Fanatismo
Religioso
As religiões, pelo seu caráter transcendental, foram, muito mais
que a política, as grandes formadoras de adeptos fanáticos. Isso se explica
porque a palavra fanatismo - do latim fanaticus -,
que vem de fanum = templo, lugar consagrado, significa aquele
que era o possuído pelo deus. Assim, fanatismo é a cega obediência a uma
idéia, servida com zelo obstinado, até exercer violência para obrigar outros a
segui-la e punir quem não está disposto a abraçá-la.
A conseqüência imediata do fanatismo religioso é o sectarismo,
que encarcera a liberdade de consciência, pretendendo uma liberdade dirigida na
espera do pensamento, que torna o homem escravo de postulados que lhe proíbem a
expansão da alma pela idéia e pela razão.
O fanático é a antítese do herói e do entusiasta.
Enquanto o herói e o entusiasta lutam por uma causa justa, o fanático
assume uma atitude de intolerância às idéias alheias. O herói e o entusiasta
podem até morrer pela causa que defendem, mas jamais o fazem para aumentar o
número de prosélitos. O fanático, contrariamente, não recusa meios violentos e
até cruéis para os conseguir.
Os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos,
em que os próprios homens se transformam em bombas, é digno de
lembrança. Pergunta-se: o que está por trás dessa resolução? Não é o fanatismo
religioso? Se um líder faz a nossa cabeça, dizendo-nos que praticando tal ato
nós seremos arrebatados ao céu, a sua ordem será imediatamente colocada em
prática.
E os Espíritas? Estão eles isentos do fanatismo?
Como o fanatismo está geralmente ligado ao dogmatismo, isto
é, à crença numa verdade ou num sistema de verdades que, uma vez aceitas, não
devem mais ser postas em discussão e rejeitam a discussão com outros, é
possível que o Espírita esteja sendo fanático, sem o perceber.
Allan Kardec, por exemplo, em O Livro dos Médiuns, fala-nos
dos médiuns que só querem receber um único Espírito, dos que não aceitam
críticas em suas mensagens e daqueles outros que só querem pensar pela
própria cabeça. Diz-nos ainda que essas são as causas da obsessão e da
fascinação: o começo de um monoideísmo, uma idéia fixa.
Urge tomarmos consciência de nossas ações. Quantas não são as vezes que
queremos impor as nossas idéias ao grupo que freqüentamos? Lembremo-nos do
provérbio que diz: "Todo o excesso é prejudicial". Procuremos sempre
o meio termo como nos aconselhava o filósofo Aristóteles, que colocava a
virtude no meio, ou seja, entre o excesso para mais e o excesso para menos. Não
a colocava como uma média, mas como o ponto de equilíbrio entre os
excessos.
(Org. por Sérgio Biagi Gregório)
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