domingo, 24 de fevereiro de 2013

AUTOPERDÃO E AÇÃO RESPONSÁVEL

Autoperdão e Ação Responsável
 
Suponhamos que a cada reencarnação recebemos do Criador um canteiro com uma terra muito fértil, para plantar flores, durante toda nossa vida.
Nascemos com as sementes das flores mas, ao invés de plantá-las, arranjamos sementes de espinhos e as semeamos, enchendo nosso canteiro de espinheiros.
Vamos plantando os nossos espinhos, até o dia em que olhamos para trás e percebemos um grande espinheiro.
Então, podemos ter três atitudes diferentes:
Se cultivamos o culpismo, devido ao remorso de não ter plantado as flores que deveríamos, simplesmente nos condenamos a deitar e rolar no espinheiro para nos punirmos, tentando aliviar a consciência de culpa.
Se somos pessoas que cultivamos o desculpismo, começamos a dizer que foi o vento que trouxe as sementes de espinhos,que não temos nada a ver com isso, etc.
Finalmente, se buscamosa ação responsável, ao perceber o espinheiro, assumimos tê-lo plantado e arrependemo-nos do fato.
Depois, percebemos que as sementes das flores continuam em nossas mãos e que podemos começar a plantá-las, agora que estamos mais conscientes.
Ao mesmo tempo sabemos que devemos retirar, um a um, todos os espinhos plantados e plantar uma flor no seu lugar.
*   *   *
Reflitamos sobre as três atitudes:
De que adianta cravar os espinhos plantados na própria carne? Por que aumentar o sofrimento?
Por acaso os espinhos diminuem quando agimos assim? A verdade é que não. De nada adianta. Este é o mecanismo dos que nos afundamos na culpa e deixamos que ela comande nossas vidas.
Substituir os atos de desamor praticados à vida com mais desamor ainda para conosco mesmos não resolve e não cura.
Por outro lado, pensando naqueles que ainda conseguimos achar desculpa para todo e qualquer desatino, por mais absurdo que ele pareça, veremos:
Os que fingimos que o espinheiro não tem nada a ver conosco, apenas estamos postergando o despertar da consciência.
Agindo assim, muitas vezes continuamos plantando mais e mais espinhos, fazendo com que o estrago fique cada vez maior.
O hábito de sempre encontrar desculpas e justificativas para todas nossas ações tem caráter doentio e precisa de atenção imediata de nossa parte.
O ego, em fuga desastrosa, procura justificar os erros mediante aparentes motivos justos. Tal costume degenera todo senso moral e pode nos levar a desequilíbrios psicológicos seríssimos.
Apenas a última opção, a da ação responsável, é caminho seguro.
É uma atitude proativa, pois ao assumir a responsabilidade pelos espinhos plantados, arrependemo-nos e buscamos substituí-los pelas flores.
Nesse ato cobrimos a multidão de pecados, conforme o ensino da Epístola de Pedro, referindo-se ao poder de cura do amor.
Assim crescemos, aprendemos e ressarcimos à Lei maior.
*   *   *
Sempre que cometermos erros, procuremos nos autoperdoar, atendendo à proposta da ação responsável, que troca o peso da culpa pela carga educativa da responsabilidade.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 3 da obra Psicoterapia à luz do Evangelho de
Jesus, de Alírio de Cerqueira Filho, ed. Ebm.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

MENSAGEM PARA FAMILIARES

Exiba Divaldo Franco Responde.jpg na apresentação de slides
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 Livro: “Divaldo Franco Responde”    Editora InteLitera, Págs 104 e 105

