sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Escusas

Permanece fiel ao trabalho a que te vinculas, servidor do Bem, sem qualquer enfado ou desânimo.
Dizes ser amigo de Jesus, que nunca deixou de auxiliar-te. Nada obstante, à medida que o tempo transcorre, vens neglicenciando os compromissos com as atividades socorristas a que te vinculas.
Sabes quando és útil no conjunto fraternal da Instituição em que te movimentas e que te necessita.
Apesar disso, vens fugindo à cooperação com os teus irmãos lutadores, tão cansados quanto tu mesmo, arrimando-te em escusas injustificáveis.
Sensível à crítica, olvidas-te de compreender que o mundo ainda não é o Paraíso, no qual os seres angélicos entoam hinos de louvor ao Pai Celestial. Permanece, porém, como escola de bênçãos, na qual a incompreensão e o desar dão-se as mãos, para a geração de dificuldades. Ademais, quando se está a serviço de Jesus, surgem empecilhos de todos os lados, tentando impedir o avanço autoiluminativo.
Procurando distanciar-te da realização coletiva edificante, alegas que sofres perseguição e apupo, sem a lucidez necessária para a prática da compaixão e da misericórdia. Aquele que te é inamistoso encontra-se gravemente enfermo e o desconhece...
Noutras vezes, aludes aos problemas e desafios familiares que te exigem a presença e olvidas o grupo espiritual com o qual te comprometeste antes da reencarnação.
Em algumas situações, apóias-te em enfermidades reais ou imaginárias para permaneceres no lar, quando o hospital espírita é o lugar adequado para conseguires a recuperação da saúde.
Tem cuidado, amigo de Jesus!
Se todos os Seus cooperadores detiverem-se em escusas, o deserto tomará conta da seara, ora rica de dádivas e de promessas de frutos...
Ao agasalhares ressentimentos e omitir-te na obra do Senhor, forças do Mal acercam-se de ti e lentamente inoculam nos teus pensamentos ideias falsas trabalhadas com habilidade, empurrando-te para as áreas sem defesa da inutilidade.
É certo que preferes a cultura, a projeção, o reconhecimento das demais pessoas. E, ao recebê-los, ficas sem mérito ante a Consciência Cósmica, porque já foste galardoado pela retribuição da vida aos teus pequenos e diletantes esforços.
Tem cuidado e volve à luta, ao lado dos teus amigos e sofredores, não deixando o arado enferrujar-se, abandonado ao sabor das intempéries.
Mantém a lembrança de que Jesus jamais se escusava. Por mais difícil fosse a situação, Ele a enfrentava com amor e delicadeza.
Veio ensinar a cooperação fraternal, a vivência da solidariedade, caminhos únicos para tornar melhor o mundo.
Se aqueles que são dotados de bons sentimentos se evadem da ação do Bem, alegando as dificuldades, que se poderá esperar dos demais, aqueles que não dispõem do conhecimento superior, das resistências morais, dos sentimentos de compaixão?
*   *   *
Há muito cristão-espírita fascinado pelos conteúdos intelectuais do Espiritismo, permanecendo nos seus confortáveis gabinetes e bibliotecas, pesquisando e escrevendo para os outros, propondo diretrizes e seguros roteiros de trabalho, de caridade...
Suas mãos, porém, permanecem vazias de feitos.
As belas teorias necessitam de ser vivenciadas por aqueles que as formulam, a fim de merecerem consideração e apoio dos que lhes tomam conhecimento.
A vinha do mestre ainda se encontra na face desafiadora da erradicação das plantas inúteis e más, a fim de ser preparado o solo para a ensementação do amor através do esforço hercúleo dos desbravadores do terreno,
Tudo quanto Jesus falou, Ele o praticou.
A Sua não é uma mensagem apenas de palavras, pois que todas elas estão respaldadas pelo Seu exemplo de abnegação e de entrega total.
A Sabedoria Máxima que o mundo conhece jamais se escusou ante as tarefas humildes, até humilhantes, que Ele transformou em vivência dignificadora como jamais alguém o conseguiria...
Lavar os pés dos Seus discípulos representou a sublime demonstração do que se fez servo de todos, sendo, no entanto, o Excelso Senhor do planeta terrestre.
Se te sentes cansado ante o impacto dos acontecimentos perversos e afligentes, recorda que com Ele tudo se torna fardo leve, de fácil condução.
Se perdeste o encantamento em relação aos companheiros com os quais convives, retempera o ânimo na fraternidade e reestimula-te, doando-te um pouco mais.
Na escusa em que ocultas os motivos reais do paulatino abandono dos teus compromissos, aguardas o tempo para te eximires por completo de tudo, negando a tua cooperação.
As ilusões de hoje e os comportamentos estranhos também passam, surgindo o despertar da consciência, em seu lugar, quando a situação tornar-se perigosa, agravada pela tua distância dEle.
O que fazes é bom e útil.
Defende o teu direito de prosseguir realizando-o da mesma forma que resguardas os valores para a existência cômoda.
Não te preocupes com os julgamentos que venham a fazer sobre ti, mantendo-te fiel ao Seu suave jugo.
Refaze o caminho e deixa-te de escusas, voltando ao trabalho enquanto é dia de luz.
O que faças, a conduta que te permitas, tornar-te-á amigo devotado ou distraído dAquele que deu a própria existência por amor a ti.
*   *   *
O Espiritismo é o teu salvo-conduto para uso correto na atual conjuntura reencarnacionista.
Tu que o conheces, que o ensinas, pratica-o até o sacrifício, recordando a recomendação de Jesus, a respeito da fidelidade ao Amor até o fim...
Amigo do Bem, não deixes que o vazio existencial que te atormenta seja preenchido pelo egoísmo e pelas ambições terrestres de breve curso.
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia, no dia 23 de abril de 2012.
Em 19.11.2012.

