sexta-feira, 14 de novembro de 2014


BOM DIA PARENTE

De micfrofone em punho, cocar ornando a cabeça de cabelos negros, Sônia, a índia Guajarara de terras maranhenses, cumprimentou a todos do Acampamento Terra Livre, instalado no Aterro do Flamengo. Seus olhos brilharam ao dizer: Bom dia Parentes. A saudação retornou vibrante. As seis organizações que compõem a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, devolveram o mesmo cumprimento. Ainda quando um grupo de bordunas em riste interrompeu irritado as apresentações, a saudação, também a estes, foi a mesma. 
Falas curtas, entremeadas de breves danças, não deixaram dúvidas. Muito mais que a favor da demarcacão de terras, os indígenas se manifestaram fortemente contra o “crescimento verde”, que substitui florestas e várzeas por pastagens, enterra os rios em troca de minérios e homogeniza canaviais onde a biodiversidade imperava. Aos brados de “fora crescimento verde, verde dos dólares”, seguiam-se chamamentos à verdadeira sustentabilidade ancestral, onde Terra, não é apenas território, é alimento, língua, maternidade. O que as cortinas diplomaticamente ritualizadas dos eventos no Riocentro escondem, se escancara na verbalização, sem freios e desculpas, das populações indígenas. A palavra Sustentabilidade flui por toda a parte, como se nada mais houvesse fora deste palco. O grito indígena nos alerta para o descolamento do habitat natural. Imaginamo-nos capazes de que com recursos financeiros e, acertadas decisões políticas podermos alavancar um desenvolvimento aqui denominado de verde. Se estuda, analisa, quantifica e se debate sobre o meio ambiente, mas como entes fora do próprio, quando não, acima do mesmo. Observamos o natural do ponto de vista externo e interventor, ainda que pretendamos dimensionar/mitigar o impacto desta ação/atitude. No fundo, em grande parte, se faz o mesmo de sempre, apenas se agrega algum programa ambiental, para nos justificar e nos apresentar como pessoas, entidades e instituições preocupadas com a sustentabilidade, palavra desgastada, que engessa a verdadeira e necessária Revolução Ambiental.
Sustentabilidade, panaceia, ora ornada pelo Crescimento Verde Inclusivo, ora emoldurada por documentos que pretendemos reformadores por outros 20 anos. Desistimos de sermos naturais, optamos pela Sociedade Ambiental/Social/Monetária, que de original manteve a cor verde, não da clorofila, mas da tinta pigmentada que tem seu preço.
Entre os 30 bilhões de dólares pretendidos para alavancar o desenvolvimento verde ea montanha de intensões, fico com o “BOM DIA PARENTES”, ainda que tenhamos que erguer nossas bordunas.
JOSÉ ALBERTO WENZEL/ GEÓLOGO E ESCRITOR 
(direto do Rio de Janeiro/RJ)

terça-feira, 2 de setembro de 2014

FALANDO DE OBSESSÃO (10)