10.  Não temos como mensurar a dor dos familiares, daquelas pessoas que tiveram parentes que desencarnaram nessas tragédias. O que poderia dizer para confortá-las ?
D. F. : Sigmund Freud, o notável pai da psicanálise, escreveu que a morte é uma dilaceração dos sentimentos, e o espírito Joanna de Ângelis diz-me que, quando a morte arrebata um ser querido, leva também metade daquele que ficou na retaguarda. Muitas vezes, o desencarnado recupera-se com relativa facilidade, mas aquele que ficou com a existência ceifada pela sua ausência experimenta uma dor inominável.
     Eu lhes diria que se recordassem de Jesus descido da Cruz e da dor de Maria contemplando o filho inerme, mas se recordassem também que, logo depois de três dias transcorridos, veio a ressurreição. Os nossos mortos vivem. A saudade do corpo, da convivência, será longa, mas passados esses dias de impacto pior, penso, a dor será mais profunda, porque será aquele espinho cravado na saudade, no sentimento. Então, eu diria como um psiquiatra materialista informou-me oportunamente. Disse-me ele: “Eu não creio na imortalidade da alma. Quando um paciente vem ao meu consultório e fala da perda de alguém pela morte, eu lhe pergunto quanto tempo viveu com o ser querido. E ele me responde: “X anos”. “Então recorde-se” – digo-lhe, por minha vez – “desse largo período de convivência com ele e não lamente a interrupção, evoque as horas felizes e olvide por momento a hora da tragédia”.
     Desse modo, direi a esses pais, a esses filhos, a esses afetos, a todos aqueles que estão vinculados aos que viajaram para o Grande Lar, que logo mais, no momento adequado, quando o fenômeno biológico de cada um de nós interromper-se através da morte, haverá reencontro. Que se programem para esse momento feliz, evocando as horas vividas juntos, fazendo todo o bem possível em memória deles, em vez de os evocar no momento trágico da desesperação, recordando-se, isto sim, da convivência ditosa que foi mantida.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

UM BRADO DE DOR

Jerri Almeida.
 O sofrimento humano diante de situações traumáticas, sobretudo em eventos como o que ocorreu em Santa Maria, representa um painel doloroso para tantos pais e mães que se defrontam com a desencarnação de seus filhos jovens e com perspectiva existencial promissora. Nenhuma palavra que se diga nesse momento é capaz de anular a dor emocional dos familiares. A administração desse sofrimento é tarefa individual, ao longo do tempo. Todavia, o apoio e a presença de amigos e familiares, com seus sentimentos de carinho e solidariedade, oportunizam um conforto maior aos corações aflitos e dilacerados. Certamente, na Terra, dificilmente existirá dor maior do que aquela vivida por um pai que vê, diante de si, o corpo inerte de um filho querido. As contingencias evolutivas, em nosso planeta, ainda apresentam os quadros dramáticos de sofrimentos, associados às desencarnações coletivas. O entendimento mais amplo dos mecanismos reencarnatórios vinculados ao livre-arbítrio, à lei de ação e reação e ao complexo quadro de vivências do ser espiritual, definem e redefinem o destino individual e coletivo, no tempo e no espaço, de cada individuo.

 Os detalhes, as particularidades de cada evento, nos seus aspectos espirituais, serão conhecidos no momento oportuno por seus protagonistas. No mais, fica a necessidade de confortar os familiares, tanto quanto possível, nesse momento delicado e nos dias posteriores, quando a lembrança do filho querido teimar em permanecer na memória de seus genitores, e sua ausência configurar um vazio insubstituível. A oração de todos nós, por certo, repercutirá positivamente nesses corações. 

 Os benfeitores espirituais, encarregados do auxílio direto para essas famílias, aproveitarão essa corrente de amor para aproximarem-se, um pouco mais, das mentes desses pais e mães, intuindo esperança e confiança na vida. Esperamos, com isso, que esses pais desenvolvam a certeza do reencontro oportuno, pois no “palco da vida”, as luzes jamais se apagam. Por mais chocante que seja esse evento, a vida é fenômeno exuberante que jamais se exaure. O conhecimento espiritual ajuda a desvelar o evento doloroso, mas naturalmente, não evita a dor prolongada, oriunda do amor imarcescível. O tempo se encarregará de apaziguar os dramas, encaminhando as almas para o inexorável reequilíbrio pelas veredas da Vida.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