domingo, 25 de novembro de 2012

A FAMÍLIA PÓS-NUCLEAR

A FAMÍLIA PÓS-NUCLEAR




Jerri Almeida
Preâmbulo

O
 estudo das relações familiares na contemporaneidade implica pensarmos sobre suas novas configurações e mediações. Sabemos que é cada vez mais comum encontrarmos exemplos de filhos que vivem somente com a mãe, com o pai ou com outro parente. O contexto das relações, na sociedade complexa que vivemos, define novos vínculos e novas tendências na composição da família. Conforme apontou Bauman, em seu livro intitulado Amor Líquido[1] – Sobre a fragilidade dos laços humanos, os relacionamentos conjugais tornaram-se, na pós-modernidade, muito “líquidos”, isto é, sem bases sólidas. Os valores sociais e culturais de nossa época contribuem para uma fragilização do casamento, ampliando vertiginosamente o número das separações.
Vínculos conjugais são rompidos, enquanto outros são – precipitadamente – iniciados sem o devido comprometimento ou consciência dos fatores responsáveis por imprimir qualidade na convivência conjugal. Separações e divórcios[2] são responsáveis, embora não serem os únicos, pelo aumento da família pós-nuclear.
A rigor, com as mudanças socioculturais e comportamentais, principalmente a partir dos anos 60, a mulher conquistando mais liberdade social passou também a assumir sozinha, diante de determinadas contingências, a chefia da família. Inúmeros fatores podem ser relacionados para explicar o surgimento da configuração familiar monoparental dentre eles podemos citar: a inseminação artificial, o que permitiu a mulher gerar filhos sem a figura do pai, a adoção, a viuvez e o divórcio. Na prática, define-se geralmente o modelo monoparental quando uma pessoa adulta, pai, mãe, ou outra, quer consanguínea ou não, assume o papel de cuidadora e orientadora de uma ou várias crianças.
Este modelo de família é reconhecido, no Brasil na Constituição Federal de 1988, em seu Art. 226 no inciso 4° que diz: “Entende-se também como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”, conferindo-lhe a mesma proteção e segurança do Estado. Conforme o IBGE, de 1995 a 2005, a porcentagem de famílias chefiadas por mulheres com filhos e sem cônjuge passou de 17,4% para 20,1% no Nordeste, e no Sudeste, de 15,9% para 18,3%.
Eduardo de Oliveira Leite afirma que: “a monoparentalidade se impôs como fenômeno social nas três últimas décadas, mas, com maior intensidade, nos últimos vinte anos, ou seja, no período em que se constata o maior número de divórcios” [3].

Dois, não somente um!

Qual o impacto da falta de um dos pais para os filhos? Existem especificidades no papel de pai e de mãe? E nesse caso, a ausência de um deles poderá ser suprida pelo outro? Não pretendemos nesse estudo, reduzir a complexidade desse modelo de família ao limite de seus aspectos negativos. Todavia, é importante refletirmos mais profundamente sobre o tema em questão.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, encontramos a seguinte afirmação:



Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir. [Grifos meus][4]

Não há duvidas que a estrutura familiar, composta por pai e mãe representa um imperativo da natureza para o melhor cumprimento de suas funções. A resposta dos espíritos é clara e objetiva. Partindo desse ponto ideal, devemos também compreender as variáveis que envolvem esse processo. No entanto, é relevante fazermos uma distinção dos papéis que envolvem o homem e a mulher na estrutura familiar. Anotando informações sobre a vida conjugal, André Luiz, no capítulo 20 de Nosso Lar, obteve o seguinte esclarecimento de seu instrutor: “...o lar é como se fora um ângulo reto nas linhas do plano da evolução divina. A reta vertical é o sentimento feminino, envolvido nas inspirações criadoras da vida. A reta horizontal é o sentimento masculino em marcha de realização no campo do progresso comum.” Essa diferenciação das singularidades do homem e da mulher implicam numa dinâmica de complementação extremamente rica, onde o principal beneficiado deveria ser o filho.
As funções, comumente aceitas, controladas pelos dois lados do cérebro, podem auxiliar na compreensão das diferenças[5] (que em nenhum momento implicam na ideia de superioridade ou inferioridade) entre homens e mulheres: a) Hemisfério esquerdo (lado direito do cérebro): habilidades matemáticas, raciocínio lógico, o pragmatismo, a objetividade, racionalidade, entre outros.  b) Hemisfério direito (no lado esquerdo do cérebro): criatividade, talento para as artes, intuição, imaginação, multiprocessamento, emoções, visão do todo, entre outros. O homem funciona mais no hemisfério esquerdo, enquanto a mulher no hemisfério direito. A evolução espiritual enseja o desenvolvimento de múltiplas potencialidades e, para isso, sabemos que o ser espiritual necessita transitar na polaridade masculina e feminina.
Mas como essas especificidades se tornam importantes na estrutura familiar? O escritor e educador Celso Antunes, analisa a dimensão desses papéis afirmando que:

A mãe é, por essência, aquela que supre as necessidades de alimento e de afeto; o elo essencial da segurança da criança e, principalmente, a ‘dialogadora’ essencial, a ‘admirável xereta’ que tudo, em todas as idades, através da conversa, busca compartilhar. O homem, sobretudo no Ocidente onde são mais exímios no uso do hemisfério cerebral esquerdo, nunca é parceiro ideal para o papo solto, a conversa disciplinadora, o bom interrogatório. Não que isso o impeça de conversar com os filhos. Deve conversar e muito, mas poucos são os homens capazes de tão bem quanto as mulheres equilibrar a fala à emoção e, dessa forma, ‘abrir’ os pensamentos da criança ou do adolescente.[6]

O autor assevera ainda:

O pai desempenha na educação dos filhos papel de igual importância, ainda que extremamente diferente. Nos primeiros anos da infância deve inspirar presença e proteção que ao serem demonstradas à esposa ficam claras também para a criança. Mas, a importância paterna cresce de forma extraordinária quando, por volta dos três anos, a criança começa a descobrir sua individualidade e inspira-se no pai para fundamentar a base de sua responsabilidade. Nessa fase, o pai é para a criança o personagem central da família, simbolizando com doçura ‘força’ e ‘poder’.  Embora nem sempre se perceba essa distinção entre a ação masculina e a feminina, esta é essencial para o fortalecimento do caráter.
A criança cresce descobrindo que existe em sua vida uma autoridade diária e contínua exercida pela figura da mãe e uma outra autoridade, não menor ou maior, mas exercida de forma mais distante, ainda que suprema, simbolizada pela figura do pai.  Do pai, como modelo dessa autoridade suprema, deve emanar a base dos conceitos morais da criança, que aos poucos descobre que o pai é o que ama e o que conduz. Os meninos, sobretudo, devem sentir orgulho desse pai a ponto de desejarem ser como ele.
O pai distante ou ausente [assim como a ausência da mãe] deixa o vazio, a carência de modelo de força e poder. E não existe na neurologia ou na psicologia qualquer estratégia ou remédio que possam compensar a dimensão dessa ausência.[7]


Quando a separação do casal for inevitável ou no caso da desencarnação de um dos cônjuges, por exemplo, ficando a educação dos filhos para apenas uma pessoa, é importante, segundo o referido autor, que esta saiba assumir outras funções e outros papéis. Se bem assumidos, poderão diminuir o impacto ou o vazio deixado, mas jamais o eliminará totalmente.