FALANDO DE OBSESSÃO (10)
(Alfredo Zavatte)
Não facilite o trabalho dos obsessores
Já há algum tempo, estamos falando sobre a obsessão. E continuaremos, até esgotar esse assunto, se é que conseguiremos, tendo em vista que as obsessões advém de nossos atos e pensamentos negativos e o homem, a cada dia, se esquecendo dos preceitos saudáveis, entrega-se a desvarios que o levam pelos caminhos incertos das influências negativas.
Além disso, sabemos ser necessário trazermos o tema à discussão, pois, muitos que nos lêem, são pessoas que estão dando os primeiros passos no tocante conhecimento da doutrina espírita. Não obstante a essas justificativas, a obsessão continua sendo um dos motivos que mais tem levado espíritas e não espíritas a buscar ajuda nos centros e instituições espíritas.
Kardec, por diversas vezes, abordou o tema em vários textos da Revista Espírita, nas obras “A Gênese”, “O Livro dos Médiuns” e  “Obras Póstumas”, além de inúmeras outras obras escritas sob a lavra de Chico Xavier, por diversos espíritos. Mas é no capítulo 28, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que encontraremos um roteiro prático, que elucida como as obsessões devem ser tratadas. Nesse capítulo, o Codificador do Espiritismo nos adverte, inicialmente, que a cura das obsessões graves requer paciência e perseverança, para que essa tarefa tenha sucesso e, para tal, é necessário que nos encaminhemos para o bem, para não sofrermos com as influências dos Espíritos perversos,(muitas vezes)endurecidos e astutos.
Cabe aqui uma observação, onde muitas pessoas se enganam. Os espíritos obsessores nada sabem, não conhecem estratégias mentais ou outras tantas formas para influenciar negativamente suas vítimas. Estas vítimas estão interligadas, uma a outra, pelo passado delituoso e  os obsessores as encontram pelas suas vibrações, pois mudamos pouco durante as nossas idas e vindas do mundo material para o espiritual e vice-versa.
Ensina Kardec que, “na obsessão grave, o obsediado fica envolto e impregnado de fluídos perniciosos que cumpre dispersar pela aplicação “de um fluído melhor”, ou seja, por processos magnéticos, através de passes, por exemplo.”

“Nem sempre, porém” — adverte Kardec —, “basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente (destaque do original) ao qual é preciso que se possua o direito de falar com autoridade, entretanto, carece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.”

E acrescenta:

“Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça o arrependimento, e que desponte nele, o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.” (1)

Ninguém poderia descrever melhor, em tão poucas palavras, o programa — síntese do processo de desobsessão: o obsessor não deve ser arrancado à força ou expulso. Ele precisa ser convencido a abandonar seus propósitos e levado ao arrependimento. Isto se faz buscando, com ele, um entendimento, um diálogo, pelo qual procuremos educá-lo moralmente, mas sem a arrogância do mestre petulante, e sim, com o coração aberto do companheiro que procura compreender as suas razões, o núcleo de sua problemática, o porquê da sua revolta, do seu ódio. Por mais violento e agressivo que seja, é, invariavelmente, um Espírito que sofre, ainda que não o reconheça. A argumentação que utilizarmos tem que ser convincente. Cabe ressaltar que a modificação do obsediado é a chave principal para conseguir um resultado positivo nisso tudo.

Seja qual for o caráter do Espírito causador da obsessão, nada se obterá pelo constrangimento ou pela ameaça, mas tão somente pelo ascendente moral daqueles que se dediquem à tarefa. É por isso que é completamente ineficaz a prática dos exorcismos ou o uso de fórmulas, amuletos, talismãs ou qualquer objeto a isso assemelhado.
É preciso que se atue sobre o ser inteligente que provoca a obsessão, ao qual importa se fale com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. O objetivo é convencer ou induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus desígnios maus e fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, cujo objetivo é a sua educação moral.
Nas obsessões muito prolongadas, poderá ocasionar desordem patológica e, por isso, requer, geralmente, tratamento simultâneo ou consecutivo, por meio da medicina tradicional, com vistas a restabelecer a saúde da pessoa que sofre assédio obsessivo. Mesmo quando a causa esteja afastada, resta ainda combater os efeitos e a causa ao mesmo tempo.
É um cuidado especial estar tratando de uma pessoa que está em tratamento desobssesivo, ao primeiro sinal de bem estar, pararem com o uso dos medicamentos indicados pelos médicos, atitude esta que cabe ao orientador, informar que o Centro Espírita, trata do espírito e o médico cuida do corpo e da patologia, assim os medicamentos só devem ser suspensos por ordem do médico que o assiste. O individuo que sofre o processo, deve ser participativo no tratamento, ele deve fortificar sua alma, trabalhar seu aprimoramento moral, fazer a parte que lhe cabe, sem o qual será difícil obter o resultado desejado.
O Codificador afirma que a tarefa desobsessiva se apresenta mais fácil quando o obsediado, compreendendo sua situação, presta concurso de sua vontade e de suas preces, modificando-se moralmente, adotando nova conduta e buscando aprimorar-se espiritualmente, certo de que, no tocante aos processos obsessivos, o melhor remédio será sempre ele mesmo. Com lembrete àqueles que estão tendo contato com o tema pela primeira vez,  lembramos:
OBSESSOR: aquele que exerce influência negativa sobre uma ou mais pessoas ou entidades, alternando, diminuindo ou desorganizando sua energia ou vibração. Os obsessores podem ser encarnados ou desencarnados.