A Caridade começa em Casa


A CARIDADE COMEÇA EM CASA
Wilson Focássio

      É muito frequente se ouvir a máxima A CARIDADE COMEÇA EM CASA e é sobre isso que nos permitimos refletir.
      Quando alguma afirmação é feita há de se analisar sob que prisma deve ser vista. Muitas pessoas ociosas usam tão sábia frase para se enclausurar em suas casas achando que o simples fato de estarem dando assistência material á sua família já cumprem totalmente a proposta evangélica. Puro engano. Precisamos estabelecer o que uma casa e o que é um lar. Enquanto o primeiro é um reduto de alvenaria que nos abriga das intempéries, o segundo é o núcleo familiar, aquele interior que poderá ser ou não bem estruturado.
      Compreendemos que o nosso lar é a fonte onde vamos saciar nossa sede e nos prepararmos para investir na luta fora de casa para levantarmos os fracos e oprimidos que jazem caídos nos cantos da vida material e moral. Vemos na formação dos lares hoje em dia muitas falhas, onde os pais estão apenas preocupados com a caminhada universitária de seus filhos sem a preocupação de dar-lhes respaldo educativo. É mister salientar que a formação do homem acontece no lar e é ai que ele vai buscar ser um bom filho, bom pai e pessoa útil para a humanidade. Na escola ele buscará informações a fim de incorporar à educação recebida de seus pais ou tutores.
      Há uma inversão de interpretação e muitos pais desavisados transferem para a escola a EDUCAÇÃO propriamente dita de seus filhos. Coisa que escola alguma realizará. Faculdade ou escola é lugar para se buscar informações e não elemento educativo. Muitos jovens estão se desencaminhando porque aceitam as sugestões dos pais quando lhes falam: “Podem ter a vida que quiserem, contanto que tragam o diploma da faculdade”. Erro puro com a humanidade e com as leis Divinas.
      A grande verdade em que o egoísmo do homem ainda grita forte no peito de cada um. O jovem passa a ver os pais e a sociedade muito distantes. Outra frase que acomoda o homem é aquela que diz “Não faça aos outros os que não queres que os outros te façam”. Isto em um convite para a inércia que foi logo combatida por Jesus quando a retificou dizendo “Faça aos outros aquilo que quereis que os outros te façam”. Vejam que existe profunda modificação conceitual.
      Enquanto a primeira sugere não fazer, a outra leva o homem a redenção de ser por a campo buscando realizar o melhor possível para que tudo reverta a seu benefício. O não faça da primeira frase é um bom convite ao ostracismo e a irresponsabilidade. O núcleo familiar é algo sério e não pode ficar à deriva como um barco sem condutor. Cabe aos pais, realizar reuniões semanais com sua família a fim de trocarem informações e buscar mais identificação um com os outros. Tais reuniões devem ser as mais formais possíveis, onde cada pessoa da família poderá expressar livremente aquilo que pensa, principalmente sobre as impressões pessoais uns dos outros.
      Assim o filho teria zona franca para levar aos seus pais seus descontentamentos e vice-versa. 
Autor:
Wilson Focassio (São José do Rio Preto/SP)
Um dos Fundadores da Aliança Espírita Evangélica, 30 anos como voluntário do C.V.V. Centro de Valorização da Vida. Fundador e Diretor do D.E.D.E.R.  Centro de Estudos e Difusão do Espiritismo Religioso - C.E.D.E.R.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


Suicidar-se, nunca!