Conclusão

O relaxamento dos laços familiares pode gerar doenças e promover insegurança afetiva. A constatação é da cientista da Universidade da Califórnia (EUA), Rena Repetti, após reunir mais de 500 estudos sobre a relação entre família e saúde. A pesquisadora constatou que “crianças que crescem num ambiente de acolhimento e segurança emocional em geral são providas de maior senso de integração social e mais capazes de regular o próprio comportamento para manter a saúde do corpo e da mente...”.[8]
Temos visto, em nossa experiência profissional, alunos manifestarem em certos casos, comportamentos indisciplinados, outras vezes, por falta de modelos e de referenciais domésticos, terminam – por carência - deslocando para o professor (a), para um personagem da televisão ou, dependendo da índole desse jovem, para um traficante ou o chefe do tráfico do bairro ou da cidade.
Uma família bem resolvida, independentemente se nuclear ou monoparental, se configura num espaço relacional onde as emoções são trabalhadas positivamente, os limites e a disciplina são exigidos, o afeto nutre a convivência, os exemplos positivos estão presentes, e os problemas são enfrentados com responsabilidade, conforme os papéis assumidos e “acumulados”.



[1] BAUMAN, Zigmunt. Amor Líquido. Sobre a fragilidade dos laços humanos. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editores, 2004.
[2] No Brasil o divórcio foi instituído pela Lei n. 6.515/77
[3] LEITE, Eduardo de Oliveira. Famílias monoparentais. 2. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2003. P. 21.
[4] O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 22, item 3.
[5] PEASE, Allan. Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?Tradução Neuza M. Simões. Rio de Janeiro: Sextante, 2000. P. 41.
[6] ANTUNES, Celso. Bilhete ao Pai. Petrópolis,RJ: Vozes, 2005. P. 84-85.
[7] Idem.
[8] Sua Família, sua saúde: A medicina prova que os laços familiares são decisivos para manter o organismo sadio. Este vínculo pode ajudar a combater doenças como asma, depressão e até câncer. Revista Isto É, 16/04/2008, no. 2006, pág. 76-81. 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A METÁFORA



           Ele era o camelo: o espírito transformado em besta de carga. Servia apenas para obedecer cegamente. Ajoelhava-se para que a carga fosse bem colocada sobre seu dorso, não reclamava do peso, nem do encargo, e seguia em direção ao deserto para cumprir sua missão. Era o que lhe ordenavam.

            Apesar de fazer sempre a mesma coisa, um dia se desviou do caminho e se perdeu. Na solidão do deserto, por ter que tomar decisões sozinho, percebeu-se diferente do que era até então. Tomou consciência de si mesmo e viu que na realidade não era um camelo, mas sim, um leão. Aquilo transformou sua existência: não devia mais obediência a ninguém. A palavra de ordem que até então era: “Eu devo”, agora, em liberdade, passou a ser: “Eu quero”.

            Conquistou finalmente sua liberdade e achou que agora, livre das amarras, era o rei do seu próprio destino. Entrou em conflito com seus antigos senhores que ainda ordenavam: “Tu deves!”. Ele retrucava: “Eu quero!”.

            Era a rebeldia dos oprimidos. Fazia o que tinha vontade, na hora em que queria, com quem desejava e, sem perceber, tornara-se novamente escravo, só que de outro senhor: os seus desejos!

            Era a ditadura da vontade. Não compreendeu que ao se deixar dominar por outros deuses - do prazer, da sensualidade, da vaidade, do egoísmo - deixou-se corromper e de cumprir com seus reais deveres, de se empenhar em seu próprio destino.

            Se antes era infeliz, por ser obediente ao extremo, agora era triste, pela rebeldia descabida e pelo total domínio dos prazeres.

            Deste conflito interno surgiu o terceiro ser: o ser real. O ser em equilíbrio, que nutre a sabedoria da razão, mas compreende a necessidade do dever; que requer os direitos, mas cumpre as obrigações. Com a compreensão da existência de leis superiores, elaboradas por uma Inteligência Suprema, entende-as como sábias e justas, portanto, merecedoras de respeito e submissão.

            Metaforicamente, é assim um pouco da história da humanidade. Saindo da fé cega e absoluta (o camelo obediente), onde as ordens, as crenças deveriam ser inquestionáveis, passou ao outro extremo, do materialismo, da negação absoluta de Deus, que ainda não podia compreender (o leão das vontades).

            A terceira fase é a da fé raciocinada, onde o entendimento das leis que regem o mundo físico e o mundo moral o auxiliará a chegar à atitude de equilíbrio e ponderação.

            Há liberdade, mas há o dever. A liberdade absoluta só seria possível na condição de eremita no deserto. Desde de que haja dois seres juntos, há direitos a respeitar e nenhum deles terá mais a liberdade absoluta (O Livro dos Espíritos, questão 826).

            O dever não tira a condição de querer o melhor ou ser o senhor de si mesmo. É nessa condição, não mais de escravo obediente, nem de filho rebelde, mas tendo como base a fé raciocinada, que a criatura humana caminha a passos largos rumo à liberdade e à felicidade.
Luis Roberto Scholl
Inspirado em um conto de Friedrich Nietzsche 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Aquecimento Global
Entenda o aquecimento Global, Efeito Estufa, conseqüências, aumento da temperatura mundial,
degelo das calotas polares, gases poluentes, Protocolo de Kyoto, furacões, ciclones, desertos, clima, resumo.
aquecimento global Poluição atmosférica: principal causa do aquecimento global.