OBSESSÃO: processo pelo qual um obsessor exerce sua ação obsessiva sobre uma ou mais pessoas ou entidades, alternando, diminuindo ou desorganizando sua energia ou vibração.

DO QUE SE ALIMENTA UM OBSESSOR? Alimenta-se, basicamente, de energias produzidas por sensações, ou, mais especificamente, emoções. São emoções viciantes, ou seja, que produzem dependência, necessidade, vontade de querer mais, cada vez mais.

Vamos, agora, abordar como nasce um obsessor.

Um obsessor nasce de carências, ilusões, medos, fascínios, vaidades, males praticados contra outrem, seja nesta ou noutra vida. São originados pela ignorância e pelo ego negativo. No momento em que alguém considerar que, para ser feliz, para sentir-se bem, para conquistar paz e saciedade, precisa buscar no outro, ou em meios externos esta sensação, então os processos obsessivos surgem. Esses ocorrentes erros humanos dão origem a comportamentos viciados, os quais necessitam se autoalimentar, para que continuem a produzir as sensações desejadas, porque emoções viciam! A emoção é uma forma de energia produzida pelo ego, portanto, precisa ser dominada pelo Eu superior, caso contrário, ela domina o seu criador.

A consequência deste processo obsessivo começa quando um vício emocional surge, quando os medos tomam conta do ser, quando o desejo de controlar o outro aparece. Há uma pergunta: por quê alimentamos obsessões, se elas causam tão mal?
As respostas para essa questão seriam:
-Porque não combatemos os nossos hábitos nocivos;
-Porque somos manipulados por nossas emoções;
-Porque não lutamos para controlá-los e desistimos fácil, então nos entregamos  para senti-los profundamente, nas situações mais simples da vida;
-Porque duvidamos da nossa força e do nosso Eu superior;
-Porque nos consideramos mais ou menos, que os outros, e esquecemos que somos todos filhos do mesmo Pai, portanto, irmãos em essência;
-Porque nos separamos da Fonte Maior, nos consideramos separados do Todo e assim nos iludimos criando o egoísmo.

Concluímos, com essas colocações, que na vida cotidiana, vivemos uma constante batalha por energia. Como não aprendemos a conquistar essa energia por meio da conexão com Deus, então acabamos buscando esse suprimento de forma equivocada, mergulhando nas emoções. E, assim, nos tornamos apegados e dependentes.

Dependentes de precisarmos sentir a sensação de sermos  mais belos, mais poderosos, mais ricos, mais magros, mais fortes, mais importantes, mais encantadores. Ou, os possuidores dos melhores carros, das melhores roupas, dos melhores aparelhos eletrônicos, para que, assim, possamos nos sentir amados e, com isso, nos aceitar mais.

Dependemos de um estilo de vida estruturado de acordo com os padrões aprovados pela sociedade. Dependemos também do emprego de “sucesso”, sem refletirmos o que é verdadeiramente sucesso.