Orson Peter Carrara
Meu caro leitor, se você é daquelas pessoas que está enfrentando difícil fase de sua existência, com escassez de recursos financeiros, enfermidades ou complexos desafios pessoais (na vida familiar ou não) e está se sentindo muito abatido, gostaria de convidá-lo a uma grave reflexão.
Todos temos visto a ocorrência triste e dramática daqueles que se lançam ao suicídio, das mais variadas formas. A ideia infeliz surge, é alimentada pelo agravamento dos problemas do cotidiano e concretiza-se no ato infeliz do auto-extermínio.
Diante de possíveis angústias e estados depressivos, não há outro remédio senão a calma, a paciência e a confiança na vida, que sempre nos reserva o melhor ou o que temos necessidade de enfrentar para aprender. Ações precipitadas, suicídios e atos insanos são praticados devido ao desespero que atinge muitas pessoas que não conseguem enxergar os benefícios que as cercam de todos os lados.
Mas é interessante ressaltar que estes estados de alma, de desalento, de angústias, de atribulações de toda ordem, não são casos isolados. Eles integram a vida humana. Milhões de pessoas, em todo mundo, lutam com esses enigmas como alunos que quebram a cabeça tentando resolver exercícios de física ou matemática. Mas até uma criança sabe que o problema que parece insolúvel não se resolverá rasgando o caderno e fugindo da sala de aula.
Sim, a comparação é notável. Destruir o próprio corpo, a própria vida, como aparente solução é uma decisão absurda. Vejamos os problemas como autênticos desafios de aprendizado, nunca como castigos ou questões insuperáveis. Tudo tem uma solução, ainda que difícil ou demorada.
O fato, porém, é que precisamos sempre resistir aos embates do cotidiano com muita coragem e determinação. Viver é algo extraordinário. Tudo, mas tudo mesmo, passa. Para que entregar-se ao desespero? Há razões de sobra para sorrir, rir e viver...!
O suicídio é um dos maiores equívocos humanos, para não dizer o maior. A pessoa sente-se pressionada por uma quantidade variável de desafios, que julga serem problemas sem solução, e precipita-se na ilusão da morte. Sim, ilusão, porque ninguém consegue auto-exterminar-se. E o suicídio agrava as dificuldades porque aí a pessoa sente o corpo inanimado, cuja decomposição experimenta com os horrores próprios, pressionada agora pelo arrependimento, pelo remorso, sem possibilidade de retorno imediato para refazer a própria vida. Em meio a dores morais intensas, com as sensações físicas próprias, sentindo ainda a angústia dos seres queridos que com ele conviviam, o suicida torna-se um indigente do além.
Como? Sim, apenas conseqüências do ato extremo, nunca castigo. Isto tudo por uma razão muito simples: não somos o corpo, estamos no corpo. Somos espíritos reencarnados, imortais. E a vida nunca cessa, ela continua objetivando o aprimoramento moral e intelectual de todos os filhos de Deus. Suicidar-se é ilusão. Os desafios existenciais surgem exatamente para promover o progresso, convidando à conquista de virtudes e o desenvolvimento da inteligência. A oportunidade de viver e aprender é muito rica para ser desprezada. E quando alguém a descarta, surgem conseqüências naturais: o sofrimento físico, pela auto-agressão e o sofrimento moral do arrependimento e da perda de oportunidades. Muitos talvez, poderão perguntar-se: Mas de onde vem essas informações?
A Revelação Espírita trouxe essas informações. São os próprios espíritos que trouxeram as descrições do estado que se encontram depois da morte. Entre eles, também os suicidas descrevem os sofrimentos físicos e morais que experimentam. Sim porque sendo patrimônio concedido por Deus, a vida interrompida por vontade própria é transgressão à sua Lei de Amor. Como uma criança pequena que teima em não ouvir os pais e coloca os dedos na tomada elétrica.
Para os suicídios há atenuantes e agravantes, mas sempre com conseqüências dolorosas e que vão requerer longo tempo de recuperação. Deus, que é Pai bondoso e misericordioso, jamais abandona seus filhos e concede-lhes sempre novas oportunidades. Aí surge a reencarnação como caminho reparador, em existências difíceis que apresentam os sintomas e aparências do ato extremo do suicídio. Há que se pensar nos familiares, cônjuges, pais e filhos, na dor que experimentam diante do suicídio do ser querido. Há que se pensar no arrependimento inevitável que virá. Há que se ponderar no desprezo endereçado à vida. Há, mais ainda, que se buscar na confiança em Deus, na coragem, na prece sincera, nos amigos (especialmente o maior deles, Jesus), a força que se precisa para vencer quaisquer idéias que sugiram o auto-extermínio.
Meu amigo, minha amiga, pense no tesouro que é tua vida, de tua família! Jamais te deixes enganar pela ilusão do suicídio. Viva! Viva intensamente! Com alegria! Que não te perturbe nem a dificuldade, nem a enfermidade, nem a carência material. Confie, meu caro, e prossiga!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

