas vossas fileiras senão às ovelhas sem mancha e as novilhas brancas; não, porque, mais que todos os outros, os pecadores têm direito de encontrar entre vós um refúgio contra suas próprias imperfeições. Mas aqueles dos quais vos aconselho que desconfieis são esses hipócritas perigosos, aos quais, à primeira vista, se é tentado e conceder toda a confiança. Com o auxílio de uma atitude rígida, sob o olho observador das massas, eles conservam esse ar sério e digno que leva a dizerem deles: “Que criaturas respeitáveis!” ao passo que, sob essa respeitabilidade aparente, por vezes se dissimulam a perfídia e a imoralidade.
Eles são acessíveis, obsequiosos, cheios de amenidades; eles insinuam-se nos interiores; eles entram voluntariamente na vida privada; eles escutam atrás das portas e se fazem surdos para escutar melhor; eles pressentem as inimizades, atiçam-nas e as alimentam; eles vão aos campos opostos, indagando, interrogando sobre cada um. O que faz este? De que vive aquele? Quem é fulano? Conheceis sua família? Depois os vereis ir surdamente desfilar na sombra as pequenas maledicências que conseguiram recolher, tendo o cuidado de envenená-las com untuosas calúnias. “São rumores em que a gente não acredita”, dizem eles, mas acrescentam: “Onde há fumaça há fogo, etc., etc.”
A esses tartufos da encarnação reuni os tartufos da erraticidade e vereis, meus caros amigos, quanto tenho razão de vos aconselhar a agir, de agora em diante, com extrema reserva e de vos guardardes de toda imprudência e de todo entusiasmo irrefletido.
Eu vo-lo disse, estais num momento de crise, dificultado pela malevolência, mas do qual saireis mais fortes, com firmeza e perseverança.
O número dos médiuns é hoje incalculável e é desagradável ver que alguns se julgam os únicos chamados a distribuir a verdade ao mundo e se extasiam ante banalidades que consideram monumentos, pobres iludidos que se abaixam ao passar sob os arcos de triunfo, como se a verdade tivesse esperado a sua vinda para ser anunciada. Nem o forte, nem o fraco, nem o instruído, nem o ignorante tiveram esse privilégio exclusivo, porquanto foi por intermédio de mil vozes desconhecidas que a verdade se espalhou, e é justamente por essa unanimidade que ela soube ser reconhecida.
Contai essas vozes; contai os que as escutam; contai sobretudo aqueles cujos corações elas tocam, se quiserdes saber de que lado está a verdade.
Ah! Se todos os médiuns tivessem fé! Eu seria o primeiro a inclinar-me diante deles. Mas eles não têm, na maior parte do tempo, senão fé em si mesmos, tão grande é o orgulho na Terra! Não, sua fé não é aquela que transporta montanhas e que faz andar sobre as águas! É o caso de repetir aqui a máxima evangélica que me serviu de tema quando me fiz ouvir pela primeira vez entre vós: Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos.
Em suma, publicações à direita, publicações à esquerda, publicações por toda parte, pró ou contra, em todos os sentidos e sob todas as formas; críticas exageradas da parte de pessoas que dele nada sabem; sermões fogosos de pessoas que o temem; em suma, digo eu, o Espiritismo está na ordem do dia. Ele revolve todos os cérebros e agita todas as consciências, privilégio exclusivo das grandes coisas. Todos pressentem que ele leva em si o princípio de uma renovação, que uns apoiam com os seus votos e outros temem.
Mas, de tudo isto, o que restará? Desta Torre de Babel o que jorrará? Uma coisa imensa: a vulgarização da ideia espírita, e como doutrina, o que será verdadeiramente doutrinário!
Esse conflito é inevitável, porque o homem é manchado de muito orgulho e egoísmo para aceitar sem oposição uma verdade nova qualquer. Digo mesmo que esse conflito é necessário, porque é o atrito que desfaz as ideias falsas e faz ressaltar a força das que resistem.
Em meio a essa avalanche de mediocridades, de impossibilidades e de utopias irrealizáveis, a verdade esplêndida espalhar-se-á na sua grandeza e na sua majestade.