Introdução 

Todos os dias acompanhamos na televisão, nos jornais e revistas as catástrofes climáticas e as mudanças que estão ocorrendo, rapidamente, no clima mundial. Nunca se viu mudanças tão rápidas e com efeitos devastadores como tem ocorrido nos últimos anos.
A Europa tem sido castigada por ondas de calor de até 40 graus centígrados, ciclones atingem o Brasil (principalmente a costa sul e sudeste), o número de desertos aumenta a cada dia, fortes furacões causam mortes e destruição em várias regiões do planeta e as calotas polares estão derretendo (fator que pode ocasionar o avanço dos oceanos sobre cidades litorâneas). O que pode estar provocando tudo isso? Os cientistas são unânimes em afirmar que o aquecimento global está relacionado a todos estes acontecimentos. 
Pesquisadores do clima mundial afirmam que este aquecimento global está ocorrendo em função do aumento da emissão de gases poluentes, principalmente, derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc), na atmosfera. Estes gases (ozôniodióxido de carbonometano, óxido nitroso e  monóxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o famoso efeito estufa. Este fenômeno ocorre, pois, estes gases absorvem grande parte da radiação infra-vermelha emitida pela Terra, dificultando a dispersão do calor.
desmatamento e a queimada de florestas e matas também colabora para este processo. Os raios do Sol atingem o solo e irradiam calor na atmosfera. Como esta camada de poluentes dificulta a dispersão do calor, o resultado é o aumento da temperatura global. Embora este fenômeno ocorra de forma mais evidente nas grandes cidades, já se verifica suas conseqüências em nível global.   
aquecimento global - derretimento de gelo Derretimento de gelo nas calotas polares: uma das consequências do aquecimento global.
Consequências do aquecimento global 
-         Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura no mundo, está em curso o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da águas dos oceanos, podem ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades litorâneas;
-         Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca a morte de várias espécies animais e vegetais, desequilibrando vários ecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo, principalmente em florestas de países tropicais (Brasil, países africanos), a tendência é aumentar cada vez mais as regiões desérticas do planeta Terra;
-         Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura faz com que ocorra maior evaporação das águas dos oceanos, potencializando estes tipos de catástrofes climáticas;
-         Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas tem sofrido com as ondas de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor, provocando até mesmo mortes de idosos e crianças. 
Protocolo de Kyoto
Este protocolo é um acordo internacional que visa a redução da emissão dos poluentes que aumentam o efeito estufa no planeta. Entrou em vigor em 16 fevereiro de 2005. O principal objetivo é que ocorra a diminuição da temperatura global nos próximos anos. Infelizmente os Estados Unidos, país que mais emite poluentes no mundo, não aceitou o acordo, pois afirmou que ele prejudicaria o desenvolvimento industrial do país.
Conferência de Bali 
Realizada entre os dias 3 e 14 de dezembro de 2007, na ilha de Bali (Indonésia), a Conferência da ONU sobre Mudança Climática terminou com um avanço positivo. Após 11 dias de debates e negociações. os Estados Unidos concordaram com a posição defendida pelos países mais pobres. Foi estabelecido um cronograma de negociações e acordos para troca de informações sobre as mudanças climáticas, entre os 190 países participantes. As bases definidas substituirão o Protocolo de Kyoto, que vence em 2012.
Conferência de Copenhague - COP-15
A 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima foi realizada entre os dias 7 e 18 de dezembro de 2009, na cidade de Copenhague (Dinamarca). A Conferência Climática reuniu os líderes de centenas de países do mundo, com o objetivo de tomarem medidas para evitar as mudanças climáticas e o aquecimento global. A conferência terminou com um sentimento geral de fracasso, pois poucas medidas práticas foram tomadas. Isto ocorreu, pois houve conflitos de interesses entre os países ricos, principalmente Estados Unidos e União Européia, e os que estão em processo de desenvolvimento (principalmente Brasil, Índia, China e África do Sul).  
De última hora, um documento, sem valor jurídico, foi elaborado visando à redução de gases do efeito estufa em até 80% até o ano de 2050. Houve também a intenção de liberação de até 100 bilhões de dólares para serem investidos em meio ambiente, até o ano de 2020. Os países também deverão fazer medições de gases do efeito estufa a cada dois anos, emitindo relatórios para a comunidade internacional.
E a nossa parte, começa onde? Precisamos acordar para essa realidade, pois, cabe a cada um de nós fazer a sua parte, nas minimas coisas, dentro de nossas casas há muito a se fazer, exemplo: coleta seletiva do lixo, o descarte correto dos eletrônicos, etc.
Acorda Brasil!!!
  

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


QUEM NÃO QUER TRABALHAR, ARRANJA DESCULPAS...




 (...) Certa vez, procurei o Chico Xavier. Estava me sentindo envergonhado e queria deixar a direção do hospital. Levei uma reprimenda daquelas!...
            - O que o Chico disse ao senhor?
            -  Disse-me que, por direito de antiguidade, ele é que deveria se aposentar e não estava pensando nisto... Falou-me que, quando a gente não está querendo trabalhar, o inconsciente arranja mil desculpas. Deu-me uma lição de Psicanálise! Não fui bem sucedido, e o jeito foi ficar...
            - O homem não alisava, não; quando tinha algo a dizer, não mandava recado... Em 1961, quando estive lá – eu estava com 37 de idade –, ele conversava com uma pessoa olhando, o tempo todo, para mim...
            - Então era com você que ele estava falando... Ele usava esta tática: escolhia alguém, normalmente um dos colaboradores ali, da mesa, para dizer a outro o que era preciso.
            - Discorreu sobre mediunidade e responsabilidade. Explicou que, de maneira geral, os espíritas ainda não haviam entendido que o Espiritismo é uma doutrina de muito trabalho e que ser médium é assumir o compromisso de trabalhar dobrado – sem reclamar! Recordo-me de um  trecho de sua fala, textualmente: - “Sinceramente, não sei onde que os espíritas conseguem tanto tempo para polemizarem entre si... Só não tendo o que fazer! Eu não tenho tempo nem para aparar as unhas!...”
            - E não tinha mesmo, coitado! Ele se desculpava, dizendo que necessitava de unhas mais compridas porque lidava com folhas de papel... Mas era falta de tempo mesmo! A um amigo, certa vez, ele mostrou a situação de suas unhas dos pés: elas estavam tão grandes, que feriam os seus dedos... E, depois, principalmente nos últimos anos, não conseguia mais se abaixar para apará-las!             
Livro:   A Lei da Reencarnação
Carlos A. Baccelli, pelo Espírito Domingas