FRAGILIDADE HUMANA



O invólucro material, em razão da sua pesada estrutura, bloqueia muitas faculdades que são inerentes ao Espírito, quando esse reencarna no orbe terrestre. 
Valores éticos e condutas saudáveis adormecem nos painéis do inconsciente atual, tornando-se necessário especial treinamento para transformar os seus vestígios, em forma de tendências, em manifestações lúcidas que possam assomar à consciência. 
Nada obstante, em razão das heranças do primarismo, com mais amplitude expressam-se, predominando, de alguma forma, em sua natureza animal. 
Arraigadas, as paixões primevas fazem-se mais difíceis de serem eliminadas, por haverem criado automatismos que se tornam hábitos aceitos e de contínuo praticados. 
Denominem-se todos os indivíduos quantos assim se encontram como seres fisiológicos, pela característica dominante dos instintos básicos, não direcionados os sentimentos, ainda, para a razão que os pode transformar, facultando-lhes substituição pelas emoções, num estágio superior de reflexão e de comportamento com objetivos relevantes. 
O ego vigoroso libera a sombra que o segue e as heranças morais doentias dominam-no, permitindo o prolongamento do estágio primitivo. 
Costuma-se justificar a falência dos compromissos elevados com o velho chavão de que a carne é fraca, concedendo-lhe predomínio no direcionamento da conduta moral. 
O ser humano é a essência que comanda a máquina orgânica, que se lhe submete, na exceção compreensível dos fenômenos do automatismo biológico, devendo a mesma conceder-lhe direcionamento equilibrado. 
Se o Espírito ainda permanece adormecido no campo da sua consciência, sem empreender o esforço para o despertamento, repete as existências físicas em um círculo vicioso, sem maior proveito, até quando as Leis da Vida impõem-lhe as expiações retificadoras. 
A reencarnação tem, pois, por objetivo essencial proporcionar o desenvolvimento ético-moral do ser profundo, liberando-o das anfractuosidades primitivas que lhe impedem expressar em plenitude. 
O diamante bruto guarda a estrela refulgente na sua intimidade, e, para libertá-la, sofre a lapidação. 
Como decorrência dessa condição primária, o ser humano que se permite a condição, aceitando-a, sempre é frágil diante dos desafios, tombando na vala do erro, do crime e da perversidade em que mais se compromete. 
Aquele, porém, que se trabalha, elegendo a trilha saudável do bem proceder, faz-se indivíduo psicológico, porque nele destacam-se as manifestações do equilíbrio ético, dos valores dignificantes, da sábia manifestação mental, dos instrumentos conhecidos como virtudes. 
A busca das virtudes e a sua consequente incorporação no cerne do ser é a meta que deve ser vivenciada, facultando o estado numinoso, de conquista do reino dos céus.
*   *   *
Surpreendes-te com a degradação de companheiros que se apresentam com boa compostura exterior, sem a real vivência de tudo quanto aparentam no seu aspecto formal. 
Produzem-te desencanto as defecções morais dos amigos nos quais confias, não correspondendo às qualidades que tipificam o cidadão correto. 
Ralam-te os sentimentos os comportamentos inadequados, soezes, daqueles que sorriem e mentem, afagam-te e traem-te, expressam-te amizade e censuram-te pelas costas. 
A fragilidade humana é responsável por esses acidentes espirituais dos viajores desprovidos das riquezas interiores. 
Esses amigos ainda não conseguem conduzir-se em segurança no patamar da honradez. 
A paixão e a atração onzenária continuam seduzindo-os e arrastando-os aos desvãos da desonestidade. 
Em consequência, sintonizam com outros Espíritos infelizes que os assessoram, seus cômpares talvez de ontem, mas que os aguardarão amanhã após a sua desencarnação. 
Não te constituam motivo de desânimo, porque, em contrapartida, outros Espíritos nobres movimentam-se ao teu lado, sustentando-te os esforços e os ideais de beleza e de vida. 
O mau exemplo de alguns deve servir-te de lição para que porfies nos compromissos elevados que abraças. 
Apieda-te dos desonestos, dos desertores, dos que enganam, considerando as resistências morais frágeis que se permitem com a concordância da consciência anestesiada. 
Despertarão mais tarde açodados pela culpa, seguidos pelas suas vítimas clamando por justiça. 
Ninguém foge de si mesmo.
Aqueles que sempre transferem as responsabilidades dos seus deslizes aos outros, não se conhecem, e, na sua insânia, acreditam-se vítimas, apresentam-se como sendo perseguidos. 
No âmago do ser, porém, eles sabem, eles vivem despidos de aparências enganosas perante a sua razão. 
De tua parte, faze-te forte, embora a condição humana, porquanto cada qual torna-se o que cultiva, o que aspira, aquilo por que luta. 
Supera as tentações de qualquer natureza pelo bem proceder e jamais te arrependerás. 
A traição do infiel não pode produzir-te dano, porque ele é quem carrega a responsabilidade do ato infeliz. 
Nunca te facultes o ressentimento em relação aos que te enganam e te vilipendiam, porque estarias vitalizando-lhes a maldade, dando-lhes a atenção que eles desejam. 
Há temperamentos humanos ardentes e de efêmera duração. Assemelham-se ao fogo, que se nutre do combustível que consome, tudo reduzindo a cinzas, quando acaba a chama e o calor.
*   *   *
Há temperamentos humanos suaves como a água gentil em delicada corrente, que dá vida, sustenta-a e permanece fluindo. 
Comparando-os, na sua condição evolutiva, são seres fisiológicos e psicológicos, respectivamente. 
Cabe-te adotar a melhor conduta em tua existência, que te fará arder, aniquilando-te, ou nutrir, vitalizando-te e seguindo sempre contigo. 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, em sessão mediúnica de
2 de maio de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção,
Salvador, Bahia.