ERASTO

sábado, 3 de março de 2012

Opinião de Divaldo sobre a enxurrada de livros "espíritas" no mercado.


 Trechos da entrevista de Divaldo Franco do livro Conversando com Divaldo Pereira Franco editado pela Federação Espírita do Paraná sobre as obras espíritas.
 FEP: O movimento espírita tem sido invadido por uma enxurrada de publicações que trazem a informação de serem mediúnicas. Temos visto que os dirigentes, vários deles, não utilizam qualquer critério de seleção doutrinária. O que nos aconselha?
Divaldo: "O nosso pudor em torno do Index Expurgatorius da Igreja Romana leva-nos, sem nos darmos conta, a uma tolerância conivente. Como não nos é lícito estabelecer um mapa de obras que mereçam ser estudadas em detrimento daquelas que trazem informações inautênticas em torno dos postulados espíritas, muitos dirigentes, inadvertidamente, divulgam obras que prejudicam mais a compreensão do Espiritismo do que aclaram.
É muito comum dizer: mas é muito boa! Mas, muito boa, porém não uma obra espírita e no que diz respeito à mediunidade, a mediunidade ficou tão barateada, tão vulgarizada, que perdeu aquele critério com que Allan Kardec a estuda em “O Livro dos Médiuns”.
O médium é médium desde o berço. Os fenômenos nos médiuns ostensivos começam na infância e quando têm a felicidade de receber a diretriz da Doutrina, torna-se o que Chico Xavier denominava com muita beleza: mediunidade com Jesus. O que equivaleria dizer: a mediunidade ética, a mediunidade responsável, criteriosa, a mediunidade que não se permite os desvios do momento, os modismos.
Mas a mediunidade natural pode surgir em qualquer época e ela surge como inspiração. O indivíduo pode cultivá-la, desenvolve-la naturalmente.
Vem ocorrendo uma coisa muito curiosa, pela qual, alguns espíritas desavisados, de alguma maneira, são responsáveis: se o livro é de um autor encarnado, não se lê, porque como se ele não tivesse autoridade de expender conceitos em torno da Doutrina. Mas, se é um livro mediúnico, ele traz um tipo de mística, de uma chancela, e as pessoas logo acham que é o máximo. Adotam esse livro como um Vade Mecum, trazendo coisas que chocam porque vão de encontro aos postulados básicos do espiritismo.
Entra agora uma coisa que é profundamente perturbadora: o interesse comercial. Vender o livro sob a justificativa de que as Casas Espíritas necessitam de recursos. Para atender as necessidades, vendem obras de autoajuda, de esoterismo, de outras doutrinas, quando deveríamos cuidar de divulgar as obras do Espiritismo, tendo um critério de coerência.
Quando visitei Paris pela primeira vez, em 1967, eu fui ver e conhecer a Union Spirite Française que ficava na Rua Copernique, número 8. Era período de férias, agosto a setembro, praticamente a Europa fecha-se e a França, principalmente. A Union estava fechada. Chamou-me a atenção as vitrinas que exibiam obras: não tinha uma espírita. Eram obras esotéricas, eram obras hinduístas, eram obras de Madame Blavatsky. São todas respeitáveis, mas não temos compromisso com elas. O nosso compromisso é com Jesus e com Kardec, sem nenhum fanatismo e sem nenhuma restrição pelas outras obras, que consideramos valiosas para cultura, para ampliação do entendimento. Mas, temos que optar por conhecer a Doutrina que professamos.
Verificamos, neste momento, essa enxurrada perniciosa, porque saem mais de cinqüenta títulos de obras pseudomediúnicas por mês, pelo menos que nos chegam através dos catálogos, tornando-se impossíveis de serem lidas. O que ocorre? Eu recebo entre 10 e 20 solicitações mensais, pedindo aos Espíritos prefácios para obras que ainda estão sendo elaboradas. A pressa desses indivíduos de projetar a imagem, de entrarem nesse pódium do sucesso é tão grande que ainda não terminaram de psicografar - quando é psicográfica - ou de transcrevê-la, quando é inspirada, ou de escrevê-la, quando é de próprio punho, de própria concepção, já preocupado com o prefácio. Eu lhes digo: Bom, aos Espíritos eu não faço solicitações. Peço desculpas por não poder mandar o prefácio desejado. Espere, pelo menos, concluir o trabalho. Pode ser que eu morra, pode ser que você morra e pode ser que o Guia reencarne antes de terminar a obra.