Somos dependentes, não somos livres.
Somos apegados, não estamos no caminho mais fácil.
Somos obsediados, alimentamos a obsessão com nossos equívocos cometidos no dia a dia.
Não aprendemos a dominar as emoções, sejam elas de qualquer natureza.
Não dominamos emoções densas.
Adoecemos.
Comemos mesmo quando não temos fome.
Deixamos a apatia tomar conta de nós com facilidade.
Ficamos hiperativos.
Não somos comedidos com o ato de dormir, ou dormimos demais ou temos insônias.
Somos escravos do trabalho.
Tornamo-nos intolerantes, irritados.
Permitimo-nos ser negligentes e impotentes para mudar a nós mesmos e o desejo frequente é o desejo de mudar os outros, nos considerando o modelo perfeito.
Isso tudo, gera ansiedade, angústia, orgulho.
O orgulho, esse nosso maior desafio a combater, faz o umbral nascer, seja no físico ou no espiritual e nossos erros se alimentam nesse umbral, o nosso orgulho piora o mundo.

Se a Emoção o domina, descubra, equilibre-se, cure-se.
Somente desta forma encontraremos a verdadeira felicidade e liberdade de espírito, que nos fará homens verdadeiros sem máscaras e nódoas, cujos efeitos serão perniciosos.

Busque os sentimentos nobres da alma, construindo dentro de si próprio, de dentro para fora.
Só assim conseguiremos superar os miasmas que nos agrilhoam e nos fazem vibrar de forma tão intensa,  tornando-nos possíveis obsediados.

Paz ao seu Espírito.

Bibliografia
1-     KARDEC,Allan-O Livro dos Médiuns- Capítulo XII . Editora FEB- ano 1981- 43ª Edição. 

domingo, 20 de julho de 2014

GÊMEOS SOB A ÓTICA ESPÍRITA-Denise Moreira Pereira

211. De onde deriva a semelhança de caráter que muitas vezes (não é regra geral) existe entre dois irmãos, geralmente gêmeos?
“São Espíritos simpáticos que se aproximam por analogia (pontos de semelhança) de sentimentos e se sentem felizes por estar juntos.”
Observação: A pergunta fala sobre semelhança física e semelhança do caráter. Então, quando os gêmeos se dão bem é porque são espíritos simpáticos, e é lógico que se sentirão felizes por conviverem com quem se afinizam.

212. Há duas almas, nas crianças cujos corpos nascem ligados, tendo comuns alguns órgãos?
“Sim, mas a semelhança entre elas é tal que faz vos pareçam, em muitos casos, uma só alma.”
Observação: Aqui é citado o caso dos siameses, onde os corpos nascem ligados e alguns órgãos sustentam os dois corpos, mas são duas almas.

213. Se nos gêmeos os Espíritos encarnam por simpatia, donde provém a aversão que às vezes se nota entre eles?
“Não é de regra que sejam simpáticos os Espíritos dos gêmeos. Acontece também que Espíritos maus entendam de lutar juntos no palco da vida.”
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.

Observação: A pergunta e resposta 211 quer saber sobre a semelhança de caráter que existe “muitas vezes” (não é sempre) entre os gêmeos. Então, assim como acontece de encontrarmos gêmeos que sejam simpáticos, poderemos encontrar gêmeos inimigos, antipáticos, que estão juntos para aprenderem a perdoar, a se amarem, a se respeitarem. Quando não se esforçam, virão grudados, siameses


sexta-feira, 4 de julho de 2014

O Burro de Carga
No tempo em que não havia automóveis, na cocheira de famoso palácio real um burro de carga curtia imensa amargura, em vista das pilhérias e remoques dos companheiros de apartamento.

            Reparando-lhe o pelo maltratado, as fundas cicatrizes do lombo e a cabeça tristonha e humilde, aproximou-se formoso cavalo árabe, que se fizera detentor de muitos prêmios, e disse, orgulhoso:
- Triste sina a que recebeste! Não Invejas minha posição nas corridas? Sou acariciado por mãos de princesas e elogiado pela palavra dos reis!
- Pudera! - exclamou um potro de fina origem inglesa - como conseguirá um burro entender o brilho das apostas e o gosto da caça?