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

DECEPÇÕES UMA REALIDADE EM NOSSA VIDA


Você já teve alguma decepção na vida?
Eu tive a oportunidade de ter uma na terça-feira passada que me rendeu uma noite de insonia e me levou a muitas reflexões, meditações, revisão de conceitos, alguma tristeza, mas sobre tudo uma vontade enorme de continuar na luta por uma CAUSA nobre e com a qual eu me identifico muito.
Dificilmente alguém passa pela existência sem sofrer uma desilusão, ou ter alguma surpresa desagradável em algum momento da caminhada.
Podemos dizer que o sabor de uma decepção é amargo e traz consigo um punhal invisível que dilacera as fibras mais sutis da alma.
Isso acontece porque nós só nos decepcionamos com as pessoas em quem investimos nossos mais puros sentimentos de confiança e amor.
Pode ser um amigo, a quem entregamos o coração e que, de um momento para outro, passa a ter um comportamento diferente, duvidando da nossa sinceridade, do nosso afeto, da nossa dedicação, da nossa lealdade...
Também pode ser a alma que elegemos para compartilhar conosco a vida, e que um dia chega e nos diz que o amor acabou, que já não fazemos mais parte da sua história... que outra pessoa agora ocupa o nosso lugar.
Ou alguém que escolhemos como modelo digno de ser seguido e que vemos escorregando nas valas da mentira ou da traição, desdita que nos infelicita e nos arranca lágrimas quentes e doloridas, como chama que queima sem consumir.
Enfim, só os nossos amores são capazes de nos ferir com a espada da decepção, pois os estranhos não têm esse trágico poder, já que seus atos não nos causam nenhuma impressão.
Assim, vale a pena algumas reflexões a esse respeito para que não nos deixemos atingir pela cruel espada da desilusão.
Para tanto, podemos começar levando em conta que, assim como nós, nossos amores também não são perfeitos.
E que, geralmente, não nos prometem santidade ou eterna fidelidade. Nunca nos disseram que seriam eternamente a mesma pessoa e que jamais nos causariam decepções.
Nós é que queremos que sejam como os idealizamos.
Assim nos iludimos. Mas só se desilude quem está iludido.
Importante que pensemos bem a esse respeito, imunizando a nossa alma com o antídoto eficaz do entendimento.
Importante que usemos sempre o escudo do perdão para impedir que os atos infelizes dos outros nos causem tanto sofrimento.
Importante, ainda, que façamos uso dos óculos da lucidez, que nos permitem ver os fatos em sua real dimensão e importância, evitando dores exageradas.
A ilusão é como uma névoa que nos embaraça a visão, distorcendo as imagens e os fatos que estão à nossa frente.
E a decepção nada mais é do que perceber que se estava iludido, enganado sobre algo ou alguém.
Assim, se você está amargando a dor de uma desilusão, agradeça a Deus por ter retirado dos seus olhos os empecilhos que lhe toldavam a visão.
Passe a gostar das pessoas como elas são e não como você gostaria que elas fossem.
Considere que você também já deve ter ferido alguém com o punhal da decepção, mesmo não tendo a intenção, e talvez sem se dar conta disso.
Por todas essas razões, pense um pouco mais e espante essa tristeza do olhar... Enxugue as lágrimas e siga em frente... sem ilusões. 
*   *   *
Aprenda a valorizar nas pessoas suas marcas positivas.
Lembre-se de que cada um dá o que tem, o que pode oferecer.
Uns oferecem o ácido da traição, o engodo da hipocrisia, o fel da ingratidão, pois é o que alimentam na alma.
Mas, seja você a cultivar em seu jardim interior as flores da lealdade, do afeto, da compreensão, da honestidade, para ofertar a todos aqueles que cruzarem o seu caminho.
Seja você alguém incapaz de ferir ou provocar sofrimentos nos seres que caminham ao seu lado.

4º CICLO DE PALESTRAS DA 6ª REGIÃO FEDERATIVA

Desenvolveu-se no período de 27 de  outubro até 09 de novembro de 2012, nas Instituições Espíritas das cidades de: Pinheiro Machado, Aceguá, Candiota, Hulha Negra, Bagé, Dom Pedrito, Livramento, Rosário do Sul e São Gabriel, somente a cidade de Cacequi não foi visitada por não ter companheiro com disponibilidade para fazer a devida visita.

Queremos agradecer as Casas Espíritas que participaram desse intercâmbio tão importante para o Movimento Espírita Regional, por terem abrido suas portas, mais uma vez, para nos receber de forma tão alegre, espontânea, cordial e fraterna, foram as seguintes as Instituições que receberam as visitas: de Bagé: S. E. Antero de Azevedo, S. E. O Bom Samaritano, S. E. Leon Denis, G. E. Alvorada da Paz e S. E. Bezerra de Menezes; Pinheiro Machado: S. E. Amigos da Paz;  Hulha Negra: S. E. Chico Xavier; de Aceguá: S. E. Amor e Paz; Candiota: S. E. Luz no Caminho e S. E. Irmãos na Fé; Dom Pedrito: C. E. João Batista e Casa E. Chico Xavier; Livramento: C. E. Caridade, S. E. Fé e Caridade, A. E. Nosso Lar;Rosário do Sul: S. E. Luz e Verdade, C. E. André Luiz e S. E. Bezerra de Menezes e São Gabriel: A. E. Viana de Carvalho.

E para nossa grande satisfação registramos as visitas realizadas aos nossos irmãos queridos de Rivera no Uruguay, que foram as seguintes instituições: Centro Espírita Luz, Amor e Caridad e Centro Espírita Allan Kardec, queremos agradecer pela acolhida e pela espontaneidade com que nos recepcionaram, também fomos entrevistados pelo Jornal Diário Norte de Rivera, o que nos deu uma satisfação muito importante, queridos amigos que Jesus os abençoe. 

Agradecemos também aos Palestrantes que representaram o CRE6 (Conselho Regional Espírita da 6ª Região Federativa), foram os seguintes os irmãos que se disponibilizaram para o trabalho voluntário: Ayr Nogueira dos Santos, Nery de Lima Pereira, Fabiana de Leon Rodrigues, Elaine Bruza, Ana Maria Becker, Paulo Nunes, Flavio Bitencourt, Tânia Regina Schineider, Aristides da Rosa, Inês Farias, Eva Farias Tanhot,  Pedro Roque, Marcelo Bilhalva, Sergio Levi, Maria Emilia Righi e Jaime M. A. da Silva, a todos nosso reconhecimento e gratidão.

