FALANDO DE OBSESSÃO (10)
FALANDO DE OBSESSÃO (10)
(Alfredo Zavatte)
Não facilite o trabalho dos obsessores
Já há algum tempo, estamos falando sobre a obsessão. E continuaremos, até esgotar esse assunto, se é que conseguiremos, tendo em vista que as obsessões advém de nossos atos e pensamentos negativos e o homem, a cada dia, se esquecendo dos preceitos saudáveis, entrega-se a desvarios que o levam pelos caminhos incertos das influências negativas.
Além disso, sabemos ser necessário trazermos o tema à discussão, pois, muitos que nos lêem, são pessoas que estão dando os primeiros passos no tocante conhecimento da doutrina espírita. Não obstante a essas justificativas, a obsessão continua sendo um dos motivos que mais tem levado espíritas e não espíritas a buscar ajuda nos centros e instituições espíritas.
Kardec, por diversas vezes, abordou o tema em vários textos da Revista Espírita, nas obras “A Gênese”, “O Livro dos Médiuns” e “Obras Póstumas”, além de inúmeras outras obras escritas sob a lavra de Chico Xavier, por diversos espíritos. Mas é no capítulo 28, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que encontraremos um roteiro prático, que elucida como as obsessões devem ser tratadas. Nesse capítulo, o Codificador do Espiritismo nos adverte, inicialmente, que a cura das obsessões graves requer paciência e perseverança, para que essa tarefa tenha sucesso e, para tal, é necessário que nos encaminhemos para o bem, para não sofrermos com as influências dos Espíritos perversos,(muitas vezes)endurecidos e astutos.
Cabe aqui uma observação, onde muitas pessoas se enganam. Os espíritos obsessores nada sabem, não conhecem estratégias mentais ou outras tantas formas para influenciar negativamente suas vítimas. Estas vítimas estão interligadas, uma a outra, pelo passado delituoso e os obsessores as encontram pelas suas vibrações, pois mudamos pouco durante as nossas idas e vindas do mundo material para o espiritual e vice-versa.
Ensina Kardec que, “na obsessão grave, o obsediado fica envolto e impregnado de fluídos perniciosos que cumpre dispersar pela aplicação “de um fluído melhor”, ou seja, por processos magnéticos, através de passes, por exemplo.”
“Nem sempre, porém” — adverte Kardec —, “basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente (destaque do original) ao qual é preciso que se possua o direito de falar com autoridade, entretanto, carece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.”
E acrescenta:
“Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça o arrependimento, e que desponte nele, o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.” (1)
Ninguém poderia descrever melhor, em tão poucas palavras, o programa — síntese do processo de desobsessão: o obsessor não deve ser arrancado à força ou expulso. Ele precisa ser convencido a abandonar seus propósitos e levado ao arrependimento. Isto se faz buscando, com ele, um entendimento, um diálogo, pelo qual procuremos educá-lo moralmente, mas sem a arrogância do mestre petulante, e sim, com o coração aberto do companheiro que procura compreender as suas razões, o núcleo de sua problemática, o porquê da sua revolta, do seu ódio. Por mais violento e agressivo que seja, é, invariavelmente, um Espírito que sofre, ainda que não o reconheça. A argumentação que utilizarmos tem que ser convincente. Cabe ressaltar que a modificação do obsediado é a chave principal para conseguir um resultado positivo nisso tudo.
Seja qual for o caráter do Espírito causador da obsessão, nada se obterá pelo constrangimento ou pela ameaça, mas tão somente pelo ascendente moral daqueles que se dediquem à tarefa. É por isso que é completamente ineficaz a prática dos exorcismos ou o uso de fórmulas, amuletos, talismãs ou qualquer objeto a isso assemelhado.
É preciso que se atue sobre o ser inteligente que provoca a obsessão, ao qual importa se fale com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. O objetivo é convencer ou induzir o Espírito perverso a renunciar aos seus desígnios maus e fazer que nele despontem o arrependimento e o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, cujo objetivo é a sua educação moral.
Nas obsessões muito prolongadas, poderá ocasionar desordem patológica e, por isso, requer, geralmente, tratamento simultâneo ou consecutivo, por meio da medicina tradicional, com vistas a restabelecer a saúde da pessoa que sofre assédio obsessivo. Mesmo quando a causa esteja afastada, resta ainda combater os efeitos e a causa ao mesmo tempo.
É um cuidado especial estar tratando de uma pessoa que está em tratamento desobssesivo, ao primeiro sinal de bem estar, pararem com o uso dos medicamentos indicados pelos médicos, atitude esta que cabe ao orientador, informar que o Centro Espírita, trata do espírito e o médico cuida do corpo e da patologia, assim os medicamentos só devem ser suspensos por ordem do médico que o assiste. O individuo que sofre o processo, deve ser participativo no tratamento, ele deve fortificar sua alma, trabalhar seu aprimoramento moral, fazer a parte que lhe cabe, sem o qual será difícil obter o resultado desejado.