É uma onda de perturbação para minar-nos por dentro. O Codificador nos recorda que os piores inimigos estão no próprio Movimento, o que torna muito difícil a chamada seleção natural. Nós deveremos ter muito cuidado ao examinar esses livros. Penso que as instituições deveriam ter uma comissão para lê-los, avaliar a sua qualidade e divulgá-los ou não, porquanto as pessoas incautas ou desconhecedoras do Espiritismo fascinam-se com ideias verdadeiramente absurdas.
Tenho ouvido e visto declarações pessoais de médiuns que dizem não serem espíritas e não terem nenhum vínculo com qualquer “ismo”; são livres atiradores e as suas obras são vendidas nos Centros Espíritas, porque vendem muito. Até amigos muito queridos têm, em suas livrarias, nos Centros Espíritas que frequentam, essas obras que são romances interessantes, como os antigos romances de Agatha Christie, de M. Dellyt e tais. Mas essas obras não são espíritas, embora ditadas por um Espírito, mas ditadas ao computador.
Essas obras são muito interessantes, ninguém contesta, mas o tempo que se gasta, lendo-as, é um desvio do tempo de aprendizagem da Doutrina Espírita. As pessoas ficam sempre à margem, não se aprofundam. Observo, em nossa Instituição, pelas perguntas infantis que me fazem.
É necessário que procuremos divulgar a Doutrina, conforme nós a herdamos do ínclito Codificador e das entidades venerandas, que preservaram essa Doutrina extraordinária, para que nós possamos contribuir com a construção de um mundo melhor.
A respeito desses livros que proliferam, me causam surpresa, quando amigos com quarenta, cinqüenta anos de idade, pessoas lúcidas, pessoas cultas, que nunca foram médiuns, ou, pelo menos, jamais o disseram, escrevem livros até ingênuos, que nem são bons nem são maus, e rotulam como mediúnicos e passam a vender, porque são mediúnicos.
Um dos livros mais vendidos, dito mediúnico, tem verdadeiras aberrações, em que a entidade fez do mundo espiritual uma cópia do mundo físico, ao invés de o mundo físico ser uma cópia do mundo espiritual. Inverteu, porque o Espírito está tão físico no mundo espiritual! E um Espírito do sexo feminino, que tem os fluxos catamênicos no mundo espiritual e que vai ao banheiro e dá descarga!
Outras obras, igualmente muito graves, falam de relacionamentos sexuais para promoverem reencarnação no Além. Ora, a palavra reencarnação já caracteriza tomar um corpo de carne. Como reencarnar no Além, no mundo de energia, de fluidos, onde não existe a carne? O Além, com ninhos de passarinhos multiplicando-se, em que as aves vêm, chocam e nascem os filhotinhos. Não é que estejamos contra qualquer coisa, mas é que são delírios, pura fascinação.
Acredito que alguns desses médiuns são médiuns autênticos. Ocorre que eles não perderam a mediunidade, a sua faculdade mediúnica é que mudou de mãos, daquelas entidades respeitáveis para as entidades frívolas que estão criando verdadeiros embaraços, porque em determinados seminários, palestras, fazem perguntas diretas e ficamos numa situação delicada, porque citam os nomes. Toda vez que dizem os nomes eu me recuso responder. Numa pergunta em tese muito bem, mas declinar nomes, não. Não tenho esse direito de levar alguém ao escárnio.
Dessa forma, o problema é mais grave do que parece, porque muitos também estão fazendo disso profissão, embolsam o resultado das vendas. Enquanto outros justificam obras de má qualidade, por terem um objetivo nobre: ajudar obras de assistência social. Os meios não justificam os fins."