            O infortunado animal recebia os sarcasmos, resignadamente.

            Outro soberbo cavalo, de procedência húngara, entrou no assunto e comentou:
- Há dez anos, quando me ausentei de pastagem vizinha, vi este miserável sofrendo rudemente nas mãos de bruto amansador. É tão covarde que não chegava a reagir, nem mesmo com um coice. Não nasceu senão para carga e pancadas. É vergonhoso suportar-lhe a companhia.

            Nisto, admirável jumento espanhol acercou-se do grupo, e acentuou sem piedade:
- Lastimo reconhecer neste burro um parente próximo. É animal desonrado, fraco, inútil... Não sabe viver senão sob pesadas disciplinas. Ignora o aprumo da dignidade pessoal e desconhece o amor-próprio. Aceito os deveres que me competem até o justo limite; mas, se me constrangem a ultrapassar as obrigações, recuso-me à obediência, pinoteio e sou capaz de matar.

            As observações insultuosas não haviam terminado, quando o rei penetrou o recinto, em companhia do chefe das cavalariças.
- Preciso de um animal para serviço de grande responsabilidade - informou o monarca, -animal dócil e educado, que mereça absoluta confiança.
            O empregado perguntou:

            Não prefere o árabe, Majestade?
- Não, não - falou o soberano -, é muito altivo e só serve para corridas em festejos oficiais sem maior importância.
- Não quer o potro inglês?
- De modo algum. E’ muito irrequieto e não vai além das extravagâncias da caça.
- Não deseja o húngaro?
- Não, não. É bravio, sem qualquer educação. É apenas um pastor de rebanho.
- O jumento serviria? - insistiu o servidor atencioso.
- De maneira nenhuma. É manhoso e não merece confiança.

            Decorridos alguns instantes de silêncio, o soberano indagou:
- Onde está o meu burro de carga?

            O chefe das cocheiras indicou-o, entre os demais.

            O próprio rei puxou-o carinhosamente para fora, mandou ajaezá-lo com as armas resplandecentes de sua Casa e confiou-lhe o filho, ainda criança, para longa viagem.

            Assim também acontece na vida. Em todas as ocasiões, temos sempre grande número de amigos, de conhecidos e companheiros, mas somente nos prestam serviços de utilidade real aqueles que já aprenderam a suportar, servir e sofrer, sem cogitar de si mesmos.


Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Idéias e Ilustrações.
Ditado pelo Espírito Neio Lúcio.
2a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1978.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