Em 3.12.2012.

sábado, 2 de fevereiro de 2013


SUICÍDIO NÃO É A SOLUÇÃO (*)
Somente a Deus assiste o direito de dispor da vida. A maioria das religiões tem isso como uma lei. Mas, então, porque tantas pessoas praticam esse delito contra a vida?
Há quem imagine que com o suicídio estará resolvendo todos os seus problemas. O Espiritismo esclarece que, ao contrário do que pensa, o suicida agrava uma situação e, certamente, se refletisse um pouco, utilizando o tempo como auxílio, não atentaria contra a própria vida. As conseqüências no plano espiritual para o suicida variam de acordo com as causas, as atenuantes, as agravantes, a maneira como ocorreu o suicídio. Mas, em comum, o abreviamento voluntário da vida no plano material traz sofrimentos e dificuldades para o indivíduo, cuja recuperação é mais lenta e gradual. Além disso, podem existir conseqüências nas futuras reencarnações, como dificuldades físicas ou mentais, problemas orgânicos ou psicológicos.
Neste mundo de provas e expiações todos passam por problemas. A falta de fé, aliada a depressão, angústia, orgulho, falta de objetivos na vida, desilusões, solidão, em surtos psicóticos ou como efeito de drogas, são algumas das causas do suicídio.
Encaremos nossas dificuldades como aprendizados, oportunidades únicas de crescimento, assumindo uma religiosidade que console e oriente, tendo a certeza de que o suicídio não é uma porta de salvação, ao contrário, é um sombrio pórtico que marca novos e maiores sofrimentos.
Se alguém já passou por essa situação na família ou com amigos, não deve desesperar-se. Podemos auxiliar aquele amigo ou familiar que cometeu esse ato extremo através da prece, com bons pensamentos, com vibrações equilibradas. Tenhamos a certeza de que o Pai Criador não desampara ninguém, dando a todos novas oportunidades de reparar os erros cometidos, através do bem servir.
A Doutrina Espírita, como bem definiu Allan Kardec, matou a morte... A certeza da vida futura, da reencarnação, da plena justiça de Deus, das conseqüências de quem pratica ato tão destrutivo contra si próprio, tem feito com que as pessoas reflitam sobre tal atitude e preservem a vida. O aspecto filosófico da Doutrina, através da fé racional, esclarece que a lei de causa e efeito e as reencarnações sucessivas visam o aprimoramento do espírito e são manifestações da perfeita justiça Divina e do amor de Deus a todas as suas criaturas.





sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Morte na Boate


 Richard Simonetti

            Tragédias como a de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, que vitimou 231 pessoas sempre suscitam a dúvida crucial: Maktub? Estava escrito?
            A meu ver está escrito apenas que morreremos um dia, mas sem definição do dia e hora, já que estes pertencem às contingências humanas, subordinadas ao livre-arbítrio.   Raros vivem integralmente o tempo concedido por Deus para as experiências humanas. Multidões retornam antes do tempo à espiritualidade por cuidarem mal do corpo, por se comprometerem no vício, no desregramento, na indisciplina, no crime…
            Há quem diga que débitos cármicos, nascidos de desvios cometidos em passadas existência teriam originado uma espécie de resgate coletivo na funesta madrugada.
            Além de logisticamente complicado juntar pessoas que queimam e sufocam seus semelhantes para morte igual, tal resgate lembra a pena de talião defendida por Moisés, o olho por olho, à distância do amor que cobre a multidão dos pecados, ensinado por Jesus.
            Há sempre a ideia supostamente consoladora, de que tudo vem de Deus. Assim pensando, seria, porventura, mais razoável imaginar que Deus estimula a negligência, a indisciplina, os vícios, os assassinatos, as bebedeiras, a agressividade, a maldade, a violência, as guerras, que dizimam milhões de pessoas para que as pessoas paguem suas dívidas?
            Seria razoável imaginar que Deus inspirou os americanos a soltar duas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, para que 200 mil japoneses quitassem seus débitos?
Essas mortes são de inspiração humana, jamais divina.
            O verdadeiro consolo está em considerar que o Espírito, a individualidade pensante, não morrerá jamais.
            Nascer e morrer são apenas duas faces da mesma moeda: a vida imortal, que se estende ao infinito, no desdobrar de experiências que nos conduzem à perfeição. Então, como diz Jesus, não mais experimentaremos a experiência da morte, em planos de matéria densa como a Terra. Nessa concepção está o verdadeiro consolo.
Quanto aos nossos amados, que nos antecedem no retorno à Espiritualidade, estão ausentes apenas aos nossos olhos.
            Se pudéssemos ver saberíamos que eles nos procuram, sofrem com nossa angústia, perturbam-se com nosso desconsolo, fortalecem-se com nossa coragem, vibram com nossas esperanças, torcem para que sejamos firmes e fortes no enfrentar os embates da existência a fim de que o reencontro mais tarde se dê em bases de vitória sobre as provações humanas, ensejando-nos luminoso porvir.
 
Nas ruínas preservadas de Herculano ainda podem ser vistos  sinais deixados pelo
incêndio provocado pelas lavas incandescentes do Vulcão Vesúvio. No prédio acima são
visíveis restos de madeiras carbonizadas. As cidades de Herculano, Pompéia e Stabias foram
 soterradas pela erupção ocorrida no ano 79 d.C. quando faleceram milhares de pessoas.  Foto Ismael Gobbo