Água questão de sobrevivência!  

Breves considerações  sobre a questão da água
A água é substrato que garante a vida. Tê-la é questão de sobrevivência!
O nosso país é responsável por 15% de toda a água doce do planeta. Além da sua forma doce, encontramos água salgada, água sólida e vapor d’água – esses últimos, provenientes da água doce.
De toda a água disponível na terra 97,6%  está concentrada nos oceanos; a água fresca corresponde aos 2,4% restantes. Acontece que destes 2,4% somente 0,31% não estão concentrados nos pólos na forma de gelo, o que nos faz concluir que de toda a água na superfície da terra menos de 0,02% está disponível em rios e lagos na forma de água fresca pronta para consumo.
Foi a água que criou civilizações, que deu início a guerras, que serviu para salvar vidas, embalou poetas e amantes, gerou monumentos e levando em conta que o Brasil guarda uma porcentagem expressiva de toda a água doce do planeta, temos que nos dedicar a preservá-la e defendê-la.
Apesar de sermos privilegiados no quesito água, nosso país deixa mais de 17 milhões de pessoas sem acesso a esse recurso natural responsável pela vida. Isso favorece o surgimento de inúmeras doenças,  e o êxodo pela busca de água.
A água potável é determinante para a saúde humana e o desenvolvimento da economia, lembrando que essa água será usada na agricultura e na agropecuária, a fim de garantir alimentos para a população.
Há na Câmara Federal projeto de lei – PL 6.466/09 – que prevê políticas públicas de incentivo à  economia do consumo da água, por meio da educação ambiental, pesquisa tecnológica e equipamentos sanitários redutores do consumo.
Certamente com uma educação ambiental eficaz, proporcionaremos acesso a água potável, o que diminuirá a degradação que esse recurso natural vem sofrendo, e garantirá aos cidadãos brasileiros o direito do desfrute de uma vida digna.
Thaís Leonel

______________________________________________________________________________________________

Estima-se que o desperdício de água no Brasil chegue a 70%.
Onde gastamos nossa água?
Em casa – em média, 78% do consumo de água é gasto no banheiro.
No banho: Um banho demorado chega a gastar de 95 a 180 litros de água limpa. Banhos de no máximo cinco a quinze minutos economizam água e energia elétrica. Abra o chuveiro, molhe-se, feche-o, ensaboe-se e depois abra para enxaguar, ao invés de passar o tempo todo com o chuveiro ligado.
Na escovação dos dentes: Escovar os dentes com a torneira aberta gasta até25 litros. Escove primeiro depois abra a torneira apenas o necessário para encher um copo com a quantidade adequada para o enxágüe.
Na descarga: Uma válvula de vaso sanitário no Brasil chega a consumir 20 litros de água tratada quando acionada uma única vez. Aperte apenas o tempo necessário e não jogue lixo no vaso.
Na torneira: Uma torneira aberta gasta de doze a vinte litros/minuto. Pingando, 46 litros/dia.
Na lavagem de louças: Lavar as louças, panelas e talheres com a torneira aberta o tempo todo acaba desperdiçando até 105 litros. O certo é primeiro escovar e ensaboar e depois enxaguar tudo de uma só vez.
Na lavagem de carros: Com a mangueira aberta o tempo todo consome-se, em média, 600 litros; com balde, aproximadamente 60 litros.
A Sabesp calcula que o Estado perde diariamente 40% da água tratada, o que representa cerca de 1,3 bilhão de litros/dia: daria para abastecer duas cidades do porte de Curitiba.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012



Como Agir Contra os Ataques ao Espiritismo?
Alkíndar de Oliveira

Ligue sua televisão pela madrugada. Com o seu controle escolha aquele canal em que um líder religioso está entrevistando uma pessoa do povo. Você vai ouvir mais ou menos o seguinte diálogo:
“- Então a senhora se arrependeu de ter sido espírita?
- Sim, me arrependi. Foi um dos momentos de minha vida em que tudo dava errado e eu não sabia porque.
- E agora que a senhora está em nossa Igreja, como está sua vida?
- Agora, com Jesus no meu coração, tudo mudou. Consegui emprego, consegui comprar minha casa própria e sou uma pessoa muito mais feliz.
- Então o Espiritismo prejudicou a senhora?
- Prejudicou. Hoje eu vejo que o Espiritismo é coisa de demônio. Se pudesse diria para todos os espíritas conhecerem a nossa Igreja onde Jesus é o nosso Mestre e Senhor. Os espíritas precisam enxergar que o seu mestre é o demônio.”
Depois de ouvir tudo isso, nós espíritas ficamos a imaginar:
“Que desconhecimento em relação ao Espiritismo!”.
Um parêntese: Você se lembra, caro leitor, quando chutaram em um dos programas de televisão a imagem católica de Nossa Senhora Aparecida? Você se lembra da intensa e imensa reação dos católicos de todo o Brasil? Você se lembra dos insistentes noticiários da televisão e dos inflamados artigos de jornais e revistas sobre o assunto?
A reação de todos foi impressionante!
Há tempos não se via tamanha comoção em nosso país. O chute na imagem de Nossa Senhora era assunto nas escolas, nos bares, em todos os lugares.
Agora reflita comigo:
Você já imaginou que todos os dias determinados pastores chutam nossa Doutrina?
Por terem chutado uma única vez uma imagem, os católicos e toda a mídia brasileira prontamente reagiram.
E nós que estamos sendo chutados todos os dias, estamos reagindo?
Poderíamos pensar que existem duas alternativas para resolver essa crítica situação de ataque diário e persistente ao Espiritismo:
A primeira:
Culpar o pastor e procurar fazer com que o mesmo nos dê satisfação por publicamente desrespeitar de maneira infame e inculta a Doutrina que professamos.
A segunda:
Divulgar melhor nossa Doutrina.
Agirmos de acordo com a primeira alternativa geraria polêmica. E polêmica gera polêmica, que por sua vez gera polêmica...

Divulgar melhor nossa Doutrina é a solução.