EXTREMISMO RELIGIOSO PELO MUNDO 

Jorge Hessen


Intolerância religiosa, eis aí um gravíssimo nódulo cancerígeno do mundo contemporâneo. Esta semana, ao chegar a Israel, o papa Francisco expressou sua "profunda dor" pelo atentado contra o Museu Judaico de Bruxelas, que causou a morte de quatro pessoas, entre elas dois israelenses. Historicamente, os judeus tornaram-se alvo preferencial de perseguição religiosa ainda antes do fim do Império Romano, mas esta recrudesceu durante a Idade Média. A perseguição religiosa (ao judaísmo) atingiu níveis nunca vistos antes na História durante o século XX, quando os nazistas perseguiram milhões de judeus e outras etnias indesejadas pelo regime.
O fanatismo religioso é marcado pela aversão a diferenças de crenças, resultando em perseguição à liberdade de credo e pluralismo religioso. Ódios que podem levar a prisões ilegais, espancamentos, sequestros, torturas, execução injustificada, negação de benefícios e de direitos e liberdades civis. Como ocorre na Nigéria, onde a maioria das pessoas do norte é muçulmana, "mas nem todas interpretam o Corão da mesma forma que o grupo extremista nigeriano Boko Haram. Em face desse radicalismo, muitos muçulmanos estão sendo convertidos ao Cristianismo.
Por causa da conversão dos muçulmanos ao Cristianismo, o Boko Haram começou atacar as igrejas cristãs porque estavam perdendo seguidores. Recentemente, milhares de pessoas foram assassinadas pelo grupo extremista. Sua ação mais notória ocorreu em 14 de abril de 2014, quando sequestrou 223 meninas e adolescentes no nordeste da Nigéria, onde o grupo é baseado. Nos últimos dois meses, o Boko Haram intensificou a sua campanha para transformar a Nigéria num estado islâmico que tem como principais alvos os civis.
Estudiosos afirmam que a rápida expansão do cristianismo e do Islã na África se deve, em grande parte, ao sentido religioso, ao respeito e à tolerância inerentes à cultura tradicional. Os africanos descobriram que essas novas religiões provenientes do exterior continham muitos aspectos das crenças fundamentais (Ser Supremo, culto aos mortos/antepassados, espíritos etc.) e dos valores (centralidade da pessoa, importância da comunidade, a caridade e o perdão) de sua própria experiência religiosa. Mas nem todos os convertidos interpretam dessa forma, e utilizam a crença para busca do poder político.
A violência entre grupos religiosos na República Centro-Africana atingiu recentemente um novo extremo, com relatos de canibalismo na capital do país, Bangui. Aí está ocorrendo intensa violência entre milícias cristãs e muçulmanas. O país de maioria cristã era governado por um presidente muçulmano que se elegeu com ajuda de milícias muçulmanas. Ele prometeu desmantelar as gangues que o ajudaram, mas não conseguiu. Em reação, cristãos montaram milícias próprias, e o país se afundou em um conflito religioso armado. (1)
Atualmente, cerca de 80% dos conflitos armados que existem por todo mundo são decorrentes de questões religiosas. Em todo mundo estamos vendo o desenrolar de guerras e mais guerras em nome de algo que eles chamam de “fé”. Mas entenda a palavra “fé” que eles usam como: ambição, fanatismo, incredulidade, loucura ou falta da verdadeira FÉ!
Atentados suicidas têm matado muitas pessoas em Bagdad. Durante o regime de Saddam Hussein, os sunitas dominavam os aparelhos do Estado e das Forças Armadas, e os xiitas eram reprimidos. Quando o regime caiu, os xiitas assumiram o poder e o país entrou em colapso, num estado de quase guerra civil, com grupos armados sunitas e xiitas guerreando entre si.
A França foi o país que mais contribuiu para o aumento dos índices de intolerância religiosa na Europa, não só por causa das proibições em vigor contra vestuário religioso em espaços públicos, mas também devido ao assassinato, em 2012, de um rabino e de três crianças judias. Com o aumento da diversidade religiosa no Brasil, verifica-se um crescimento da intolerância religiosa, tendo sido criado até mesmo o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa [21 de janeiro], por meio da Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007. Vários países ao redor do mundo incluíram cláusulas nas suas constituições proibindo expressamente a promoção ou prática de certos atos de intolerância religiosa ou de favorecimento religioso dentro das suas fronteiras.
A intolerância religiosa aumentou de modo geral durante o ano de 2012 em todos os continentes, exceto nas Américas. Temos a convicção de que, por trás dos novos fanatismos religiosos – católicos, evangélicos, espíritas, muçulmanos etc. – está o pendor místico do religioso que leva a uma cristalização da fé, desembocando numa falsa doutrina das virtudes. A base dos fanatismos é o medo – medo da liberdade, medo da vida, medo da cultura; medo, medo, medo, enfim, medo do mundo, que é encarado de um modo suspeito e hostil.
A Doutrina Espírita nos faz entender quem somos efetivamente, quem realmente é o ser humano em sua vocação e circunstância, visão que possibilita, por sua vez, a compreensão e a vivência de uma vida social moralmente correta a partir da qual podemos julgar com retidão se determinadas atitudes e ideias propostas por grupos religiosos e/ou políticos correspondem àquilo que o próprio Criador espera de nós.
Deus nos quer abertos para a realidade, para a beleza das coisas criadas, para a ventura transcendente da liberdade humana de buscar esse ou aquele caminho para Deus, e não acabrunhados pelo medo e, em última análise, cegos pelo fanatismo. Talvez com aquela cegueira suprema, apontada por Jesus Cristo: “Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso o vosso pecado permanece". (2)
Oremos pelo mundo!

