SINAL DE ALERTA
Se acreditarmos muito em alguma coisa e nos sentirmos felizes em repartir isso com os outros, temos um bom motivo para comemorar. Mas, se sentimos necessidade de fazer com que as outras pessoas acreditem nas mesmas coisas, e nos irritamos com idéias diferentes, ou mesmo contrárias às nossas, já se manifesta aí um sinal de alerta.
Quando precisamos estar acompanhados em nossas opiniões, é sinal claro de que não estamos completamente seguros quanto às nossas convicções, estamos, na verdade, buscando afirmação.
Se alguém nos faz uma crítica e isso nos faz pensar; que bom sinal! Estamos buscando equilíbrio, bem estar, tentando, sinceramente, nos aperfeiçoar. Todavia, se a crítica incomoda demais, desperta irritação, ou pior, provoca fúria física ou mesmo verbal; este é, também, um sinal de alerta, pois críticas ou mesmo ofensas que sabemos ser falsas, não devem gerar mais do que pesar por aqueles que as proferiram. Se tais comentários, sejam maliciosos ou não, nos deixam muito bravos, provocando uma resposta mais exaltada, é porque “gritando”, talvez, não tenhamos que ouvir a nossa própria consciência a nos dizer que aquilo é verdade.
Um sinal de alerta sempre pede atenção e reflexão urgentes, um estudo mais aprofundado sobre as razões do seu aparecimento.
Por outro lado, se aceitamos a opinião ou a vontade alheia porque achamos útil colaborar com determinada ideia ou mesmo, porque não vemos nenhum inconveniente em partilhar a proposta do outro, parece que tudo vai bem. Contudo, se sempre aguardamos a orientação de alguém para evitar o confronto ou para tentar nos eximir da responsabilidade de tomar uma posição, algo está errado, já que estamos tentando nos esconder da vida e das escolhas que ela nos solicita. Aliás, esta atitude, por si só, já representa uma escolha, inevitavelmente equivocada.
Cada um de nós sabe bem que é possível dissimular sentimentos para não demonstrá-los aos que partilham de nosso convívio, mas nem todos percebem que é impossível enganar a si mesmo.
É absolutamente improdutivo fugir das próprias dificuldades, camuflando sentimentos e reações que, no final, sempre acabarão expostos.
Não obstante, é preciso alguma coragem para enfrentar face-a-face os nossos “dragões” internos, confiando que conseguiremos, ao findar a luta, transfixar seus corações com a lança emprestada de São Jorge.
Rotineiramente, preferimos observar e descrever, com detalhes, os dragões dos outros, tecendo comentários sobre estratégias e formas diferentes de enfrentá-los, de vencê-los, enquanto isso, bem dentro de nós, permanece incólume, um outro muito pior e mais feroz que fazemos questão de ignorar.
Neste conhecido jogo de transferência de responsabilidades, onde nos esforçamos para apontar culpados de nossas infelicidades, perdemos ótimas chances de encarar a própria culpa, admitindo o único e verdadeiro responsável por todas as desventuras e tristezas que vivemos: nós mesmos.
Infelizmente não há opções disponíveis, de uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde, haveremos de nos enfrentar, de combater nossos próprios dragões, nesse inexorável processo de transformação em que todas as formas de inteligência do universo estão inseridas.
Transformar-se para avançar, para melhorar, ainda que seja nesse nosso mundo cheio de injustiças e iniquidades tragédias e crueldades, pois ele mesmo vai se transformando, na medida da tomada de consciência de cada um de nós.
Portanto, se quisermos mudar o mundo, devemos começar por nós mesmos. E ainda que a nossa pretensão não seja essa, mas tão somente a de manter a paz e a serenidade em nossos corações, o caminho é o mesmo: procurar tais recursos dentro de nós.
Na próxima vez que um sinal de alerta tocar, saibamos que é hora de mudança, e esta só começa se houver uma pausa para reflexão; por isso:
Pare e pense antes de agir.
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