Veja as palavras de Allan Kardec:
“Uma publicidade, numa larga escala, feita nos jornais mais divulgados, levaria ao mundo inteiro, e até aos lugares mais recuados, o conhecimento das idéias espíritas, faria nascer o desejo de aprofundá-los, e, multiplicando os adeptos, imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião”.
Vale a pena também ler as palavras de Vianna de Carvalho, espírito:
“Na hora da informática com os seus valiosos recursos, o espírita não se pode marginalizar, sob pretexto pueris, em que se disfarça a timidez, o desamor à causa ou a indiferença pela divulgação, porquanto o único antídoto à má Imprensa, na sua vária expressão, é a aplicação dos postulados espíritas, hoje ainda ignorados e confundidos com as superstições, crendices, sofrendo as velhas conotações infelizes com que o caluniaram no passado, aguardando ser despojado das mazelas que lhe atiraram os frívolos e os déspotas, os fanáticos e os de má fé, quanto os que se apoiavam nos interesses subalternos, inconfessáveis...
Hora de mentalidades abertas às informações de toda ordem, este é o nosso momento de programar tarefas, fomentar a divulgação por todos os meios, tornando-se cada companheiro honesto e dedicado, nova “carta-viva”, para a estruturação de um homem melhor, portanto, de uma sociedade mais justa, uma humanidade mais feliz”.
Complementa ainda Vianna de Carvalho “Como não é lícito fomentar debates ou gerar discussões improdutivas, cabem, freqüentemente, sempre que possíveis, as honestas informações entre Doutrina Espírita e Doutrinas Espiritualistas, prática espírita e práticas mediúnicas, opiniões espíritas e opiniões medianímicas...”
Kardec e Vianna de Carvalho nos mostram que gerar polêmicas, criar discussões improdutivas a nada levam.
Procurar discutir no mesmo nível dos detratores é agir como eles estão agindo. É errar como eles estão errando.
Nossa tarefa é melhor divulgar a Doutrina e respeitar todas as religiões.
Uma eficiente e eficaz divulgação do Espiritismo, como disse Kardec: “imporia silêncio aos detratores que logo deveriam ceder diante do ascendente da opinião”.
Portanto, qual deve ser nossa postura ao divulgar nossa Doutrina?
Ao procurar divulgar nossa Doutrina, devemos fazê-la sem proselitismo, com ousadia e sensatez, tendo sempre em mente que nossa postura tem que ser a postura do conhecimento, da ética, da dignidade e da boa ação.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012