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Como aproveitar bem o sono

Marlene Nobre
O sono físico nem sempre representa algo que nos traz descanso, prazer.

É o caso dos que dormem muito pouco e sentem falta e dos que dormem, mas tem baixa qualidade de sono, porque tem pesadelos e sono agitado. Há também outros que dormem demais, mas tem baixa qualidade do sono.

Enfim são problemas variados.

O fato é que nem sempre compreendemos bem o que se passa conosco durante os instantes de repouso.

Relembremos, inicialmente, o que Allan Kardec perguntou sobre este assunto aos Espíritos Instrutores, em O Livro dos Espíritos:
"Questão 412 - A atividade do Espírito durante o repouso ou o sono do corpo, pode fazê-lo experimentar fadiga, quando retorna? Resposta: - Sim, porque o Espírito tem um corpo, como o balão cativo tem um poste. Ora, da mesma forma que a agitação do balão abala o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fazê-lo experimentar fadiga."

A respeito deste assunto, buscamos também uma mensagem muito oportuna do Instrutor Calderaro no livro Instruções Psicofônicas ( cap. 49) , uma das orientações recebidas psicofonicamente pelo médium Chico Xavier, denominada Além do sono.

Inicialmente o grande instrutor nos lembrou que o dia simboliza a existência e o sono a morte. De fato, o sono não deixa de ser uma preparação para a morte. Assim como não há morte libertadora sem existência edificante também não há noite proveitosa sem dia correto. A atividade espiritual da alma encarnada tem influência além do sono físico. A invigilância e a irresponsabilidade que manifestamos durante o dia geram alucinações quando estamos no estado de repouso.

Calderaro afirma: "É natural que o dia mal vivido exija a noite mal assimilada. O espírito menos desperto para o serviço que lhe cabe, certamente encontrará, quando desembaraçado da matéria densa, trabalho imperioso de reparação a executar. Por esse motivo, a grande maioria de companheiros encarnados gasta as horas de sono exclusivamente em esforço compulsório de reajuste."

Mas , se nós durante o estado de vigília cumprimos o nosso dever, é natural que durante o sono do corpo físico, venhamos a ser precioso auxiliar nas realizações da Esfera Superior. Calderaro em sua mensagem dirige um convite a todos nós: "Convidamos, assim, a vocês, tanto quanto a outros amigos a quem nossas palavras possam chegar, à tarefa preparatória do descanso noturno, através do dia retamente aproveitado, a fim de que a noite constitua uma província de reencontro das nossas almas, em valiosa conjugação de energias, não somente a benefício de nossa experiência particular, mas também a favor dos nossos irmãos que sofrem. Muitas atividades podem ser desdobradas com a colaboração ativa de quantos ainda se prendem ao instrumento carnal, principalmente na obra de socorro aos enfermos que enxameiam por toda parte."

Ao mesmo tempo que Calderaro nos faz esse convite, ressalta a importância das ideias na origem das doenças, diz ele: Vocês não desconhecem que quase todas as moléstias rotineiras são doenças da ideia, centralizadas em coagulações de impulsos mentais, e somente ideias renovadoras representam remédio decisivo.É justamente aí que entra a ação do mundo espiritual durante o descanso físico: Por ocasião do sono, é possível a ministração de amparo direto e indireto às vítimas dos labirintos de culpa e das obsessões deploráveis, por intermédio da transfusão de fluidos e de raios magnéticos, de emanações vitais e de sugestões salvadoras que, na maior parte dos casos, somente os encarnados, com a assistência da Vida Superior, podem doar a outros encarnados.