O Codificador afirma que a tarefa desobsessiva se apresenta mais fácil quando o obsediado, compreendendo sua situação, presta concurso de sua vontade e de suas preces, modificando-se moralmente, adotando nova conduta e buscando aprimorar-se espiritualmente, certo de que, no tocante aos processos obsessivos, o melhor remédio será sempre ele mesmo. Com lembrete àqueles que estão tendo contato com o tema pela primeira vez, lembramos:
OBSESSOR: aquele que exerce influência negativa sobre uma ou mais pessoas ou entidades, alternando, diminuindo ou desorganizando sua energia ou vibração. Os obsessores podem ser encarnados ou desencarnados.
OBSESSÃO: processo pelo qual um obsessor exerce sua ação obsessiva sobre uma ou mais pessoas ou entidades, alternando, diminuindo ou desorganizando sua energia ou vibração.
DO QUE SE ALIMENTA UM OBSESSOR? Alimenta-se, basicamente, de energias produzidas por sensações, ou, mais especificamente, emoções. São emoções viciantes, ou seja, que produzem dependência, necessidade, vontade de querer mais, cada vez mais.
Vamos, agora, abordar como nasce um obsessor.
Um obsessor nasce de carências, ilusões, medos, fascínios, vaidades, males praticados contra outrem, seja nesta ou noutra vida. São originados pela ignorância e pelo ego negativo. No momento em que alguém considerar que, para ser feliz, para sentir-se bem, para conquistar paz e saciedade, precisa buscar no outro, ou em meios externos esta sensação, então os processos obsessivos surgem. Esses ocorrentes erros humanos dão origem a comportamentos viciados, os quais necessitam se autoalimentar, para que continuem a produzir as sensações desejadas, porque emoções viciam! A emoção é uma forma de energia produzida pelo ego, portanto, precisa ser dominada pelo Eu superior, caso contrário, ela domina o seu criador.
A consequência deste processo obsessivo começa quando um vício emocional surge, quando os medos tomam conta do ser, quando o desejo de controlar o outro aparece. Há uma pergunta: por quê alimentamos obsessões, se elas causam tão mal?
As respostas para essa questão seriam:
-Porque não combatemos os nossos hábitos nocivos;
-Porque somos manipulados por nossas emoções;
-Porque não lutamos para controlá-los e desistimos fácil, então nos entregamos para senti-los profundamente, nas situações mais simples da vida;
-Porque duvidamos da nossa força e do nosso Eu superior;
-Porque nos consideramos mais ou menos, que os outros, e esquecemos que somos todos filhos do mesmo Pai, portanto, irmãos em essência;
-Porque nos separamos da Fonte Maior, nos consideramos separados do Todo e assim nos iludimos criando o egoísmo.
Concluímos, com essas colocações, que na vida cotidiana, vivemos uma constante batalha por energia. Como não aprendemos a conquistar essa energia por meio da conexão com Deus, então acabamos buscando esse suprimento de forma equivocada, mergulhando nas emoções. E, assim, nos tornamos apegados e dependentes.
Dependentes de precisarmos sentir a sensação de sermos mais belos, mais poderosos, mais ricos, mais magros, mais fortes, mais importantes, mais encantadores. Ou, os possuidores dos melhores carros, das melhores roupas, dos melhores aparelhos eletrônicos, para que, assim, possamos nos sentir amados e, com isso, nos aceitar mais.
Dependemos de um estilo de vida estruturado de acordo com os padrões aprovados pela sociedade. Dependemos também do emprego de “sucesso”, sem refletirmos o que é verdadeiramente sucesso.
Somos dependentes, não somos livres.
Somos apegados, não estamos no caminho mais fácil.
Somos obsediados, alimentamos a obsessão com nossos equívocos cometidos no dia a dia.
Não aprendemos a dominar as emoções, sejam elas de qualquer natureza.
Não dominamos emoções densas.
Adoecemos.
Comemos mesmo quando não temos fome.
Deixamos a apatia tomar conta de nós com facilidade.
Ficamos hiperativos.
Não somos comedidos com o ato de dormir, ou dormimos demais ou temos insônias.
Somos escravos do trabalho.
Tornamo-nos intolerantes, irritados.
Permitimo-nos ser negligentes e impotentes para mudar a nós mesmos e o desejo frequente é o desejo de mudar os outros, nos considerando o modelo perfeito.
Isso tudo, gera ansiedade, angústia, orgulho.
O orgulho, esse nosso maior desafio a combater, faz o umbral nascer, seja no físico ou no espiritual e nossos erros se alimentam nesse umbral, o nosso orgulho piora o mundo.
Se a Emoção o domina, descubra, equilibre-se, cure-se.
Somente desta forma encontraremos a verdadeira felicidade e liberdade de espírito, que nos fará homens verdadeiros sem máscaras e nódoas, cujos efeitos serão perniciosos.
Busque os sentimentos nobres da alma, construindo dentro de si próprio, de dentro para fora.
Só assim conseguiremos superar os miasmas que nos agrilhoam e nos fazem vibrar de forma tão intensa, tornando-nos possíveis obsediados.
Paz ao seu Espírito.
Bibliografia
1- KARDEC,Allan-O Livro dos Médiuns- Capítulo XII . Editora FEB- ano 1981- 43ª Edição.