Família Material e Família Espiritual

Sérgio Biagi Gregório
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é fazermos uma conexão entre os laços consangüíneos e os laços espirituais, a fim de que tenhamos um juízo consciente e mais acurado dos problemas imanentes do relacionamento conjugal.
2. CONCEITO
Família conjunto de pessoas: pai, mãe e filhos.
Família consangüínea é uma reunião de almas em processo de evolução, reajuste, aperfeiçoamento ou santificação.
Família espiritual é uma constelação de inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus.
Há, pois duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual. (Equipe da FEB, 1995)
3. GENEALOGIA DA FAMÍLIA
clã totêmico é apontado pelos antropólogos e cientistas sociais como o primeiro dos núcleos familiares que se tem notícia. Baseado no fato religioso, o totem assume misticamente, e não por consangüinidade, a descendência familiar.
O clã primitivo, indiferenciado, passa a ser diferenciado na família patriarcal agnática greco-romana, em que a filiação pode ser puramente masculina.
A família patriarcal evolui para a família paternal ou germânica em que os cognatos adquiriram certos direitos. A mulher, por exemplo, obteve direitos de herança e a posse do seu dote.
família conjugal, mais próxima do tipo germânico que do romano, caracteriza a família atual. Na família patriarcal a comunidade subsiste, concentrada na pessoa do pai; a família é um todo onde as partes não têm individualidade própria. Na família conjugal, cada membro tem individualidade e esfera de ações próprias. A mulher os filhos podem ter bens. Os direitos paternos são limitados, e a lei prevê casos de perda do poder paterno.
4. A CONSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA CORPORAL
4.1. O NAMORO
O começo de uma constituição familiar está no namoro, ou naqueles primeiros contatos entre os novos cônjuges. É quando cada um só vê qualidades no parceiro ou na parceira. Pode-se falar da fase de encantamento em que dois seres descobrem reciprocamente motivos de atração.
O Espírito Emmanuel diz: “inteligências que traçaram entre si a realização de empresas afetivas ainda no Mundo Espiritual, criaturas que já partilharam experiências no campo sexual em estâncias passadas, corações que se acumpliciaram em delinqüência passional, noutras eras, ou almas inesperadamente harmonizadas na complementação magnética, diariamente compartilham as emoções de semelhantes encontros, em todos os lugares da Terra”. (Xavier, 1978, p.18)
4.2. O CASAMENTO
Depois do namoro, vem o casamento, o qual pertence à lei natural e é um progresso na marcha da Humanidade. O casamento implica o regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua. Esta união deve basear-se na responsabilidade recíproca, principalmente no que tangue as relações sexuais, pois quando as obrigações mútuas não são respeitadas, geram-se problemas cármicos de considerável extensão, pois ninguém fere ninguém sem ferir a si mesmo.
O Espírito Emmanuel diz que nos Planos Superiores “O liame entre dois seres é espontâneo, composto em vínculos de afinidade inelutável. Na Terra do futuro, as ligações afetivas obedecerão a idêntico princípio e, por antecipação, milhares de criaturas já desfrutam no próprio estádio da encarnação dessas uniões ideais, em que se jungem psiquicamente uma à outra, sem necessidade da permuta sexual, mais profundamente considerada, a fim de se apoiarem mutuamente, na formação de obras preciosas, na esfera do espírito”. (Xavier, 1978, p. 34)
4.3. OS FILHOS
Uma vez contraído o casamento, a imagem do filho toma vulto, tanto na cabeça do pai quanto da mãe e, talvez, mais precisamente na cabeça da mãe, pois é nela que a gestação se processará. Nesse mister, é curioso verificar a agrura de uma mãe, que tem todas as condições físicas e financeiras para dar a luz a um filho, e não consegue engravidar.
“Os laços do sangue não criam forçosamente os liames entre os Espíritos. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porquanto o Espírito já existia antes da formação do corpo. Não é o pai quem cria o Espírito de seu filho; ele mais não faz do que lhe fornecer o invólucro corpóreo, cumprindo-lhe, no entanto, auxiliar no desenvolvimento intelectual e moral do filho, para fazê-lo progredir”. (Kardec, 1984, p. 191, item 8)
4.4. OS DESAJUSTES CONJUGAIS
Um casamento promissor, não raro, adoece repentinamente. Conflitos, problemas financeiros, moléstias, desníveis culturais e falhas na formação de caráter e de temperamento contribuem para esses conflitos. A mulher espera encontrar no esposo o retrato psicológico do pai; o homem, os cuidados da genitora. Acontece que os dois têm que se adaptar à nova situação. Acrescentem-se ainda os apelos enviados pela mídia.
5. A FAMÍLIA ESPIRITUAL
5.1. SIMPATIA E ANTIPATIA ENTRE OS CÔNJUGES
Para que uma família consangüínea viva bem, em termos espirituais, é preciso que haja simpatia entre os seus membros, conseqüência de relacionamentos anteriores, e que se traduzem por afeição durante a vida terrestre. Pode ocorrer também que esses espíritos sejam completamente estranhos uns aos outros, reflexo de existências anteriores, que se traduzem em antagonismo.
Assim, “Os verdadeiros laços de família não são, pois, os da consangüinidade, mas os de simpatia e da comunhão de pensamentos que unem os Espíritos antes, durante e após a encarnação. De onde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes, podem ser mais irmãos pelo Espírito do que se o fossem pelo sangue; podem se atrair, se procurar, dar-se bem juntos, enquanto dois irmãos consangüíneos podem se repelir, como se vê todos os dias; problema moral que só o Espiritismo podia resolver pela pluralidade das existências”. (Kardec, 1984, p. 191)
5.2. A IMPORTÂNCIA DA REENCARNAÇÃO
A compreensão da vida familiar é muito auxiliada pelas cogitações acerca da reencarnação. Este princípio, elaborado pela doutrina espírita, remete-nos a uma vista de olhos sobre o passado. Meditando sobre ele vamos melhor entendendo porque estamos unidos a essa esposa (e não a outra), a esse filho (e não a outro)
Numa crise familiar, o Espírito Emmanuel alerta-nos para a convocação de médicos, psicólogos, amigos e conselheiros; entretanto, ao desenrolar de obstáculos e provas, ele diz: “O conhecimento da reencarnação exerce encargo de importância por trazer aos interessados novo campo de observações e reflexões, impelindo-os à tolerância, sem a qual a rearmonização acena sempre mais longe. Homem e mulher, usando a chave de semelhante entendimento, passam mecanicamente a reconhecer que é preciso desvincular e renovar sentimentos, mas em bases de compreensão e serenidade, amor e paz”. (Xavier, 1978, p. 54)
5.3. AMPLITUDE DA QUESTÃO
Refletindo sobre nossas provas e expiações, vamo-nos compenetrando da grandiosidade de Deus e do Universo. Como nada acontece por acaso, lucraríamos muito se fôssemos resignados em cada situação de desconforto. Em toda a ocasião há a possibilidade de transformar o desafeto em afeto, a ingratidão em gratidão, o desamor em amor e a incompreensão em compreensão.
6. ORIENTAÇÕES DOUTRINÁRIAS ESPÍRITAS
6.1. ACERCA DO DIVÓRCIO
O divórcio é uma lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, uma vez que o enlace não foi concretizado tendo em mente esta lei. Por isso, Jesus dizia que não deve o homem separar o que Deus juntou, ou seja, o que foi unido segundo a lei natural, este permanecerá até o fim.
Os instrutores espirituais alertam-nos que não existem uniões conjugais por acaso. Nesse sentido, convém dificultar ao máximo a prática do divórcio. Nem tudo o que é permitido pela lei humana é igualmente justo. Deveríamos instituí-lo somente em último caso, quando houvesse a possibilidade de um cônjuge assassinar o outro.
Diz o Espírito Emmanuel: “Óbvio que não nos é lícito estimular o divórcio em tempo algum, competindo-nos tão-somente, nesse sentido, reconfortar e reanimar os irmãos em lide, nos casamentos de provação, a fim de que se sobreponham às próprias suscetibilidades e aflições, vencendo as duras etapas de regenaração ou expiação que rogaram antes do renascimento no Plano Físico, em auxílio a si mesmos; ainda assim, é justo reconhecer que a escravidão não vem de Deus e ninguém possui o direito de torturar ninguém, à face das leis eternas”. (Xavier, 1978, p. 39)
6.2. AS SUGESTÕES DA MÍDIA
É curioso ver como os Meios de Comunicação Social sugerem a separação e o consumo excessivo de bens material. Para ter audiência e obter lucro, os canais de televisão exploram o rompimento do casamento, fazendo-o parecer banal e sem valor.
É preciso retornar à educação grega da antiguidade, que prescrevia sempre um esforço contra a comodidade. É muito mais cômodo em qualquer rusga, em qualquer discussão, largar tudo e procurar outro caminho. Mas como explicar que certas pessoas já se divorciaram mais de 2 vezes? O problema não está no outro ou na outra, mas em nós mesmos.
Os pressupostos espíritas não nos isentam da vida em sociedade. Convém, contudo, a exemplo de Paulo, ler de tudo, mas ficar somente com aquilo que de fato auxiliam o fortalecimento do nosso eu imortal.  
6.3. A MONOGAMIA
Na antiguidade prevalecia a poligamia – mais de uma mulher para um único homem e vice-versa. Na atualidade, vigora a monogamia, que é mais condizente com a lei natural, em que um homem deve unir-se a uma única mulher.
Pergunta 701 de O Livro dos Espíritos – Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, é a mais conforme a lei natural?
Resposta – A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo as vistas de Deus, deve fundar-se na afeição dos seres que se unem. Na poligamia não há verdadeira afeição: não há mais do que sensualidade.
Se a poligamia estivesse de acordo com a lei natural devia ser universal, o que, entretanto, seria materialmente impossível em virtude da igualdade numérica dos sexos.
7. CONCLUSÃO
Rendamo-nos à vontade de Deus. Se, depois de sopesada as circunstâncias que nos envolvem, optarmos por contrair matrimônio com tal pessoa, saibamos nos resignar e auxiliar ao máximo no convívio familiar, porque recusando uma cruz, com certeza, encontraremos outra mais pesada.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
XAVIER, F. C. Vida e Sexo, pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978.