E o mais extraordinário é que os Benfeitores da Espiritualidade vivem a postos, aguardando os enfermeiros de boa vontade, samaritanos da caridade espontânea, que, superando inibições e obstáculos, se transformem em cooperadores diligentes na extensão do bem.

Como a gente faz para trabalhar utilmente enquanto dorme?

O Benfeitor responde: "Se vocês desejam partilhar semelhante concurso, dediquem alguns momentos à oração, cada noite, antes do mergulho no refazimento corpóreo. Contudo, não basta a prece formulada só por só. É indispensável que a oração tenha bases de eficiência no dia bem aproveitado, com abstenção da irritabilidade, esforço em prol da compreensão fraterna, deveres irrepreensivelmente atendidos, bons pensamentos, respeito ao santuário do corpo, solidariedade e entendimento para com todos os irmãos do caminho, e, sobretudo, com a calma que não chegue a ociosidade, com a diligência que não atinja a demasiada preocupação, com a bondade que não se torne exagero afetivo e com a retidão que não seja aspereza contundente."

Como vemos, Calderaro nos traça o roteiro de ação durante o dia para que sejamos úteis a nós mesmos e aos outros durante o sono.

Ele enfatiza: "Em suma, não prescindimos do equilíbrio que converta a oração da noite numa força de introdução à espiritualidade enobrecida, porque, através da meditação e da prece, o homem começa a criar a consciência nova que o habilita a atuar dignamente fora do corpo adormecido. Os nossos guias e protetores estão conosco durante o sono, mas é preciso que nós nos consagremos a efetuar essas instruções."

Será que nós nos lembramos daquilo que se passa na companhia dos nossos mentores durante o repouso físico? Calderaro responde que na maioria das vezes nós não recordaremos, mas nós cresceremos nessa associação com o Mais Alto.

E ele encerra a sua comunicação com um apelo para que nos apliquemos ao ideal de servir: "Porque a alma que se devota à reflexão e ao serviço, ao discernimento e ao estudo, vence as inibições do sono fisiológico e, desde a Terra, vive por antecipação na sublime imortalidade."

domingo, 11 de maio de 2014

Mãezinha

Quando o Pai Celestial precisou colocar na Terra as primeiras criancinhas, chegou à conclusão de que devia chamar alguém que soubesse perdoar infinitamente.
De alguém que não enxergasse o mal.
Que quisesse ajudar sem exigir pagamento.
Que se dispusesse a guardar os meninos, com paciência e ternura, junto do coração.
Que tivesse bastante serenidade para repetir incessantemente as pequeninas lições de cada dia.
Que pudesse velar, noites e noites, sem reclamação.
Que cantarolasse, baixinho, para adormecer os bebês que ainda não podem conversar.
Que permanecesse em casa, por amor, amparando os meninos que ainda não podem sair à rua.
Que contasse muitas histórias sobre a vida e sobre o mundo.
Que abraçasse e beijasse as crianças doentes.
Que lhes ensinasse a dar os primeiros passos, garantindo o corpo de pé.
Que os conduzisse à escola, a fim de que aprendessem a ler.
Dizem que nosso Pai do Céu permaneceu muito tempo, examinando, examinando... e, em seguida, chamou a Mulher, deu-lhe o título de Mãezinha e confiou-lhe as crianças.
For esse motivo, nossa Mãezinha é a representante do Divino Amor no mundo, ensinando-nos a ciência do perdão e do carinho, em todos os instantes de nossa jornada na Terra. Se pudermos imitá-la, nos exemplos de bondade e sacrifício que constantemente nos oferece, por certo seremos na vida preciosos auxiliares de Deus.
XAVIER, Francisco Cândido. Pai Nosso. Pelo Espírito Meimei. FEB.